- O que você fez com seu cabelo!? - Lara quase gritou quando me viu.
Eu tentei não me estressar então apenas disse:
- Cortei.
- Está péssimo, mas pelo menos cabelo cresce rápido.
- Cresce, mas eu vou cortar de novo. - Digo me sentando em frente o espelho para passar um batom.
A maquiagem que Amanda fez ainda estava firme então apenas passei um batom vermelho escuro quando cheguei no bar.
- Isso não é cabelo de quem trabalha em um bar, Ella. Você precisa ter comprimento. Olhe todas as outras meninas. Cacheados, crespos, ondulados ou lisos, coloridos, escuros ou loiros... são todos compridos!
- Eu só toco piano e sirvo bebidas. Não preciso agradar ninguém além de mim, Lara.
- Vou arrumar um aplique pra você usar amanhã.
Ela diz e antes que eu responda sai fechando a porta atrás de si. Eu não vou usar um aplique. Eu gostei do meu cabelo assim! Nem está tão curto para tanto drama.
Saí do camarim e me direcionei até o piano. Confesso que estava um pouco insegura, mas não demonstrei isso. Era difícil. Me sentei em frente o piano e me concentrei apenas nas musicas e nas notas.
Por um momento até esqueci dos meus problemas. Eu estava flutuando longe daqui.
Logo finalizei e ignorando olhares diferentes, andei até o bar e passei por debaixo da tábua de vidro que dividia dos clientes da entrada.
- Seu cabelo... está maravilhoso. Não quero parecer amigo gay, mas seu rosto ficou lindo com esse corte.
- Obrigada. - Eu Digo com um sorriso. - Foi o primeiro elogio que recebi hoje.
- Não confie em ninguém além de mim, Ella. Ninguém.
Ele sorri e vai atender uma mulher mais velha no balcão.
- Ariella, eu posso falar com você por um momento?
Olho para frente e encontro Miguel me observando. Ele está com a mesma roupa de mais cedo, sem a gravata, mas ainda com roupas de trabalho.
- Eu não posso agora, Miguel.
- Não vai demorar, é rápido.
Eu o observo por um instante e enxugo minhas mãos dramaticamente em um pano a minha frente, elas nem estavam molhadas. Avisei Alex que iria sair por um minuto e segui Miguel até um canto do bar.
- Não quero que pense que sou mal educado. Eu não lhe agradeci pelo que fez por minha filha.
- É só isso? - Eu Pergunto fingindo que não é nada. Fingindo que meu coração não está acelerado como um bobo. - Maria é minha amiga, eu já disse. Eu tenho um imenso amor por ela e queria ajudar no que ela está passando.
- Certo, mas ainda assim. Não lhe devia fazer isso.
- Depois você me paga um chocolate e ficamos quites. - Eu brinco o fazendo rir.
- Essa matemática sua está errada. - Ele sorri. - Mas eu estou agradecendo pelo seu corte de cabelo. Maria não deixou isso muito claro pra você, mas ela está se sentindo incrível por estar parecida com você.
- Ela está? Onde ela está? Já se conformou?
- Ainda está estranhando, pois o corte não foi escolha sua, mas está bem.
- Bom, vamos nos acostumar juntas então. Depois vou pedir umas dicas a ela.
Ele ri e logo fecha o sorriso. Ele está pensativo e isso me assusta um pouco. Será que ele vai dizer que gosta de mim? Meu coração acelera como um bobo.
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O muito que Ella sente
ChickLitMiguel tem apenas dois problemas para resolver: O primeiro é encontrar um jeito de criar sozinho a filha que acabou de descobrir que existe. A segunda é esquecer a garota que em breve será sua "irmã". E Ariella, bom, ela tem duas versões dela mesma...