“Você realmente não precisa de nada? Digo, nada mesmo?” Louis perguntou para a Harry, que revirou os olhos ao assentir, já estava o irritando a mania do outro de o tratar como uma criança nos últimos dias, redobrando os cuidados.
Já havia se passado duas semanas desde o acontecido, e não havia mais hematomas físicos, mas seu psicológico não era mais o mesmo, de certa forma.
“Eu não preciso de nada, eu estou bem, já disse isso.”
Ambos estavam em uma pequena praça, logo depois da escola.
Harry tinha suas costas encostadas no banco de concreto que facilmente poderiam sentar três pessoas, seu suéter azul bebê o deixando fofo enquanto uma pequena caneca de café repousava em sua mão.
“Eu só estou preocupado, você anda tão quieto e calado, eu só... hm, desculpe”
Silêncio.
“Sabe, qualquer coisa, você pode me dizer, e talvez eu possa te ajudar, qualquer coisa mesmo.”
Silêncio.
“Eu sempre vou estar aqui.”
Silêncio.
Harry estava desconfortável em falar sobre isso, inseguro, e sentia muito por não conseguir simplesmente por tudo para fora, mas era seu Louis que estava ali, o único que poderia o ajudar realmente.
Silêncio.
Harry estava pronto.
E Louis esperou pacientemente por um par de semanas.
Esperou por Harry, não por mera curiosidade, mas por preocupação. Louis esperava que depois de Harry despejar o que lhe aflige sobre si, ele se sentisse melhor, mais leve, ou pelo menos, era o que as pessoas sempre o disseram.
E mais que nunca ele queria que fosse verdade.Silêncio.
E mais silêncio.Harry respirou profundamente.
“Louis?” chamou baixinho, tendo a atenção do outro toda sobre ele em questão de segundos, era assim agora, qualquer mínima coisa que ele fizesse tinha toda a atenção, como se ele fosse quebrável ao mínimo movimento errado. Talvez ele fosse.
Harry manteve seu olhar na tiara de flores em uma tonalidade lilás que repousava em suas mãos, não deveria ser tão difícil falar sobre isso.
Mas um trauma, sempre é difícil expor suas fraquezas para alguém, como se remetesse a exposição de sua fragilidade, mas se expor para alguém que te fortalece muda consideravelmente as coisas. E foi com esse pensamento que Harry soltou o ar lentamente, –– ar esse que nem mesmo percebeu estar segurando –– antes de prosseguir.
“Você me acha, não sei, estranho usando isso?” apontou para o objeto, ainda sem encarar Tomlinson “Me acha uma aberração por, ser quem eu–– eu sou? Eu sou um erro? Você tem vergonha de estar ao meu lado?”
Louis suspirou, se pondo a sentar ao lado do menino e passando um braço ao redor de seus ombros, se sentindo muito mal pelo tanto que Harry lhe pareceu acuado naquele momento.
E ele sabia o porquê daquela pergunta.“Essas flores deixam você adorável, você fica muito lindo quando as usa, e é o seu estilo, se você se sente bem, então não há problema algum,” sorriu, seu dedo foi para o queixo de Harry o fazendo olhar para ele, seus olhos verdes levemente marejados “e você não é uma aberração sweetheart, todos temos o direito de amar quem quisermos, independente de qualquer coisa, você é maravilhoso e eles devem ser pessoas infelizes demais para se preocuparem se você gosta de homens ou mulheres, digo, você é perfeito do jeito que você é, e quem te merece por perto vai te querer assim, você é muito mais do que essas pessoas ruins acham que você é, você é mais que rótulos, não precisa mudar por ninguém, e o único erro que eu conheço em você é genético, e é o erro mais bonito que alguém poderia ter.” falou pausadamente e de forma serena, logo cutucou as covinhas fundas do menino.
E ele não usou o termo opção sexual ou orientação por já ter uma ideia formatada sobre isso, Louis, depois de uma conversa com Liam, percebeu que usar a expressão orientação sexual era errado, ninguém o orientava a ser assim, e muito menos era uma opção.
Embora usar a nomenclatura orientação sexual seja a mais correta, ao analisar bem, já que o indivíduo acaba por ser orientado internamente por seu desejo, algo de seu ser, espírito e alma. Não externamente, por querer copiar o ato de alguém e afins. Então, essa expressão pode ser utilizada quando o seu intermediário sabe sobre a cuja definição que suas palavras tem perante os que irão a ouvir. Talvez não deveria ser tão utilizada por medo de uma interpretação ofensiva para os que tem sua forma generalizada de vê-la e entende-la, em contraposto, é a definição que mais se assemelha à realidade. Talvez não passamos de humanos presos a nossa natureza de rotular e manter manias de etiquetar aos que estão ao seu redor. Em linhas gerais, afirmo que somos orientados por agentes internos, e não externos; divergências são normais, contando que tenhamos conhecimento sobre a maneira que nos comunicamos para dialogar sobre nossas razões.
Diversidade é normal.
Louis não entendia como alguém no mundo ainda era tão antiquado a ponto de não aceitar a isso.“Sério, você é tão perfeito e delicado que, ás vezes, acho que se você cair no chão, vai se quebrar.” Louis pegou o rosto de Harry entre suas mãos, e pronunciou da forma mais verdadeira e firme que pôde, olhando nos olhos verdes que ele mais admirava. “E eu nunca, Harry, ouviu bem? Nunca, jamais, nem em mil anos, sentiria vergonha de você.”
Harry sorriu, tímido demais para agradecer, então apenas se lançou nos braços de Louis e enfiou sua cabeça na curva de seu pescoço, o mais velho passou a mão pelos cachos macios e ficou fazendo carinho “Obrigada Lou.” Murmurou, sua voz saindo abafada “Eu sinto que posso quebrar, as vezes.”
“Você não vai quebrar, e se isso acontecer, eu me responsabilizo de juntar todos os seus pedaços.” Um sorriso doce em acréscimo com seu tom suave de voz, o mesmo que sempre usava quando Harry não estava em seu melhor momento.
“Agora coloque essa coroa de flores de volta, parece que eu estou olhando para a princesa Sofia sem seu colar que a faz falar com os animais.”
“Claro que Sim, Willy. Não quero que a princesa Sofia não consiga falar com seu coelho fofo.”
Louis não gostava quando as outras pessoas o chamavam de Willy ou Willian, apesar se ser seu segundo nome, Harry apenas o chamava assim quando queria o provocar, e Willian quando o cacheado estava bravo, mas não precisava dizer que Harry deixava as coisas diferentes. Se ele resolvesse o xingar –– coisa que dificilmente aconteceria por Harry nunca ter pronunciado um palavrão ––, ele nem mesmo se importaria. Contando que fosse por Harry.
O cacheado se levantou, visivelmente mais feliz, ouvir essas coisas de Louis era especial, e o deixou consideravelmente melhor. “Que tal maratona do Mrs. Robert?” pediu animado demais, enquanto desamarrotava suas roupas e estendia a mão para o mais baixo.
“Sabe que fica sinistro você chamar Sponge Bob, de Mrs. Robert, certo?” fez uma careta.
“Sabe que é sinistro você ter dezessete anos e ainda dormir com o senhor Boobear , certo?”
E lá se foi o momento mais fofo dos dois.
“Você me deu ele, apenas durmo porque durante a noite ele me sai um ótimo travesseiro.” Se defendeu, cruzando os braços e fazendo um bico emburrado, Louis também tinha seus momentos infantis. “Não o chame de senhor Boobear, o chame de BigB, por favor.” Harry lhe lançou um olhar inquisidor, ao que o mais velho se pôs de pé “O que? Ele é um urso fofo, o mínimo que eu deveria fazer era colocar um nome legal.”
“BigB? Sério? Você deveria mudar seu conceito de nomes legais, uh?”
“Não enche.”

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Little sweetheart (l.s)
Fiksyen Peminat(▫Concluída) Honestamente, amizade e amor caminham lado a lado, afinal, uma não existe sem a outra. Louis ama Harry. Harry ama Louis. Como melhores amigos, apenas. No entanto, será que o sentimento é estrito apenas ao cômodo da amizade? É o que eles...