05 - Ella

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- Patricinha? - Eu me Pergunto algo pela décima vez desde que acordei. Eu não era uma patricinha!

Andei de um lado até o outro me encarando no espelho. Nesse momento eu era eu mesma. Camisa larga, short jeans e cabelo bagunçado. Meu rosto estava sem maquiagens e eu voltei a ter cara de criança abandonada.

Aquela da parte da noite não era eu. Não sou eu aquela garota de vestidos longos e maquiagem forte. Não sou eu. Aquela mulher pode até parecer uma patricinha, mas no fundo ela é só eu... disfarçada de miss simpatia.

- Você acha que eu pareço uma patricinha? - Pergunto a Ian que estava lendo um jornal, ele tirou seus olhos do jornal para me observar de cima a baixo.

- Você não é patricinha, Ariella, você é pobrezinha. Contente-se.

- Eu Digo por aparência. Eu tenha jeito de quem gasta dinheiro dos pais em shopping?

Ian solta uma risada e eu me encolhi um pouco.

- Para de falar bobagens, garota. Você não é e nem parece uma patricinha.

- Isso me aliviou um pouco. Alguém me disse que eu me parecia com uma.

- Você tem coisas mais importantes para se preocupar. Tipo o seu piano.

- É. - Eu suspiro me sentando na cama e abaixando os ombros. - Eu acho que preciso ensaiar mais um pouco.

- Você vai se sair bem, Ella. Só quero dizer que você deveria parar de se preocupar com coisas inúteis e pensar no seu futuro.

- É. Pode ser. - Levanto da cama e caminho até o armário. - Acho que vou no bar tocar um pouco, depois vou direto para escola.

- Tá certo. Só não se perca na música e se atrase.

- Nunca faria isso.

Troco minha roupa e visto algo que tenha mais cara de 'professora'. Mesmo eu não sendo uma professora de verdade, ainda era bom parecer uma. Quer dizer, eu dou aulas de verdade, mas aulas de música são apenas duas vezes na semana e não diariamente como as outras matérias mais importantes no currículo de um aluno.

Desci pelas escadas até o bar, mas não pude tocar piano hoje. Rafaela já estava usando e parecia concentrada.

Eu caminhei até ela. Ela para automaticamente quando me vê e fica tensa.

- Música nova? - Pergunto para puxar assunto.

- Sim. Mais ou menos, mas eu gosto dela.

- Entendo.

- Você quer usar o piano?

- Não precisa se levantar dai. Eu ia ensaiar mais um pouco, mas acho que inclusive já ensaiei demais. Se o fizer mais uma vez, ficarei louca.

- Você vai se sair bem, Ella. É só manter a calma.

- Eu to precisando muito disso mesmo. Calma.

Ela ri e ajeita alguns papéis de sua pasta em cima do piano.

- Mas e aí, O que me diz de Will? - Ela muda completamente o assunto e eu pisco algumas vezes antes de responder.

- Quem é Will?

- Aquele cara que me pagou para que te chamasse ontem.

- Ele é um idiota. - Reviro meus olhos antes de deixar minha pasta de musicas e minha bolsa em cima de uma mesa próxima.

- Ele é gatinho.

- Grande coisa.

- Mas acho que eu sou mais o garoto tímido do telefone. Ele pareceu mais despreocupado com o local. Não sei. Ele faz meu tipo.

O muito que Ella senteOnde histórias criam vida. Descubra agora