XVIII

6.1K 805 292
                                        

Anne estava no banheiro de sua casa, chorando compulsivamente. A conversa com seu marido não havia sido agradável, ela realmente acreditou que não havia escolhas, talvez ela nunca tivera.

Limpou as lágrimas grosseiramente, respirando fundo, passou uma água em seu rosto em uma falha tentativa de camuflar seu mal estar e seguiu até a sala.

Já chega de ser agredida, de não ser amada, de não ser a companheira, ela parecia um enfeite que de nada servia, apenas algo bonito para mostrar aos amigos.

Ela suportou tudo, cada humilhação, por Harry, para seu filho viver bem e confortavelmente, mas ao ver seu marido atacar seu adorável bebê daquela forma, isso ela não permitiria, Harry não seria mandado para uma clínica psiquiátrica de segurança máxima, seu menino delicado não passaria por isso.

Ele não era doente, era a pessoa mais doce que já conhecera, um filho de ouro, ele podia amar e gostar do que quisesse, era livre, ela o aceitava e o amava da mesma forma, pura e intensa.

Mas teria uma conversa difícil com Harry, Robert havia sido claro ao lhe dizer que o mandaria para uma clínica, e que ela não tinha escolha ou voz, mas por seu filho, ela iria se posicionar.

“Mamãe? Mamãe, está tudo bem?”

Harry sentou-se ao lado da mãe no sofá, ela suspirou abrindo os braços, e logo ele estava aconchegado ali.

“Sabe que eu amo você, não sabe?” Ele assentiu. “Você já é um rapaz grande, meu amor. Já tem idade e maturidade suficiente para entender as coisas, sem que eu precise as camuflar.” Acariciou seus cachos carinhosamente.

“Você está me preocupando, mamãe.”

“Não, não. Eu apenas quero lhe dizer algo muito importante.” sorriu e apertou o filho em seus braços. “Sabe... Eu e Robert, estamos em uma espécie de crise no nosso casamento.”

“Eu não gosto dele, ele não respeita você, mamãe.”

Antes a cisma do menino com o padrasto se dava pelo preconceito presente em cada indireta, no modo como era tratado. Porém, certo dia, ao ver o homem desferir um tapa sobre a face de sua mãe quando tinha apenas nove anos, e era apenas uma criança vivenciando perante seus olhos um ato de violência pela primeira vez, o fato de não se dar bem com o homem se dava também, por sua natureza de defender a mãe acima de tudo.

“Qual seria sua opinião sobre nos mudarmos, querido? Eu não sei, morar somente você e eu, hm?”

“O que a senhora quer dizer com isso, mamãe?” seus olhos verdes vidrados na mulher a sua frente, sem evitar o sorriso. Ela estava mesmo lhe propondo aquilo?

“Apenas me responda.”

“Eu iria adorar, mamãe, você sabe, seríamos felizes somente eu e você, e sem Robert, ele não gosta de mim, e nem de você, ele é uma pessoa ruim.”

Diferente das outras vezes, ela não o repreenderia dessa vez, o menino tinha razão, ele era um homem mal, e lamentava por não ter notado antes, antes do casamento.

“Então você estaria de acordo?”

“Claro que sim, sua felicidade acima de qualquer coisa, mamãe, sinto que você não está feliz aqui, e isso me deixa triste.”

“Você é o meu maior tesouro.” depositou beijos nas bochechas de Harry, que sorriu “Amo você! Meu menino doce e inteligente, minha felicidade é você.”

“Também amo você, mommy, e então, vamos mesmo nos mudar?” seu tom animado, denunciando o quanto a opção lhe agradara.

“Sim, sim! Iremos nos mudar.”

Harry bateu palminhas, alegre, era tudo o que queria, e ele iria cuidar muito bem da sua mãe, iriam ser felizes. E foi isso que disse ao envolver a mulher emocionada em um abraço apertado e cheio de sentimentos.

Um grande passo para Anne, um passo que ela sabia que não se arrependeria.

E Robert, a julgou fraca, pois nunca havia posto a prova seu lado materno.

Little sweetheart (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora