02. (Amanda)

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Eu realmente não faço ideia no que se passa na cabeça da maluca da Amma e eu queria muito saber o que se passa. Ela passou a tarde inteira falando que matou o gato da vizinha só porque ele miava no teto do quarto dela, que ela quer pintar o cabelo de preto, que ela pegou o mesmo menino que a menina mais patricinha da escola dela e olha pelo que a Amma me disse a menina deu um chilique na frente de todo mundo, mas eu não estou nem aí. E eu tive que ficar ouvindo a tarde toda até que ela se cansou e foi -finalmente- embora. Depois que a doida se foi, minha bebê dormiu, e eu aproveitei pra descansar no meu quarto, que antes era da minha vó.

Acordei com um chorinho baixinho vindo do quarto da minha lindinha, me levanto e vou pro quarto dela e a encontro sentada chorando baixinho coçando seus pequenos olhos. Me aproximo de seu berço e a pego no colo, à abraço e dou leve tapinhas em sua costa e logo ela para de chorar. Caminho com minha boneca até a janela do quarto e vejo que já esta de noite, observo minha bebê pegando novamente no sono, -como que um ser tão pequena gosta tanto de dormir- meu anjinho é um ser tão pequeno e frágil, como pode ser dono de tanto amor, eu a amo tanto, tanto que não consigo descrever em palavras. Às vezes eu acho que estou cansada demais pra continuar, mas só de olhar pra minha bebê, pra minha Sophia, me faz querer estar sempre sorrindo e a disposição dela.

Boto minha filha em seu berço, que por bondade de uma senhora aqui do morro temos ele, minha bebê nem se meche só suspira enquanto dorme. Fico a observando enquanto dorme, ela é tão angelical. Fico mais alguns minutos olhando para minha doce filha até que ouço uma batida forte na porta e saio rápido do quarto e fecho a porta para que minha neném não acorde, suspiro ao ver que Sophia não acordou. Vou até a porta e a abro com um pouco de receio de ser a Amma gritando, mas tomo um susto e acabo dando um leve passo pra trás anunciando meu medo, é um homem alto, branco e com à barba mal feita, ele é bem bonito.

-Posso ajudar? -digo abrindo mais a porta para que dê espaço, para que o moço entre

-Não sabe quem sou? -ele entra e eu me deparo com uma arma enorme atravessada em sua costa

-É... não, por que? Deveria? -digo me sentando na pequena poltrona do canto da sala

-Sou o sub-chefe do morro, -ele ergue uma sobrancelha -Como você não sabe, eu ando sempre pelo morro, sempre estou nos bailes!

-Desculpe, mas eu nunca vou nos bailes e não saio de casa a um ano, desde a morte da minha vó. Então não tem como eu conhecer você. -digo falando como se fosse a coisa mais óbvia.

-O que faz tanto nessa casa? -ele se senta e tira sua arma e coloca no sofá, o que me faz ficar assustada e acabo transparecendo isso e ele percebe -Não se preocupe, não vou te matar, só ando com ela por segurança.

-Eu tenho um bebê. Seu nome é Sophia, e cuido dela sozinha aqui. -ergo uma sobrancelha em sua direção -O que veio fazer aqui? -me mecho na poltrona

-O chefe me mandou, andaram dizendo que tinha uma moradora sozinha nessa casa e ele me mandou pra conferir! -ele me olha -Quem cuida de seus gastos, e da criança?

-Tenho uma poupança que fiz quando estava trabalhando, mas já está acabando, minha amiga Amma me ajuda como pode.

-Então você vive de ajuda? -ele olha por toda a sala -Conheci sua avó. Era uma pessoa incrível, nós demos essa casa pra ela, a considerávamos muito.

-Minha vó me ajudou tanto, ela me acolheu quando mais precisei e cuidou de minha filha quando eu estava mal! -digo baixando a cabeça

-Poiser, então... Eu tenho que ir, qualquer coisa vai lá na boca falar com o chefe, ele tem fama de malvado, mas seu coração não é um gelo completo! -ele se levanta e ouço uma batida na porta

-NANDAAA, NANDAAA, NANDAAA! -a maluca grita entrando na sala, tinha me esquecido que não tranquei a porta.

-Da pra parar de grita Amma, a Sophia está dormindo! -ela me ignora completamente e olha pro sub que ergue uma sobrancelha.

-Olha lá, o poderoso chefinho! -Amma diz ainda encarando o sub

-A maluca assassina de gatos! A dona Beth ainda não perdoou!

-Não pedi desculpas, aquele gato era o próprio capeta. -ela finalmente me olha -Nanda sua filha não tem mais o que fazer não? Só vive dormindo essa guria!

-Chama minha filha de guria mais uma vez que eu arranco essa sua língua. -digo e me volto para o homem na sala -Ainda não sei seu nome?

-Pedro, mas me chame de PR. Até a próxima, valeu! -diz pegando a sua arma e saindo

-Você deveria ter mais educação -digo para Amma.

-E você deveria ter companhias melhores!

Realmente, Amma é uma completa maluca. Minha amiga veio com um papo que brigou com a mãe e quer dormir aqui, e como sou uma pessoa bondosa, deixo. As pessoas aqui são bem fofoqueiras hein, essa gente não perde a oportunidade de falar, não sei como não falaram ''mãe solteira morando sozinha em casa de uma falecida'' , meu deus, eu mereço.

















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continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora