Estaciono o carro logo atrás de Bárbara.
Estamos em frente a um prédio antigo e, arrisco dizer, desabitado – na verdade, esse edifício está em ruinas.
Desço do carro, um pouco incerta.
Essa é a segunda vez no mesmo dia em que a doutora Taylor me traz para um lugar de segurança duvidosa – e ainda não é nem meio dia!
Mas não tenho escolha a não ser confiar nela.
Preciso confiar nela.
Minha cabeça ainda está tentando processar tudo o que conversamos na cafeteria.
Uma parte de mim ainda está um pouco duvidosa quanto a veracidade de tudo o que foi dito por Bárbara.
Não é possível que Anthony tenha me enganado o tempo todo.
Não posso ser tão ingênua assim.
E quanto ao Will? Todas as coisas que ele tinha feito e planejado para termos um futuro juntos...
Seria tudo verdade?
Pelas Barbas de Merlin, estou ficando tonta.
Apoio-me na lateral do carro e coloco minhas mãos nos meus joelhos, tentando acalmar minha respiração e meus batimentos cardíacos – vou acabar tendo um infarto se não me acalmar.
Minhas mãos estão tremendo, minhas pernas estão bambas, minha visão está escurecendo.
A última coisa que vejo são os pés da doutora na minha frente e então tudo fica escuro.
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Acordo sentindo mãos dando leves tapinhas em meu rosto.
Abro os olhos, e vejo o rosto conhecido de Bárbara e o rosto de um homem desconhecido.
Ele é negro, por volta dos 50 anos, barba grisalha, assim como seus cabelos, e usa um óculos de grau.
Apoio-me nos braços e me sento.
Ao fazer isso, percebo que estava deitada no chão.
Que diabos...?
— Você desmaiou, Kath. – ouço a voz da doutora Taylor dizer – É uma reação natural, depois de ser exposta a tanta informação. Na verdade, eu esperava que você desmaiasse lá na cafeteria. Você se saiu muito bem, resistiu bastante. Estou orgulhosa de você. – ela concluiu, com um sorriso.
Eu deveria me mostrar satisfeita?
O homem me estende a mão para me ajudar a levantar do chão.
— Kath, este é Daniel. Dan, esta é Katherine, aquela minha paciente que comentei com você.
— Espere aí, doutora. Achei que nossas conversas eram confidenciais. – ralhei para ela.
— E são confidenciais, querida. Não se preocupe, não disse nada a ele que você mesma não irá contar.
— Como ass...
— Vamos, querida, já estamos atrasadas. – Bárbara me interrompe.
— Atrasadas para o que?
Ela ignora minha pergunta.
Apenas segue o tal do Daniel-Sem-Sobrenome e sou obrigada a me arrastar atrás deles.
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Bem me quer, mal me quer.
Ficção GeralKatherine Thompson: - 23 anos; - Filha amada; - Namorada dedicada; - Amiga querida; - Estudante exemplar; - Sequestrada.