Adarim

"A Verdade"

~Gaivus

Ao final de intervalo, eu Kev voltamos para classe. No recinto percebo que muitos alunos estavam meio tensos, provavelmente por conta do ocorrido.

Decido marcar um encontro no horário da saída, escrevo cinco bilhetes em um pequeno pedaço de papel rasgado e os divido entre os cinco participantes dessa confusão: Jully, Kelly, Giulia, Oliver, Kev.

"Me encontre no horário da saída na sala de música".

Colocar todos cara-a-cara não deve ser uma das minhas melhores ideias, mas defendo a visão de que a verdade deve ser dita por quem a revelará corretamente.

Distribuo os papéis com facilidade, afinal, nós não nos sentamos muito longe e o professor tardou a chegar.

~Kelly

Estava tão distraída em meus pensamentos que mal percebi que Gaivus colocou um pedaço de papel em minha carteira, mas ao lê-lo, me preocupo em pouco, não sei se teria coragem de olhar no rosto do Kev depois de que aconteceu, mas se ir significar uma chance para eu me explicar, então eu com certeza irei.

~Jully

Estava adiantando alguns exercícios ao ser interrompido por Gaivus, ele não diz nada, apenas coloca um pedaço de papel em minha carteira, o leio e penso no motivo daquilo, obviamente não sou cega e vi Gaivus distribuindo estes papéis para as pessoas envolvidas na situação complicada por qual passávamos. Apesar de não ver o propósito desse encontro, decido ir, afinal, devo apoiar Oliver.

~Giulia

Gaivus me entrega um pedaço de papel, percebo que ele já havia entregado para outras pessoas e, ao ler o conteúdo, percebo do que se trata. Eu com certeza irei nessa "reunião", preciso ouvir isso diretamente do Oliver.

~Kev

Parece que Gaivus cansou de ver a realidade ser distorcida, ele está entregando papéis para diversas pessoas da classe, mas, pelo visto, de uma forma não aleatória, o que será que ele está tramando agora? Espere, ele está vindo em minha direção, ele também me entrega um papel. Leio, fico surpreso ao saber do que se trata. Eu já recebi todas as explicações que precisava sobre o Oliver, mas Kelly ainda não veio falar comigo, então com certeza os encontrarei na saída.

~Oliver

Parece que Gaivus finalmente está fazendo algo útil na sua vida, ele chama todas as pessoas que eu possa ter ferido e planeja as reunir, para uma explicação coletiva, eu concordo com essa atitude e me sinto na obrigação de me redimir com quem feri.

~Natalie

Parece que Gaivus está chamando seus amiguinhos para uma "reuniãozinha". Não parece que seu grupinho está alegre em encontrar os outros, faço questão de saber o que se passa.

Primeiramente, devo descobrir onde e quando eles se encontrarão, então espero o horário do último intervalo e observo onde estão os papéis distribuídos por Gaivus, a maioria os jogou no lixo, mas Kev deixara o seu sobre sua carteira, me aproximo para pegá-lo, mas sou surpreendida por Danielle.

— Perdeu algo Natalia? — Ela quase grita.

— É Natalie e não, não perdi — Respondo falando baixo, tentando sinalizar que ela também deve fazê-lo.

— Então por que a senhorita está mexendo no material do meu amigo? — Ela entende e fala ligeiramente mais baixo.

— Algo de seu interesse — Tento convencê-la — Gaivus e sua turminha está com certas... dificuldades de relacionamento. Preciso de sua ajuda para descobrir o que é e resolver.

— O que? O meu Gaivinho? — Ela se torna dramática — Farei de tudo para ajudá-lo, me diga o que fazer, por favor.

— Claro Dani — Pareço falsa, mas ela não nota — Eles se encontraram no horário da saída na sala de música — Começo a explicar lendo o pedaço de papel — Tudo que precisamos fazer é deixar nossos celulares gravando naquela sala.

—Genial! — Ela se exalta novamente — Vamos agora! — Ela me segura pelo braço e me puxa até a sala de música, escondo meu celular e, com o mesmo, ligo para Daniele, pronto! Agora poderemos ouvir toda a conversa.

Depois das últimas duas aulas, eu e Danielle começamos a escutar a ligação:

// Linha de voz, celular de Danielle \\

Gaivus: Bom, podemos começar? — Danielle gesticula com a boca, indicando que era voz de Gaivus.

Giulia: Já estava na hora — Identifico sua voz.

Oliver: Vou explicar a situação; primeiramente, acho que todos já sabem, mas eu acho que sou Gay.

Kev: Acha? — Ouço uma voz masculina que, por eliminação, deve ser a de Kev

Jully: É exatamente aí que o problema começa.

Giulia: Isso eu já sei, ele tentou ter experiências, ainda não entendi sua inocência.

Jully: Eu que dei essa sugestão para ele, eu concordo que foi uma péssima sugestão, pensei muito racionalmente.

Kev: Mas aposto que o fato de ser Kelly foi culpa dele.

Kelly: Isso foi culpa minha, desculpa Keven, nós não estávamos namorando então eu pensei que eu poderia ajudá-lo.

Kev: E você acha que, depois disso, algum dia iremos namorar?

A sala se silencia, ouve-se barulhos de passos e da porta se fechando.

Giulia: E-Eu vou atrás dela.

Jully: Irei com você.

Mais passos, a porta se fecha outra vez.

Kev: Eu não sei por que ainda estou aqui. Sou trocado por um viadinho e depois você me diz que o que fizemos foi sem sentimentos.

Os passos se tornam pesados e, dessa vez, a porta e fechada com brutalidade.

Oliver: Eu que causei tudo isso...

Gaivus: Não foi sua culpa, o Keven que está criando expectativas de mais para tudo.

Oliver: Mas eu fiz tudo isso para nada, eu continuo sem saber.

Gaivus: Você quer descobrir?

Oliver: Não quero que você também se machuque.

Gaivus: Eu não quero te beijar apenas para ser um teste, eu QUERO te beijar.

Oliver: O que? Como assi...

A voz de Oliver some por algum motivo, não por que a ligação caiu ou algo do gênero, ele simplesmente parou de falar.