Harry sentia sua cabeça doer, latejando ao mínimo respirar. Seus olhos estavam fechados, sonolência lhe deixando mole enquanto se limitava a sentir o acolchoado sob suas costas.
O menino levantou o tronco, guiando as mãos para suas têmporas e movendo-as em movimentos circulares com a ponta de seus dedos, em uma leve massagem. Seus olhos abriram lentamente, adeptos à pouca luz. Seu coração agitado, ao abri-los por completo sentiu tudo girar, uma pequena janela era tudo que havia ali, uma janela que clareava pouco e lhe permitia uma visão básica do cômodo. Lá fora nevava fracamente.
Umidade, paredes em uma tonalidade amarronzada. A cama em que estava e uma pequena mesa eram os únicos móveis presentes, e a sua esquerda havia uma porta em madeira maciça, fechada.
Ele cambaleou até lá, empurrando algumas vezes. Sem resultado. Bateu e chamou por alguém, clamou por ajuda.
Passos ao lado de fora o fizeram recuar, lágrimas transbordando aos seus olhos diante o medo. Sabia que ao lado de fora não estava sua segurança, muito pelo contrário. Se deixou guiar pelo medo e necessidade por ajuda ao ser ingênuo o suficiente para chamar essa atenção.
Quando suas costas tocaram a parede, se deixou cair, no canto do quarto, se encolhendo ao tornar-se apenas uma pequena bolha.
Tilintar de chaves, ranger da porta, passos.
Harry estava com a cabeça alojada entre suas pernas, não era possível ver nada além de sua calça de moletom. Soluços contidos escapavam. Um toque gelado em seu ombro o manteve em alerta, não se atreveu a erguer os olhos, não moveu um músculo sequer.
O toque leve lhe arrepiou, parecia receoso ao esfregar o dedo para cima e para baixo de forma quase imperceptível.
“Eu trouxe comida e um analgésico. Você irá precisar.” uma voz diferente e calma. “Precisa se alimentar.” passos se afastaram e um barulho de pratos foi ouvido “Está aqui, caso você queira.”
Harry fitou o garoto, erguendo os olhos verdes. “Quem é você? O que querem comigo?” murmurou.
“Sou Zayn. Seu carcereiro, acho. E não sei o que querem com você, propriamente.”
Topete em seus fios escuros, algumas tatuagens em suas mãos, tendo certeza haver muitas outras dessas por debaixo do grosso casaco negro que lhe cobria os braços, mantendo-o quente perante o frio de dezembro, embora o que mais tenha chamado sua atenção fora o olhar gentil e penoso.
“Me ajude a sair daqui... por favor.”
“Eu sei que isso tudo é uma puta sacanagem, está bem? Eu nem mesmo deveria estar falando com você.”
“Por favor... e–eu não entendo.”
Zayn suspirou, passando a mão por seus cabelos negros e arrumados. Pegou o prato e voltou a se aproximar. “Coma, Harry.”
“Eu não quero comer.” soluçou.
“Então tome esse remédio, pelo menos.”
O moreno estendeu a pílula, Harry observou sua mão estendida por um tempo relativamente longo, deixando-se vencer pela dor ao aceitar a ajuda.
“Obrigado.”
“Tente deitar e descansar mais um pouco.” Zayn sugeriu, levantando e caminhando até a porta. “A propósito, terá visita mais tarde.”
Ao ouvir novamente o ranger da velha porta, levantou e andou até a cama, pelo caminho apanhou a vasilha com comida.
Depois de comer um pouco, ou pelo menos, o suficiente para evitar um desmaio, deitou na cama. Se sentia pesado, tentou fechar os olhos e ao fazê-lo, imagens horríveis preenchiam sua mente. Rolou ali de um lado para o outro por diversas vezes, várias horas. Tentou escalar as paredes e passar pela janela, tentou empurrar, o gradeado nem movia-se.

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Little sweetheart (l.s)
Fanfiction(▫Concluída) Honestamente, amizade e amor caminham lado a lado, afinal, uma não existe sem a outra. Louis ama Harry. Harry ama Louis. Como melhores amigos, apenas. No entanto, será que o sentimento é estrito apenas ao cômodo da amizade? É o que eles...