O muito que Ella sente

24 Miguel

Acordei as seis da manhã no outro dia. Abri meus olhos e logo encontrei Ariella dormindo tranquilamente ao meu lado. Eu não havia dormido muito durante a noite. Acho que ela me deixou nervoso e isso foi um pouco estranho. Geralmente eu sabia o que fazer, mas com ela... tinha medo de que fugisse ou algo assim.

Eu estava começando a gostar do jeito dela e isso será interessante. O que fará agora... isso vai ser diferente do que qualquer uma das outras garotas que escolhi como modelo. Parecia que ela escondia algo e isso era intrigante. Era um meio de me atrair pois eu quero muito saber quem é Ella de verdade.

Desde a noite em que eu a levei ao hotel depois da festa eu não consigo deixar de pensar nela. Eu precisava passar mais tempo com ela antes que eu a deixasse. No fundo eu só estou brincando e me doí um pouco, pela primeira vez, magoa-la depois. Ela era sentimental demais, mas eu realmente queria passar mais tempo com ela.

Arrumei tudo o que precisava enquanto ela dormia e a deixei sozinha por um tempo no quarto. Ariella trabalhava de noite, provavelmente acordaria tarde também. Eu desci e o senhor da noite anterior já estava sentado lendo um jornal dos que estão a venda.

- Você tem visita. - Ele me diz quando me aproximo para pegar um dos jornais da RJB.

Movo meu olhar até a porta e encontro minha visita. Era um homem bem vestido que balançou uma chave na mão quando percebeu que eu o vi.

Até que ser filho do meu pai tinha lá seus lados bons. Um carro novinho já estava me esperando no estacionamento. Não que ele fosse pagar, mas tornava bem mais rápido o processo.

Corri como uma criança até ele e Oh meu Deus! Era uma maravilha. Abri a porta e um cheiro maravilhoso de carro novo me invadiu como uma brisa de verão ou um bolo recém saído do forno. Me sentei no banco e olhei cada detalhe. Já tinha inclusive uma cadeirinha para Maria atrás.

- César, você é incrível. Você acabou de entrar para minha lista de melhores do dia.

- Que bom que gostou. Esse modelo estava na sua lista. Creio que não vamos conseguir recuperar o outro antes da próxima segunda.

- Venda aquele, não consegui me apegar mesmo.

- Bom, se é o que deseja. Eu vou voltar porque tenho um longo dia pela frente. Bom aproveito do seu carro.

- Ah eu vou ter sim. - Digo sorrindo como um bobo.

Fiz meu teste drive dando uma volta até o próximo retorno da estrada. Isso era o que eu amava. A droga viciante da liberdade. No limite da velocidade eu consegui me acalmar completamente desde ontem.

Caramba eu amava isso.

Eram sete e pouco quando voltei a loja do posto de gasolina. Eu sai do carro e admirei a frente preta antes de entrar para o armazém e ver se Ariella já acordou.

Entrei na loja. E fui de volta pegar o jornal que não tive a oportunidade de comprar. Paguei por ele e me sentei em uma cadeira para ler. Fui direto a minha coluna e li a matéria que escrevi sobre a peça de ontem. As fotos de Davi ficaram perfeitas como sempre. Hoje teria outra peça e eu precisava chegar em casa a tempo para cobri-la. Preciso deixar Maria com meus pais enquanto isso... ainda não arrumei outra babá e isso estava me atrasando muito.

Estava cansado e nem dormi direito a noite. Não sei como aguentaria ficar acordado até depois das onze novamente.

Passei o jornal direto pela parte que não me interessava, mas um detalhe me chamou a atenção. Uma foto minha e de Paula no teatro.