Era cinco da manhã quando acordei já agitada. Era o dia da minha prova.
Não conseguia ficar parada. Simplesmente andava de um lado ao outro procurando algo para fazer até dar minha hora de sair.
Já estava pronta as nove. O teste era as dez e eu não tinha nada para encher a minha mente.
Observei meu novo livro em cima da mesa, mas sabia que não conseguiria me concentrar em leitura alguma.
Areias de sangue.
Parece um pouco violento. Peguei o livro em minhas mãos e examinei a capa vermelha. Era uma linda capa. Seria o tipo de livro que eu compraria pela capa.
Abri a primeira página e observei: 'primeira edição' escrita ao centro.
Virei a segunda página e me deparei com a dedicatória.
Para Maria - A primeira história após o aparecimento.
Logo abaixo havia o óbvio. Um número de telefone escrito com caneta preta esferográfica.
Ele parece bastante convencido de que eu vá gostar do livro.
Observei os números e apertei meu telefone na minha mão.
Eu deveria adiciona-lo?
- Que livro é esse? - Ian pergunta entrando no quarto. Eu fechei o livro apressadamente. Deixei-o parado no meu colo.
- Não sei ao certo. Foi uma indicação e não sei sobre o que se trata.
- Indicação?
- Sim.
- Hum. Depois me conte se for interessante.
- Certo.
- Já está na hora?
- Quase. Faltam meia hora.
- E já está pronta?
Acenei com um a cabeça. Eu estava nervosa. Eu sabia todas as notas. Sabia toda a tablatura normal e de trás pra frente. Eu tinha treinado aquela música a vida toda.
Precisava de uma música original para a prova. Logo lembrei da que eu fiz com papai. Eu tinha treze anos na época, foi quando meus pais se separaram. Os anos acabaram me fazendo esquecer dela, só na então morte de papai que a encontrei novamente. Jogada entre suas músicas e planos de aula. Desde então eu a toco sempre. Sempre que me senti em frente do teclado, meus dedos automaticamente se guiam para as teclas certas sem que minha mente ordene primeiro. Era a nossa música e só me arrependo de não ter tocado mais vezes enquanto meu pai podia escutar.
- Acho que vou sair mais cedo. Talvez o trânsito esteja lento. Não quero arriscar.
- Acho que deveria fazer isso.
- Certo.
Respiro fundo. Deixo meus olhos fechados por um tempo. Eu estava pronta. Sabia disso. Eu ia me sair bem.
Não existia aquela teoria de que depois de algo ruim acontece algo bom? Tomara que seja verdade pois depois de assistir ao noivado do meu ex não consigo pensar em nada mais torturante.
... ... ...
As porta do teatro estavam abertas. Eu já havia passado por elas tantas vezes. Meu pai era pianista da orquestra e sempre me trazia para concertos.
Eu poderia vir quinhentas vezes e quinhentas vezes ficaria abobada com os detalhes, a música e o clima.
Um garoto estava tocando violoncelo quando me aproximei das poltronas.
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O muito que Ella sente
ChickLitMiguel tem apenas dois problemas para resolver: O primeiro é encontrar um jeito de criar sozinho a filha que acabou de descobrir que existe. A segunda é esquecer a garota que em breve será sua "irmã". E Ariella, bom, ela tem duas versões dela mesma...