Cheguei em casa e Mia já estava dormindo. A babá também estava dormindo no sofá em uma posição bastante confortável para quem é apenas uma visita.
- Greta. Já pode ir pra casa. - Eu acendo as luzes e ela pula do sofá.
- Quem? Como? - Ela resmunga girando os olhos pelo cômodo até me encontrar.
- Já cheguei. Vá para casa descansar.
- Miguel. - Ela coça os olhos e se levanta. - Eu já estou indo.
Eu a entrego seu dinheiro e ela sai arrastando seu sono pela minha casa até a saída. Eu tranco a porta atrás dela e vou para o quarto dar uma olhada em Mia.
Ela está dormindo tranquilamente enrolada no lençol fino da minha cama. Eu realmente precisava arrumar um quarto para ela.
Semana que vem iria começar a reforma e eu sabia exatamente em qual hotel iríamos ficar enquanto isso.
Fechei a porta e fui para meu escritório e abri a pasta da minha nova história no computador.
Não sei ao certo sobre o que ela vai falar, mas a personagem principal será tímida e jovem. Será desastrada em pensamentos e frases resolvidas e acima disso, apaixonada por música e medrosa por lugares fechados.
O que eu poderia fazer? Esse era meu jeito de tornar meus personagens reais. Eles eram reais. Cada um deles. Eles eram reais só que os fatos de vida eram inventados, porém todos eles eram baseados em alguma ex namorada. Fiz isso com todos os livros anteriores e todos fizeram sucesso. Levei alguns processos. Sim, mas ganhei todos também.
Aya foi a mais complicada. Paula, minha ex era muito esquentada, eu realmente tive um trabalho para equilibrar isso na personagem.
Ella parece uma garota legal. Mas nada de mais das outras. Ela é irmã de Rebeca e o que poderia se esperar de alguém da mesma família? Rebeca era o exemplo real de garota insuportável e mimada.
Espero que Ella não se importe se um dia descobrir a verdade. Se é que vai descobrir. A garota nem sabe quem eu sou. Isso é bom.
Realmente espero que ela entenda que eu não tenho relacionamentos sérios que durem mais de alguns meses. Só do tempo de escrever um livro.
Por um momento paro o que estava digitando. Me senti um pouco culpado pela primeira vez. Ella Parece ser doce... Eu deveria a enganar assim?
Dane-se.
Eu sempre fiz isso. Tenho medo de parar um dia e sem querer escrever alguém parecida com Isa. Lucas me mataria. Ele descobriria e eu me sentiria culpado pelo resto da vida. Isa não era como as outras, ela realmente não era como as minhas outras. Ela queria algo sério. Ela quis algo sério com um cara parecido comigo...
De repente os 'e se' começam a se formar na minha mente. Eles me deixam louco como sempre que penso nela.
Seu primeiro beijo foi comigo. E mesmo que eu estivesse muito bêbado para lembrar, Lucas me contou. E se eu tivesse me agarrado a isso anos atrás? E se ao invés dele ela tivesse se aproximado de mim?
- Pare! - Eu Resmungo para mim. Eu ia ficar louco.
Ela não escolheu aparência. Ela escolheu afinidade. Lucas era meu irmão e eu tenho que reconhecer, ele é responsável, sabe o que quer e a trata melhor do que eu conseguiria. Os dois são aqueles casais típicos de propaganda de margarina.
Eu era mais para festas. Farra e alguns desastres pessoais. Principalmente antes de Mia.
E espero que nesse próximo mês eu consiga me concentrar no meu livro e em Ella e esquecer a merda de irmão que eu sou.
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O muito que Ella sente
ChickLitMiguel tem apenas dois problemas para resolver: O primeiro é encontrar um jeito de criar sozinho a filha que acabou de descobrir que existe. A segunda é esquecer a garota que em breve será sua "irmã". E Ariella, bom, ela tem duas versões dela mesma...