XV

6.6K 924 928
                                    

Já haviam se passado duas longas e torturantes semanas.

Louis deveria ter vergonha, afinal.

Vergonha de ser visto com ele.

Deveria ter se arrependido.

Mas ele entenderia se Louis o chamasse para conversar e o dissesse que foi um erro.

Era isso que as pessoas faziam quando não queriam mais ter algo com alguém.

Talvez ele não beijasse tão bem.

Louis já havia beijado muito.

Harry era inexperiente.

Mas Harry poderia melhorar.

Não, Harry iria esquecer o que aconteceu pela amizade deles.

Só bastava Louis pedir.

Harry sentia falta daqueles lábios.

Mas ele não iria insistir.

Ele só queria ter Louis de volta.

O cacheado sentiu seus olhos começarem com a ardência, ele iria chorar outra vez.

Se levantou do seu cantinho na biblioteca e seguiu para o banheiro mais próximo.

Harry não lembrou de trancar na chave, assim como fizera das outras vezes.

Ele apoiou suas mãos na pia e observou seu reflexo no grande espelho.

Olheiras, ele estava pálido também, olhos e nariz vermelhos e inchados. Lágrimas rolando desenfreadas por sua bochecha.

Pelo ranger da porta, Harry se assustou com outra presença no ambiente naquele intervalo.

O menino passou suas pequenas mãos pelo rosto e respirou profundamente, abrindo a torneira e fingindo querer tirar alguma sujeira inexistente de seu braço.

Sem nunca fitar o intruso a suas costas.

x

Louis estava estático, observando soluços contidos escapando vez ou outra do garoto a sua frente.

“H–Harry?” Chamou baixinho, quase em um sussurro.

Ele observou o menino levantar a cabeça e seus olhares se cruzaram pelo espelho, ele estava chorando, e Louis se sentiu a pior pessoa do mundo.

Deu dois passos a frente e Harry se encolheu, como se sentisse dor.

“Você está... chorando?”

Louis tocou na camisa rosa clara que Harry usava aquela manhã, pelo reflexo, ele pôde observar Harry voltar a encarar a pia de mármore.

“Fale comigo, Harry.”

Não obteve resposta.

Harry fechou seus olhos com força, sua visão estava embaçada enquanto as lágrimas voltavam a descer com velocidade. Louis acariciou carinhosamente suas costas, e aquilo só intensificou sua tristeza.

“Eu sou um idiota!” Louis sussurrou para si mesmo. “Harry? Pelo amor de Deus.”

Louis estava com seus olhos marejados também, estava quebrado como nunca antes. Ele puxou Harry para si e o abrigou em seus braços.

Harry agarrou sua camiseta azul com força, molhando seus ombros, sentindo seu perfume, ele não tinha forças para se afastar.

Mas ele tentou, ele tentou o empurrar e ir embora dali, ele tentou... Mas foi inútil. Ele sentiu tanta falta do seu abraço.

“Me desculpa, me desculpa, me desculpa.” Louis repetia em seu ouvido o apertando mais contra si e acariciando seus cabelos. “Eu... estava confuso com tudo, mas isso não me deu o direito de agir como um idiota. Eu estava quebrado, mas eu não sabia que estava sendo tão difícil para você, se eu soubesse, eu t––” Harry convulsionou em seus braços, em um soluço alto “... pelo amor de Deus, me perdoa, pequeno.”

Louis ficou ali, o fazendo carinho até Harry se acalmar, e quando isso aconteceu, Louis com delicadeza ergueu o rosto que estava infiltrado em seu pescoço. “Me desculpa, por favor.”

Harry abriu os olhos vermelhos e úmidos.

“Por–– porquê fez... isso, Louis?”

“Eu não sabia como agir, eu me afastei para me entender, e eu... estava morrendo sem você, eu não deveria, eu não consigo estar longe de você, quero ouvir sua voz todos os dias, me desculpa, por favor.”

“Só... me abraça?” Sussurrou com sua voz rouca, Louis se lançou sobre ele e lhe deu um abraço apertado e cheio de saudades. "Foi horrível, e–eu pensei ter perdido você, senti tanto medo. Não faz mais isso, por favor.”

“Nunca mais, eu juro. Senti tanto a sua falta!”

“Também senti sua falta.”

Ficaram bons minutos envoltos naquele aperto.

“Harry?” Louis chamou baixo, sentindo o aroma que emanava de seus cachos macios.

“Hmm.”

“Me desculpa, mesmo.”

“Está tudo bem.”

“Eu posso–– hm, eu preciso...”

“O que?” Harry se afastou um pouco para lhe olhar nos olhos.

E ali Louis teve certeza.

“Eu... posso beijar você?”

Harry não esperava por isso.
Ele deveria dizer que não.

Mas quando ele notou, já estava se inclinado sobre os lábios de Louis e o beijando.

Arrepios, suspiros, sorrisos.
Tudo ao redor deles sumiu.

Louis sabia que era disso que ele precisava, sempre fora isso.

Mover delicado de lábios, um beijo repleto de carinho.

Louis deu alguns poucos passos a frente, as costas do menino logo estava em contato com a parede gelada, Harry sorriu ao sentir completamente o corpo do outro contra o seu, o pressionando, Louis tinha a pele quente, o beijo se tornou mais eufórico.

Harry lhe deu leves puxões de cabelo, Louis parecia gostar pois resfolegava graciosamente.

Terminaram com selinhos breves, ofegantes e felizes.

“Você não vai fugir de novo, não é?”

“Eu não conseguiria fugir outra vez, Harry.”

Little sweetheart (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora