15 Miguel

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- Ela o que!? - Eu quase grito levantando da minha cadeira.

Estava no jornal editando uma coluna que postaria amanhã. Geralmente não faço isso. Eu quase nunca faço isso, mas essa matéria era sobre minha próxima viagem. Eu queria que ficasse com meu estilo.

- Era um trabalho de classe, ela insistia em dizer que seria tal coisa quando crescesse.

- Vamos ver se eu entendi. Maria falou na frente de toda a classe que quando crescer quer ser garota de programa?

- Ou uma jogadora de futebol.

- Oh meu céu. - Eu Resmungo abaixando minha cabeça e respirando fundo. - Ela está de castigo?

- Sim. Na diretoria. Não achamos conveniente que nossas crianças pensem ou falem sobre coisas indevidas. Achamos melhor tirá-la da sala antes que desse mais detalhes as pobres crianças.

- Eu preciso terminar um assunto e já estou indo buscá-la. Me desculpe por isso.

Desliguei o telefone e batuquei na mesa com a ponta dos dedos algumas vezes em nervosismo. Mia me deixaria louco ainda.

Onde ela poderia ter escutado tal coisa? Ser garota de programa!? Uma criança de cinco anos?

Saio do jornal assim que envio minha redação para Davi, um novo contratado do jornal. Saio buscando calma divina e entro no meu carro para buscar Maria.

O trânsito estava bom então cheguei rápido a porta da escola. A escola esquisita que parecia vir de um filme de terror. Saí do carro e bati o interfone que foi aberto sem mesmo perguntar quem eu era. Provavelmente tinham câmeras de segurança.

Caminhei até a diretoria e encontrei Mia sentada em um sofá marrom de três lugares encolhida na beirada.

- Maria Renler. - Eu a chamo para que olhe para mim. - O que a senhorita aprontou dessa vez?

- Papai... eu juro... eu não sei.

Ela parece desesperada. Confusa. A diretora chega a sala e me cumprimenta com um sorriso. Ela me encaminha para um canto a fim de que que Mia não escute.

- Senhor. Eu tentei conversar com ela. Mas ela não é flexível. Creio que minha secretária já lhe explicou o fato. Nunca tivemos uma criança tão pra frente. Entendo que são só vocês dois... a mãe dela não está em uma situação boa... mas queria que evitasse certos assuntos perto dela. Ela é só uma criança.

Pisco algumas vezes quando o entendimento me bate. Ela acha que eu falei para Mia o que são garotas de programa?

- Não sei onde ela poderia ter escutado isso. Há algumas coisas que eu não converso perto dela.

- Ela anda meio abatida na escola... a mãe dela... tem a visitado?

Eu observo a expressão da diretora. Receio. Ela sabe que a mãe de Mia torna Mia uma imagem ruim para sua escola. Assim como as outras que ela passou.

- Como a senhora deve saber... ela não pode fazer visitas depois que mudou de casa. - Sorrio falsamente para ela e volto até Mia.

Me abaixo a sua altura.

- Maria, a gente precisa conversar. Vamos ter que ir mais cedo.

- Tudo bem. Eu quero ir embora.

Ela salta do sofá e segura minha mão.

- Faltam apenas alguns minutos para acabar a aula. Vou levá-la comigo se não houver problemas.

- Claro que não, senhor Crewe.

O muito que Ella senteOnde histórias criam vida. Descubra agora