Eu não queria nos desviar do assunto principal e ainda tinha algumas dúvidas me assolando, então resolvi perguntar:
— Então você não gostava dos seus pais adotivos?
— Achei que esse ponto ficou claro quando eu abandonei aquela casa e nunca mais olhara para trás.
Assenti.
— E você também não concorda com como eles te tratavam. É contra atos ilegais.
Acho que ele percebeu a minha intenção, porque sorriu e disse:
— Sim, não sou a favor de ilegalidade e crimes. Por que, docinho? Onde quer chegar com essas perguntas? – ele disse, abrindo um sorrisinho. – Vamos lá, faça logo a pergunta que você quer.
Criando coragem, eu murmurei:
— Então por que me sequestrou?
— Desculpe, querida, mas não escutei o que você disse.
— Então por que me sequestrou? – eu disse com a voz mais alta, mas ainda sem conseguir olhá-lo nos olhos.
— As vezes, pessoas boas fazem coisas ruins.
— O que você quer dizer com isso? – minha raiva subiu – Pessoas boas fazem coisas ruins?! Você não fez só uma coisa ruim. Você não é uma pessoa boa. Você me sequestrou. Você me estuprou! Violentou-me de todas as formas possíveis. Você humilhou-me. Corrija-me se eu estiver equivocada, mas pessoas boas não fazem o que você fez comigo.
Ele levantou-se, também irritado, e gritou comigo:
— Você não sabe o que diz. Eu sou bom. Eu tentei ser bom pra você. Você não quis minha bondade. Você pisoteou meus sentimentos e traiu-me da pior forma possível. Agora vocês vão pagar por tudo o que me fizeram passar.
O que?
— Mas do que você está falando? Eu nunca fiz nada a você. Você é quem vem fazendo coisas comigo contra a minha vontade.
Ele olhou para mim furioso, deu dois passos para trás, virou-se e socou a parede, repetidas vezes.
Em choque, só consegui ficar olhando para ele.
Mas o que diabos está acontecendo com ele?
De repente ele para, encosta a cabeça na parede, fecha os olhos e respira fundo. Ficou assim durante alguns segundos, quando repentinamente sua postura muda totalmente.
Ele afasta-se da parede, conserta a postura, abre os olhos e me olha.
Há decisão em seus olhos.
Vem andando em passos lentos e decididos em minha direção, e começo a recuar até que minhas costas encostam na parede – não tem mais para onde eu possa fugir.
— Então eu é quem venho fazendo coisas com você? – ele deu um passo avante – Contra a sua vontade? – mais um passo – Lembro-me bem de que nos primeiros dias você lutava contra mim. – continua avançando – Engraçado, não ouço mais reclamações de você. – outro passo – Será que, além de forçá-la a fazer o que eu quero, também forço aqueles gemidinhos de cadela que você me dá? – com mais esse passo, cola seu corpo ao meu.
Minha respiração já está ofegante quando ele encosta em mim.
Acariciando meu rosto, ele aproxima sua boca do meu ouvido e sussurra:
— E então, docinho, também tenho o poder de prender sua respiração?
Só percebi que estava com a respiração presa quando ele disse isso. Xigando-me mentalmente, solto a respiração presa e, inutilmente, empurro seus ombros tentando afastá-lo.
— Hum... essas mãos no meu ombro são realmente para me afastar ou para me puxar para mais perto de você?
E, como reflexo, minhas mãos o puxam para perto de mim.
— Isso, docinho, é assim que eu gosto.
E, com isso, ele cola sua boca na minha.
Esse beijo é diferente de todos os outros: tem exigência, desespero e hostilidade.
Coloca a mão nas minhas coxas e levanta-me, fazendo com que eu prenda minhas pernas ao redor de sua cintura.
Mas o que está acontecendo aqui? Eu estou retribuindo o beijo dele?
Por que, em nome de Deus, estou fazendo isso?
Empurrando ele com força, consigo fazer com que ele me solte e me coloque de volta no chão.
— O que você pensa que está fazendo?
Me dando a visão daquele maldito sorriso torto, ele diz:
— Só provando um ponto, querida. Só provando um ponto.
Dito isto, ele me dá as costas e sai do quarto, fechando a porta atrás de si.
Merda.
O que acabou de acontecer aqui?
O pior de tudo é que, sim, eu sei o que ele quis dizer.
Mas nem sobre decreto eu admitirei isso para mim, muito menos para ele.
Isso que acabou de acontecer – e esses sentimentos e pensamentos conflituosos que estão me confundindo – é apenas a solidão tomando conta dos meus atos.
Ele é meu sequestrador e eu tenho uma vida lá fora.
Quando alguém me encontrar e me resgatar, eu deixarei tudo isso para trás.
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Bem me quer, mal me quer.
General FictionKatherine Thompson: - 23 anos; - Filha amada; - Namorada dedicada; - Amiga querida; - Estudante exemplar; - Sequestrada.