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— Eu sei quem o desgraçado é.

Depois dessa afirmação, um silêncio sepulcral reinou na extensa sala dos Thompsons.

Inicialmente, ninguém conseguiu pronunciar palavra alguma.

Porém, quando o silêncio findou, não se sabe ao certo quem o quebrou.

Todas as vozes se misturaram e as expressões faciais se divergiam.

A única voz que não se ouvia era a do detetive Clark. Mas não se engane: enquanto por fora ele estava em completo silêncio, por dentro seus pensamentos funcionavam a todo vapor.

"William seria amigo do sequestrador?"

"William seria inimigo do sequestrador?"

"O sequestrador era algum ex-namorado de Kath?"

"O sequestrador poderia ser alguém que teve um desentendimento com Kath?"

As possibilidades agora eram infinitas.

Lembrando-se de que ele é o profissional na situação e que deveria tomar alguma atitude sobre a nova informação, Clark finalmente consegue redirecionar seus pensamentos.

Porém, primeiramente, precisaria tirar Will dali e levá-lo para seu escritório – ou algum lugar  em que ambos teriam privacidade.

— William, você poderia, por favor, me acompanhar até meu escritório?

— Para onde nós vamos, detetive? – pergunta Robert.

— Desculpe-me, senhor Thomspon, mas apenas William irá me acompanhar. Preciso que ele esteja totalmente concentrado em nossa conversa e que não sejamos interrompidos.

— Como assim? Não posso saber sobre o desgraçado que levou minha filha? – Robert grita.

— Mantenha a calma, senhor Thompson, não é necessário que se exalte. Tanto quanto o senhor, também quero colocar esse homem atrás das grades. Mas, para que isso aconteça, preciso estar a par de absolutamente tudo. Juntar todas as peças que estavam faltando. E somente conseguirei isso estando com o senhor William em um ambiente tranquilo e livre das interrupções que, certamente, aconteceriam se continuássemos aqui.

— Está bem. – murmura Robert, dando-se por vencido, porém ainda insatisfeito com o modo que o detetive estava lidando com a situação, excluindo-o do assunto.

— Ótimo. Quando a minha conversa com o senhor William terminar, eu ligarei para os senhores irem até meu escritório para decidirmos qual a melhor forma de agirmos. Antemão, peço que vocês não comentem com absolutamente ninguém o que descobrimos esta tarde. É de extrema importância que essa nova informação não de propague. Ainda não sabemos ao certo quem é o sequestrador e se ele age, ou não, com um cúmplice.

Após todos concordarem com suas ordens, Clark e William saem da casa dos Thompsons.

Quando entram no carro do detetive, Clark pergunta a Will se ao invés de irem ao seu escritório ele preferiria um lugar mais tranquilo e menos formal.

— Eu gostaria de ir a minha empresa, se o senhor não se incomodar.

— A sua empresa, em um domingo à tarde? Tem certeza que seu ambiente de trabalho é o melhor local para termos essa conversa?

— Certeza absoluta, senhor Clark. Lá o senhor entenderá a minha escolha. – Will diz, muito enigmático e com um ar sombrio, dando ao seu belo rosto um ar um tanto quanto assustador.

Franzindo o cenho, o detetive limita-se a apenas assentir.

O caminho até a Dalton's Advertising fora feito em completo silêncio; os dois homens presos em seus próprios pensamentos.

Enquanto Clark pensava sobre porque o homem que havia levado Kath jamais fora mencionado antes e qual a relação do sequestrador com Kath e William, Will tentava entender o motivo pelo qual aquele ser repugnante teria levado sua Kath.

Teria sido por vingança?

Porém, a única certeza que Will tinha era de que aquele desgraçado iria pagar pelo o que fez. E, se dependesse de William, ele pagaria com a própria vida.

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Após estacionar em frente ao edifício grande, luxuoso e imponente, Clark entrega as chaves de seu humilde Cadillac Catera 1997 ao manobrista, sentindo-se um pouco intimidado com a imponência daquele lugar.

Ao passarem pelo porteiro, que já havia aberto a porta para os dois, foram recepcionados com um polido e educado "Boa tarde, senhor Dalton".

William limita-se a um aceno de cabeça, enquanto Clark remexe-se desconfortável com tanta cordialidade e formalidade.

Porém, o detetive não deixa de notar como a postura de Will mudou completa e momentaneamente em seu ambiente de trabalho; ele deixou de ser aquele jovem angustiado e aflito que fora durante todas aquelas semanas em que esteve na casa dos Thompsons a procura de qualquer novidade no desaparecimento de sua namorada, e tornou-se alguém completamente profissional, inalcançável e até mesmo frio.

Entretanto, esse comportamento não causou estranheza ao detetive; muito pelo contrário. Clark admirou-se e orgulhou-se ao perceber que William não trazia seus problemas pessoais para o trabalho; Will adquiriu uma postura inegavelmente profissional e impenetrável em seu ambiente de trabalho. Aos olhos do detetive, essa atitude mostrava o quanto seu trabalho era importante para Will.

Chegando ao elevador, o CEO daquela grandiosa empresa apertou o botão do último andar do edifício, que era onde ficava sua sala.

Quando as portas do elevador se abriram, Clark ficou de frente a um andar magnífico e muito impressionante, com paredes adornadas por quadros grandes e feitos por, imaginada o detetive, pintores muito famosos, talentosos e caros, uma mesa grandiosa e feita de mogno e  envernizada, alguns jarros de plantas espalhadas por pontos estratégicos por todo o andar, provavelmente para dar ao ambiente um ar mais acolhedor, e janelas que iam do chão ao teto.

Depois de um primeiro olhar admirado pelo lugar, Clark percebeu que, centralizada no andar, ficava uma sala em formato de quadrado que era adornado por paredes de um tipo de vidro espelhado, onde sua imagem era refletida, o tornava ser possível ver o que estava no interior daquela sala.

Imponência. Essa era a única palavra que vinha a mente de Clark.

Saindo do seu torpor provocado pela magnitude que seus humildades e despreparados olhos viam, o detetive tentar voltar ao seu profissionalismo e pergunta a William se ele já está pronto para lhe contar tudo o que sabe sobre o sequestrador de Kath.

— Está vendo essa mesa bem atrás de você? – diz Will.

Olhando para trás, Clark observa a mesa grandiosa que tinha acabado de ver e, não entendendo onde Will queria chegar com aquilo, apenas assente com a cabeça.

— Meu secretário estagiário trabalha nela.

Ainda não compreendendo nada, Clark limita-se a apenas fitá-lo.

— Anthony Johnson é o nome dele. Do meu estagiário.

— Por que eu deveria saber essas coisas, William?

Dando as costas ao detetive, Will entra na "sala quadrado".

Curioso, Clark o segue para descobrir o por que de William estar lhe contando sobre seu funcionário. Ao entrar na sala, o detetive vê Will abrir um armário e procurar algo em meio a muitos arquivos que ali ficavam guardados.

Encostando-se na parede, Clark aguarda William achar o que procura.

Passando-se alguns minutos, Will parece finalmente ter encontrado o que procurava.

Tirando uma ficha de dentro de um arquivo, o CEO entrega ao detive a folha.

— Este, detetive Clark, é Anthony Johnson, meu secretário estagiário e o sequestrador de Katherine Thompson.

  

Bem me quer, mal me quer.Onde histórias criam vida. Descubra agora