XXXIX

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Que sorte encontrar você.”

Essa voz.

Querendo confirmar suas suspeitas estreitou os olhos para ver melhor, ou ter certeza de que não tratava-se de alucinação. Se deparou com Robert ali, ao seu lado, sorrindo perante um Harry de olhos arregalados. Observando o garoto virar-se para a porta e tentar forçar para abri-la.

“Como conseguiu fugir? Mais hábil que eu pensava, confesso.”

O veículo entrou em movimento, deslizando calmamente pela rua, como se um de seus ocupantes não esmurrasse a lataria e se debate-se ao querer descer.

“Seria tudo tão benéfico se você não tivesse esse problema. Poderíamos nos dar muito bem, sabia disso? Oh, pare de escândalo. Não precisa chorar, querido.”

Robert tirou uma mão da direção e levou até o rosto do cacheado, que desviou e o deu um tapa, voltando a chorar. Harry não aguentava mais, só queria ir para sua casa, ir para seu namorado, sua mãe.

Tsc, tsc. Você não precisa ser agressivo... já eu, talvez precise mostrar para você quem manda. Teremos uma conversa particular quando chegarmos, cuidarei disso.”

A maneira confortável e serena que as palavras soavam, saltando como uma banalidade embora sejam tão frias em conjunto com o olhar despreocupado, causou em Harry calafrios. Não poderia ser normal estar tão sereno.

Harry fora sequestrado por um homem que o odeia e que sente nojo e repulsa ao vê-lo, o mesmo que no momento seguinte tenta cometer abuso, toca-lo contra seu consentimento. Não tem sentido algum. Varia de raiva e tranquilidade de uma hora para a outra, d'água para o vinho.

Ao voltar a estacionar em frente o casarão, despreocupadamente deu a volta no carro e sem cuidado, agarrou Harry pelo braço, apertando com força e o arrastando para fora, Harry bateu a cabeça e a perna, seu braço doía diante o aperto.

Zayn estava lá juntamente com Yaser, esse estava mais agitado, passando a mão pelos cabelos e procurando por alguém. Ambos igualmente assustados ao os verem, embora que por motivos distintos.

“Como deixaram ele fugir?” esbravejou, lançando Harry para o aperto de Yaser, como se tratasse apenas de um boneco. “Não posso sair um minuto! Que inferno.”

Harry tinha a visão embaçada por lágrimas, entretanto, fitou Zayn como se pedisse desculpas.

“Não sei como aconteceu. E–eu devo ter deixado a porta destrancada por descuido e ele aproveitou.” respondeu sob o olhar dos outros dois. “A última vez que o vi foi quando levei um cobertor.”

“Meu filho anda distraído nos últimos dias. Vamos tomar mais cuidado da próxima vez, desculpas sinceras, não é, Zayn?”

“Sim, me desculpo.” respondeu a contra gosto, Robert assentiu.

“Tudo bem, garoto. Agora vamos entrar.”

Robert queria ter uma conversa com Harry, se bem que não era conversar o que pretendia. Se o garoto gostava de homens, talvez tenha utilidade para ele, por bem ou por mal. Não importava na realidade, a perversidade o fazia bem, seria magnífico ver lágrimas angustiadas vindas da pessoa que ele tanto odeia, da pessoa que o tirou a esposa. Ele não amava Anne, era fato, embora o que lhe tenha ferido o ego tivera sido o abandono, o abandono por culpa de Harry. Robert costumava ter a última palavra sempre, acabaria quando assim decidisse. Essa razão possuía sentido para ele –– apenas.

Mãos se firmaram em Harry e dois passos a frente foram dados, o arrastando consigo em direção a casa.

“Assim? Tão rápido?”

Little sweetheart (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora