31 Ella

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- O que você fez com seu cabelo!? - Lara quase gritou quando me viu.

Eu tentei não me estressar então apenas disse:

- Cortei.

- Está péssimo, mas pelo menos cabelo cresce rápido.

- Cresce, mas eu vou cortar de novo. - Digo me sentando em frente o espelho para passar um batom.

A maquiagem que Amanda fez ainda estava firme então apenas passei um batom vermelho escuro quando cheguei no bar.

- Isso não é cabelo de quem trabalha em um bar, Ella. Você precisa ter comprimento. Olhe todas as outras meninas. Cacheados, crespos, ondulados ou lisos, coloridos, escuros ou loiros... são todos compridos!

- Eu só toco piano e sirvo bebidas. Não preciso agradar ninguém além de mim, Lara.

- Vou arrumar um aplique pra você usar amanhã.

Ela diz e antes que eu responda sai fechando a porta atrás de si. Eu não vou usar um aplique. Eu gostei do meu cabelo assim! Nem está tão curto para tanto drama.

Saí do camarim e me direcionei até o piano. Confesso que estava um pouco insegura, mas não demonstrei isso. Era difícil. Me sentei em frente o piano e me concentrei apenas nas musicas e nas notas.

Por um momento até esqueci dos meus problemas. Eu estava flutuando longe daqui.

Logo finalizei e ignorando olhares diferentes, andei até o bar e passei por debaixo da tábua de vidro que dividia dos clientes da entrada.

- Seu cabelo... está maravilhoso. Não quero parecer amigo gay, mas seu rosto ficou lindo com esse corte.

- Obrigada. - Eu Digo com um sorriso. - Foi o primeiro elogio que recebi hoje.

- Não confie em ninguém além de mim, Ella. Ninguém.

Ele sorri e vai atender uma mulher mais velha no balcão.

- Ariella, eu posso falar com você por um momento?

Olho para frente e encontro Miguel me observando. Ele está com a mesma roupa de mais cedo, sem a gravata, mas ainda com roupas de trabalho.

- Eu não posso agora, Miguel.

- Não vai demorar, é rápido.

Eu o observo por um instante e enxugo minhas mãos dramaticamente em um pano a minha frente, elas nem estavam molhadas. Avisei Alex que iria sair por um minuto e segui Miguel até um canto do bar.

- Não quero que pense que sou mal educado. Eu não lhe agradeci pelo que fez por minha filha.

- É só isso? - Eu Pergunto fingindo que não é nada. Fingindo que meu coração não está acelerado como um bobo. - Maria é minha amiga, eu já disse. Eu tenho um imenso amor por ela e queria ajudar no que ela está passando.

- Certo, mas ainda assim. Não lhe devia fazer isso.

- Depois você me paga um chocolate e ficamos quites. - Eu brinco o fazendo rir.

- Essa matemática sua está errada. - Ele sorri. - Mas eu estou agradecendo pelo seu corte de cabelo. Maria não deixou isso muito claro pra você, mas ela está se sentindo incrível por estar parecida com você.

- Ela está? Onde ela está? Já se conformou?

- Ainda está estranhando, pois o corte não foi escolha sua, mas está bem.

- Bom, vamos nos acostumar juntas então. Depois vou pedir umas dicas a ela.

Ele ri e logo fecha o sorriso. Ele está pensativo e isso me assusta um pouco. Será que ele vai dizer que gosta de mim? Meu coração acelera como um bobo.

O muito que Ella senteOnde histórias criam vida. Descubra agora