"Notícias"

21 0 0
                                    


~Kelly

Eu e Danielle saímos apressadamente do beco e partimos em busca de Jully e Giulia. No meio do caminho, pondero se realmente devemos contar a elas, consulto Danielle:

—Ei Dani, espera —Paro de correr e puxo o braço da garota —Eu acho que não devemos contar a Giulia.

—Ia dizer a mesma coisa —Ela me surpreende com sua expressão séria, quase não a reconheci —A Giulia está envolvida nisso, certeza, e de qualquer forma, Oliver precisa de um "motivo" para terminar —Sou surpreendida mais uma vez pela mente reservada de Danielle.

—Então vamos atrás de Jully, mas melhor não tocarmos no assunto tão cedo, podemos afoba-la e fazer com que ela aja de uma forma desnecessária —Concluo sorrindo, buscando a aprovação de minha parceira, sou correspondida.

Começamos a andar em direção a sala de artes, em busca de Jully, mas enquanto passávamos pela sala do diretor, ouvimos sua voz. Nos aproximamos, e ficamos observando através de uma pequena janela, ao lado da porta:

—Já que não pode fazer nada em relação as gangues, a menos que as pegue em flagrante, vamos falar sobre o esporte na escol-... —Ela se vira para nós —Um momento, deixe-me chama-las.

July caminha até a porta, a abre e murmura conosco:

—Preciso que entrem comigo e digam que compartilhamos da mesma ideia, tudo bem? —Ela toma cuidado para não ser ouvida pelo diretor.

—Certo —Danielle e eu respondemos, cochichando, em uníssono.

Nós três entramos na sala, Jully estava mais a frente:

—Eu pedi que elas viessem aqui, pois montamos juntas esse proj-... essa sugestão —A gorota conversa com o diretor, depois olha em nossa direção.

—Sim, montamos juntos o projeto, desculpe-nos por não ter vindo antes e por não falar muito, somos um pouco tímidas —Danielle se dirige ao diretor, falando baixo, para subentender uma timidez.

—Não se preocupem com isso, a presença de vocês duas já é o suficiente para demonstrar interesse —O diretor sorri para nós —Agora, por favor continue, Jully.

—Eu ia sugerir um campeonato local ao invés de um municipal, assim mais alunos poderão participar —Jully começa um assunto delicado.

—Nossa escola seria cada vez menos reconhecida se não participássemos dos campeonatos municipais ou estaduais —O homem replica.

—E se fizéssemos um campeonato local que servisse como classificação para o municipal? —Ideias não param de sair da cabeça de minha engenhosa amiga.

—Essa ideia é muito interessante, mas requer muita organização para me encarregar, tenho muito trabalho —Sr. Perrone começa a olhar seu computador, indicando que a conversa acabou.

—E se eu me encarregasse? —Jully nos surpreende —Eu poderia ser a responsável por organizar os projetos de esporte da escola.

O diretor feche seu computador:

—Hmmm, tudo bem —Ele se mantém sério —A partir de agora você deverá frequentar a antiga gráfica, lá encontrará alguns estudantes.

—O que tem lá? —Eu pergunto.

—Os integrantes do grêmio estudantil —O diretor responde com um olhar de desdém, essa resposta era para ser óbvia?

—A escola tem um Grêmio?

~Giulia

Quando nossos lábios se desencostam, Oliver se senta ao meu lado, ele sorriu, estava prestes a me dizer algo quando seu celular toca, ele apenas ouve a chamada, sem responder, sua face começa a ficar cada vez mais séria. Quando ele desliga, ele se levanta e olha para mim:

—Mentirosa! Você só está aqui para seguir um plano do Kev! —Ele grita de uma forma que nunca tivera ouvido.

—Não, espera, eu p-posso explicar, é que eu... —Tento me defender, mas ele me interrompe.

—Boa sorte Giulia, agora está sozinha e seu amigo está retido por uma gangue —Sua voz fica plena novamente —Até.

Oliver desce a arquibancada, sem olhar para atrás, eu não o sigo, mas meus olhos começam a lacrimejar.

Eu me recuso a ser fraca novamente e enxugo com dificuldade meus olhos e saio da arquibancada, vou até o pátio e me sento em um dos bancos. Quando retomo minha atenção à realidade, percebo que minha amiga Jasminy se aproxima:

—Ei, Giulia, trago notícias —Ela se senta ao meu lado, não percebendo a vermelhidão em meus olhos.

­—Oi Jas, não me deixe ansiosa —Afasto minha tristeza e retribuo o seu sorriso.

—Você conhece o Santiaghu Heriko? —Ela parece animada.

—O líder do Bondinho? Ai, meu Deus, o que ele fez a você? —Me preocupo ao ouvir seu nome.

—O que ele fez a mim? Bem, uma proposta —Ela procura um entendimento em meus olhos.

—Espera, o que? —Tento fingir uma malícia no olhar

—Ele me quer como 1ª Dama

~Keven

Depois de me levarem no almoxarifado, eles me trancaram em uma sala, onde não havia nada além de um armário com fogos de artifício, canivetes e celulares velhos, me pergunto o que essas coisas fazem aqui. Volta e meia eu ouvia vozes balbuciando algo em espanhol, de uma tal forma que era impossível de se compreender sequer uma palavra.

Depois de um tempo, uma garota morena com cabelo cacheados entrou na minha sala:

—Me ouça praga! —Ela me empurra para trás —Seus amigos estão vindo, vamos dizer a eles que iremos te soltar sem pedir nada, mas queremos que você faça um trabalho para nós

—Qualquer coisa, apenas me deixem em paz —Falho ao tentar não me desesperar.

—Você vai estrar na diretoria, quando ninguém estiver lá, e vai roubar a cópia da chave da sala de descanso da cozinha —Ela fala baixo, para não ser ouvida por demais pessoas.

—A chave da sala do Bondinho? —Me preocupo com o que isso pode causar.

—Exato! E você não vai contar a ninguém que te demos esse trabalho, caso contrário você está fudido! —Ela termina de falar e se retira, trancando brutalmente a porta do recinto.

Ouço passos se aproximando da porta e, ao invés de abri-la, o indivíduo apaga a luz da sala onde me encontro. Escuto vozes, reconheço a voz de Gaivus, mas não consigo compreender sobre o que estão falando.

Fico um bom tempo no escuro, após um certo período,  a luz se acende, a porta se abre e me puxam para fora da sala. Quando olho para trás, vejo que colocaram outra pessoa em meu lugar, forço os olhos para me acostumar com a claridade e identifico o indivíduo: Gaivus.

AdarimOnde histórias criam vida. Descubra agora