O BASTIÃO DOS UNAGOR (PARTE 1)

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#pratodosverem | Descrição da imagem: em meio a um terreno nevado, vê-se um celeiro com o telhado esbranquiçado

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#pratodosverem | Descrição da imagem: em meio a um terreno nevado, vê-se um celeiro com o telhado esbranquiçado.

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PHIL PARTIU PARA A JORNADA DOS PESCADORES DOIS DIAS DEPOIS. Desde então, Sâmia não conseguiu mais dormir. Podia negar, recusar e brigar quando as pessoas insinuavam coisas a respeito dos dois, mas a simples presença do rapaz na ilha já a deixava confortável. Podia passar semanas sem encontrar com Phil, não importava: havia uma conexão entre a Sotein e o Voggi. Era algo que a tranquilizava, pois sabia estar segura caso acontecesse algum imprevisto. No ano anterior, quando quebrara o pé em um jogo pelas ladeiras de Arcéh, Phil fora o primeiro a aparecer para lhe visitar antes mesmo da notícia ter se espalhado.

"Eu senti que você precisava de mim.", ele alegara.

Coincidência ou não, uma semana depois, Sâmia já estava de pé.

Desta vez, porém, a insônia da garota não era causada apenas pelo "fator Phil".

Primeiro, a situação em casa tomara rumos tresloucados desde a festa. Após ter sido apagada por Madame Lita e saber da ida de Sâmia à Festa de Boa Pescaria, Margareth arrumou as malas de qualquer jeito, largou algumas roupas pelos corredores da sra. Delgo, disse mais alguns impropérios à mãe e voltou para casa com a filha. Grasnou mais alguns pontos sobre a menina e, por fim, se calou. A paz reinou por alguns dias.

Poucos dias.

Quando a garota pensou estar tudo resolvido, alguém comentou com a sra. Sotein sobre a briga de Sâmia com Baa Icethy e sobre a presença de Higor para apartar a briga. Como um terremoto, Margareth Sotein explodiu de vez, retirou ela mesma a maquiagem usada pela menina para encobrir a roxidão no olho e pôs o marido e a filha para dormirem no celeiro. Há três dias, o feno, o frio e o cavalo eram suas companhias noturnas.

Não era tão ruim....

Ao menos, tinham onde dormir.

Dentro ou fora de casa, com ou sem cama, as preocupações de Sâmia continuariam as mesmas, com um incremento: o Bastião dos Unagor. Na manhã seguinte, Madame Lita entraria nos salões da Primeira Estufa de Arcéh para tomar lugar entre os Unagor. A muito custo convencera Margareth a deixar Sâmia acompanhá-la durante o encontro e, talvez por também estar com receio de alguma coisa, a sra. Sotein permitiu.

Sâmia afofou o feno sob a cabeça e puxou o cobertor até a altura do nariz. A lua dava o ar da graça e fazia a madeira do celeiro brilhar na penumbra. Invejou a tranquilidade de Rosan em seu sono cavalístico e, ao seu lado, o ressonar de Higor. O pai, já acostumado aos rompantes da esposa, sorria em seu sono como se soubesse o significado de toda aquela briga: amor. Sâmia olhou para os cabelos e a barba dele. O degradé do castanho para o branco era um indício do quanto o pai e a mãe já haviam compartilhado da mesma vida. Dormir no celeiro era somente uma vírgula naquela história de união.

O Bailarino de ArcéhOnde histórias criam vida. Descubra agora