O BRILHO DOURADO (PARTE 1)

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#pratodosverem | Descrição da imagem: em uma espécie de medalhão, vê-se uma criança, uma menina, de cabelos brancos

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#pratodosverem | Descrição da imagem: em uma espécie de medalhão, vê-se uma criança, uma menina, de cabelos brancos.

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UMA BRISA SOPRAVA E AOS POUCOS ARCÉH DESPERTAVA DO SONO GELADO DOS ÚLTIMOS ANOS E ABRIA-SE PARA O SOL. O som dos riachos era preguiçoso, mas estimulante; as flores sacudiam o resto do frio e preparavam suas cores para o grande momento. Nas casas, as pessoas escancaravam as portas e rodopiavam pelos aposentos. Abriam as janelas, estendiam tiras de tecidos vermelhos no parapeito e acordavam uns aos outros com música e abraços. No verão anterior, já quase esquecido por muitos, não comemoraram a chegada da estação devido a "algumas tragédias" contadas pelos mais velhos. Mas, após um inverno de tranquilidade, não havia motivos para não haver festa.

Em uma das residências no alto da colina, ali de onde era possível ver parte da baía de Glolk, uma Aohc de cabelos brancos andava pé ante pé com um sorriso faceiro no rosto. Foi até o quarto dos pais, abriu a porta com cuidado e, em um impulso, pulou na cama e começou a cantar aos berros:

— É hora de acordar! É hora de acordar! O inverno foi embora, é hora de acordar! As flores tão sorrindo, o céu está brilhando, o gelo está fugindo, é hora de acordar! É hora de acordar! A água está... Está... - a pequena sentou-se na cama com ar pensativo. Havia se esquecido da letra. A decorara durante todo o inverno e, no momento mais importante, a danada fugira de sua cabeça. Não tinha importância, ela concluiu. Era hora do plano B. Desceu da cama, esfregou as mãos e puxou as cobertas.

— Acorda, acorda, acorda!

Sâmia se virou na cama e olhou para a filha agitada ao seu lado.

— Lara, por favor, ainda está muito cedo... Por que você não volta a dormir?

— Mas, mamãe, o sol já está quase saindo!

— Ainda vai demorar pra ele aparecer, Lara. Onde está o seu pai?

— Cuidando do bebê.

Ainda sonolenta, Sâmia se levantou e deu um abraço na filha. Lara tinha um sorriso tão brilhante quanto os seus cabelos. Era uma menina esperta e agitada, apesar de ter nascido no meio da estação de gelo e nunca ter tido tanta oportunidade para brincar pela rua. Toda aquela agitação tinha muito a ver com isso: aquele era o primeiro dia de verão para Arcéh, sim, e o primeiro dia de liberdade para a pequena. A mãe a carregou para a cozinha onde Higor embalava o pequeno Kevin enquanto discutia com Margareth sobre como preparar um mingau.

— Se você encher de mel o menino vai adoecer, Higor!

— Só um pouquinho mais, Margareth, para de ser chata! Essas crianças precisam de vida, mulher!

— Desse jeito elas vão ser é carregadas pelas formigas.

— Bom, é melhor do que ficar com você atazanando a paciência... Ai, quem me dera!

O Bailarino de ArcéhOnde histórias criam vida. Descubra agora