🏆 Vencedor Wattys 2020, Fantasia
🏆 2º lugar no "Concurso Wattpad Brasil"/2018 - Fantasia do grupo "Wattpad Brasil Facebook"
🏆 3º lugar no "Concurso Team Literário/2017 - Fantasia" do perfil @TeamLiterário17
🏆 3º lugar no "Concurso Team Literári...
DOIS ANOS SE PASSARAM E A VIDA CONTINUOU (OU FOI OBRIGADA A CONTINUAR). Arcéh permaneceu com a cicatriz aberta e o isolamento causado pelo inverno da Nyrill piorou o incômodo. As notícias sobre os ataques ocorridos naquele dia extrapolaram o norte do mundo e espalharam-se por todas as direções. Em um dia, os arcéh eram um povo acolhedor apesar de seu orgulho exacerbado; no outro, passaram a ser conhecidos apenas por esse orgulho e os malefícios causados por sentimento tão equivocado. Outrora motivo para baterem no peito e dizerem "Sim, somos filhos dos deuses!", agora preferiam o silêncio de suas casas.
Em uma tentativa de amenizar as coisas, os Unagor se reuniram com o Conselho de Administração de Arcéh e promoveram mudanças. Entre elas, estava a admissão de mulheres entre os trabalhadores das estufas, a possibilidade de elas ascenderem a postos de comando e a decisão para, a partir da reabertura das escolas no verão seguinte, autorizar os professores a tratarem de temas como preconceito e fazer abordagens sobre os costumes e a história do continente.
Ocorreram protestos, é claro.
Muitos.
Dois Unagor cujos ideais continuavam vinculados à ideia de uma ilha isolada e com armas em punho uniram-se à uma minoria da população insatisfeita com as transformações e criaram um grupo dissidente. Outros senhores ainda tentaram abafar o movimento, mas, temerosos pelo surgimento de mais conflitos, os demais Unagor baixaram a cabeça e autorizaram a criação do que fixou conhecido como o "Segundo Bastião", chamado por debaixo dos panos de o "Bastião dos Traidores".
Apesar disso, a cidade parecia mais ciente dos próprios erros e disposta a aprender com eles e trilhar novos caminhos. Como símbolo dessa transformação, a Terceira Estufa foi aberta para o público e decidiu-se por não ter a figura de um Unagor para administrar o lugar, ficando a cargo da população decidir como usaria o espaço. Meses depois da morte de Erwank, realocaram os trabalhadores para outras estufas e criaram o primeiro museu de Arcéh. E, para a surpresa de todos, puseram ali não só as benesses da história da ilha, mas também objetos sobre os equívocos, como as armas usadas durante as guerras no passado, os velhos pergaminhos com as leis proibitivas do trabalho das mulheres, objetos queimados retirados da casa de Madame Lita, a carruagem destruída de Oiv Ó Midhir e até as flechas de pontas douradas de Drenton Paberos.
Alguns acharam um exagero, outros, uma mera exposição de mazelas para maquiar a realidade dos pensamentos dos arcéh. Alguns apontaram a necessidade de "deixar os erros à vista para não tornar a cometê-los". Bom ou mau, certos ou errados, os arcéh estavam dispostos a seguir em frente.
Um objetivo ainda difícil para uma garota de olhos triste na casa do alto da colina...
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#pratodosverem | Descrição da imagem: vemos Sâmia com o semblante entristecido recostada contra uma janela de vidro. A garota vê apenas um cenário de neve, gelo e penumbra.
***
De certo modo, não houve mudanças tão significativas na vida de Sâmia. Após o período de luto, a vida pareceu ignorar a tristeza e impor o ritmo de sempre. Com o retorno de Higor para o trabalho e alçado ao título de Unagor, a menina começou a ajudá-lo na Quinta Estufa e a conviver com outras pessoas, ter responsabilidades. Isso foi bom para fazê-la esquecer dos seus fardos e deixar parte da culpa de lado. Mesmo assim, não raro Sâmia despertava de madrugada após algum pesadelo e passava dias taciturna, como se cada floco de neve trouxesse um pesar para o seu peito.