Capítulo XI

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Os últimos dias estão sendo os melhores dias da minha vida.

Depois que a verdade sobre as traições de William vieram a tona, finalmente pude curtir meu amado sequestrador livremente, sem restrições ou peso na consciência.

Eu fui uma completa idiota; fiquei anos ao lado daquele traidor. Não havia motivos para o que ele fez. Eu fui uma namorada maravilhosa: atenciosa, dedicada, presente, amável, compreensiva e fiel.

Fiz dele o meu mundo. Ele era o Sol e eu era a Terra: apenas rodando ao redor dele.

Ele era o motivo dos meus sorrisos diários, a razão da minha felicidade. Por muitas vezes deixei de sair com meus amigos, preferindo ficar em casa com ele, enquanto o mesmo estava com uma daquelas crises horríveis de enxaqueca.

Quantas vezes atrasei a entrega de um trabalho importante na faculdade, quantas vezes cheguei atrasada no trabalho, porque estava lhe dando apoio quando sua empresa não conseguia fechar um contrato de extrema importância?

Eu me doei completa e totalmente ao nosso relacionamento. E o que recebi em troca? Um belo de um par de chifres.

Aquele canalha estava me traindo. Traindo-me com Maze. Traindo-me com a minha melhor amiga. Ex-melhor amiga.

Eles dois, juntos, me apunhalaram pelas costas. Cravaram uma estaca tão grande e tão profundamente em minhas costas que, mesmo após terem se passado dias desde que a verdade recaiu sobre mim, ainda sinto o sangue escorrer nas minhas costas.

Sinto-me suja, indigna, humilhada, enganada e envergonhada.

Quantas vezes aqueles dois devem ter rido juntos de mim?

Quantas piadinhas internas e maldosas não devem existir entre os dois?

Nojo: é isso o que eu sinto de ambos.

Como tiveram coragem de trair tanto a minha confiança? E, o mais importante, quando tudo isso começou?

Como pude ser tão estúpida e não enxergar a verdade que estava ali, bem debaixo do meu nariz?

Sinto-me tão ridícula!

Só depois que sinto uma lágrima cair em meu braço é que percebo que estou chorando novamente.

Droga! 

Aqueles dois não merecem que eu derrame sequer uma lágrima por eles. Mas, para mim, é impossível não chorar todas as vezes que começo a pensar nisso.

Ainda me sinto suja, como se a traidora fosse eu e não eles.

Às vezes eu penso que a culpa disso tudo é minha.

Perguntas como "o que eu poderia ter feito diferente?", "o que ela tem, que eu não tenho?", "o sexo não era bom?" ou "não fui boa o suficiente?" volta e meia me vem à cabeça, mas sempre tento afastar esses pensamentos que tendem a somente diminuir minhas autoestima.

Se há uma coisa que eu aprendi com minha mãe é: a vítima nunca é a culpada.

Mas não consigo afastar de minha memorias todas aquelas ocasiões em que eu os flagrava tendo conversas sussurradas, com risinhos e olhares mutuamente afetuosos.

Estariam eles marcando encontros? Relembrando dos momentos em que estavam juntos? Ou rindo da minha figura patética?

Involuntariamente, solto um grito alto, movido a ódio, rancor e humilhação.

E, nesse meu momento de fraqueza e de auto depreciação, meu lindo, amado e maravilhoso sequestrador adentra meu pequeno quarto.

Com seu característico sorrisinho de lado, ele diz:

— Posso saber o motivo dessa gritaria toda?

— Não é nada, não precisa se preocupar. – abaixo a cabeça, envergonhada pelo meu momento de fraqueza e amedrontada de que ele possa acabar se chateando por eu ficar pensando no Will.

— Não é nada? – com dois dedos em meu queixo, ele impulsiona minha cabeça para cima, para que eu olhe dentro dos olhos dele – Vamos, minha doce menininha, o que tanto lhe aflige? E não adianta dizer que não é nada, pois nós dois sabemos que algo está perturbando essa sua linda cabecinha.

— Eu só estava pensando quando o Will... — começo, com a voz fraca, mas logo sou interrompida por ele.

— Por que diabos você está pensando nesse inútil? Pensei que já havia deixado bem claro que não quero que você fique lembrando dele. Estamos juntos agora. Você é minha, não dele. Você jamais será dele novamente.

— Eu sei, querido. Eu sei. Mas não consigo controlar meus pensamentos; eles são involuntários. Fico pensando se eu errei em algum momento.

— É sério que você está tentado se culpar pela falta de caráter dele?

— Não, não é isso. Você não entende. Eu estou me achando incompetente, tá legal? Você conhece aquele ditado: não procuramos fora, o que achamos dentro de casa...

— Para! Cale a boca. Agora já chega. Não quero ouvir nem mais uma palavra que saia da sua boca, que denegrida a sua imagem e a sua competência dentro ou fora da cama. Você por acaso está me vendo insatisfeito? Estou reclamando de seu desempenho? Até onde eu sei, ambos estamos completamente satisfeitos quando eu acabo com você e saio aqui do quarto. Ou estou enganado quanto a sua satisfação? Por que, a qualquer momento, posso mudar meu desempenho, caso você não esteja inteiramente satisfeita comigo. – ele conclui, com aquele maldito sorrisinho.

Abaixo a cabeça novamente, completamente envergonhada e acanhada com sua declaração.

— Vamos lá, docinho, tem alguma crítica construtiva que você queira me fazer? – desta vez seu sorriso cresce, e ele mostra a fileira de dentes perfeitamente alinhados e brancos, e sua covinha do lado esquerdo do rosto másculo.

— Você sabe que não tenho nada para reclamar. – murmuro baixinho.

Recebo um selinho inesperado, mas nem por isso indesejado.

— Já disse como você fica lindinha com esse rostinho todo vermelhinho de vergonha?

Entrelacei os dedos em sua nuca, enquanto ele, ao mesmo tempo, em uma sincronia que é só nossa, coloca suas mãos grandes, fortes e exigentes em minha cintura.

— Então me mostra o quanto você gosta do meu rosto todo vermelhinho. – sussurro manhosa bem perto do seu ouvido.

E, em uma fração de segundo, sua boca já está colada a minha, reivindicando o que lhe pertence: eu.

Ele impulsiona seu corpo pesado sobre o meu, até que eu esteja deitada sobre meu colchão e completamente imobilizada pelo seu corpo grande e forte.

Dando uma última mordida em meu lábio inferior, o estica até que ele saia da prisão dos seus dentes.

Com um gemido contido e com os olhos transbordando desejo, ele diz:

— Pronto, bonequinha, agora, além do seu rosto estar todo coradinho por causa da sua inebriante luxúria, sua boquinha está toda vermelhinha e inchada.

— Agora vem deixar o resto do meu corpo todo inchado e vermelho. – eu digo, puxando-o de volta parar mim.

Quando sua camisa já está perdida em algum canto do quarto e a minha está prestes a seguir o mesmo caminho, a porta do meu quarto é derrubada brutalmente e escuto uma ordem dita por uma voz forte como um trovão:

— Anthony Johnson, levante com as mãos atrás da cabeça. Você está sendo preso em flagrante pelo sequestro de Katherine Thompson. Você tem o direito de permanecer calado e tudo o que você disser poderá ser usado contra você no tribunal.

Eu não acredito no que os meus olhos estão vendo...

Eu estou sendo resgatada!

Bem me quer, mal me quer.Onde histórias criam vida. Descubra agora