Eu comecei a ler o livro ontem. Hoje eu já estava naquelas palavras que acabam com qualquer coração: Fim.
Eu não era muito estudiosa, eu tentava, mas minha mente sempre foi um pouco mais lenta que o normal para matérias de escola. Nunca tirei notas além da média. Acho que estudava para alcançar a média. Acho que me focava mais na música do que nos cadernos. Entretanto, sempre gostei de ler. Lia histórias com minha mãe desde pequena. Eu aprendi a ler com ela. No meu auge dos dezesseis eu lia compulsivamente. Lia sempre que podia ler. Lia qualquer livro e me interessava por qualquer história. Mas alguma coisa dentro de mim se desligou. Eu simplesmente perdi aquela vontade de ler que me sufocava até ser saciada. Hoje eu costumo ler algumas unidades por ano e olha lá.
Mas esse livro... esse especificamente... me prendeu de uma maneira que chegou a ser um vício. Enquanto não acabei, não larguei. Passei todo meu dia de folga... lendo.
Era um romance diferente de tudo que já tinha visto. Eu nunca havia lido algo sobre a Índia pra falar a verdade. Uma médica indiana e um soldado americano... muito menos.
A narrativa... os fatos que pareciam reais... me encantou tanto a realidade de escrita que sentia que se saísse na rua encontraria facilmente Aya e Daniel andando entre nós.
Estava tão cheia positivamente da indicação que fiz algo que pensei que não iria fazer depois de conversar com Ian.
'Quero uma cadela igual Belinda'
Declaro na mensagem que acabei de mandar para o número que Miguel escreveu abaixo da dedicatória.
Fiquei nervosa ao enviar. Apenas fechei os olhos e selecionei a seta de envio por intuito.
'E se ele não responder?' Minha mente dramatiza.
Solto meu telefone na cama e corro até a porta. Me abaixei com as pernas junto ao corpo e com uma brechas de olho fiquei observando o celular ao longe.
Silêncio.
Nada aconteceu no minuto seguinte.
Nem no outro.
Comecei a me levantar, mas nesse instante meu celular da um pequeno apito. Corro até ele e me decepcionando ao deparar com uma mensagem da minha operadora me pedindo para colocar algum plano fixo. Eu era o tipo de pessoa que ainda pertencia a era do créditos. Por esse motivo a operadora me bombardeava de ligações e mensagens o dia todo.
Iludida.
O telefone apitou novamente. Observei o nome dele na tela e fiquei nervosa. Esperei um minuto para ler e fingir que não estava colada ao celular esperando a resposta.
'Já começou a ler?'
Era só uma pergunta e eu não sabia o que responder.
Ficaria muito desesperado se eu dissesse apenas a verdade? Que li em poucas horas? Ou deveria dizer que ainda estou lendo?
'Estou quase no fim'
Mentira.
Envio a resposta e volto a tela do telefone para baixo na cama. Eu não quero olhar.
Ele apita no mesmo instante e me apresso a olhar.
'Que horas eu passo para te pegar?'
Me pegar? Minha mente deu um salto. Mas era só me levar para o cinema mesmo.
'Ainda não terminei de ler.'
Nesse momento eu seria capaz de me jogar da janela, mas acho que seria possível uma morte do andar que estou. Talvez alguns ossos quebrados. Meu telefone começou a tocar com o nome dele me chamando.
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O muito que Ella sente
ChickLitMiguel tem apenas dois problemas para resolver: O primeiro é encontrar um jeito de criar sozinho a filha que acabou de descobrir que existe. A segunda é esquecer a garota que em breve será sua "irmã". E Ariella, bom, ela tem duas versões dela mesma...