23. (Amma)

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Minha relação com o PR sempre foi aberta, tipo eu não gosto dele, alias não suporto, mas ele é um gostoso do caralho, não da pra resistir, ele pega quem ele quiser, eu não ligo, e eu pego quem  eu quiser, e ele não tem que ligar também.

Eu sempre deixei bem claro que eu não sou dele e ele não é meu, mas aí nas horas vagas a gente é da gente.

-Tenho que ir! -ele diz vestindo sua camisa e botando sua fuzil na costa.

-Tá! -digo me levantando -E não esquece relaciona... -fala mais ele me interrompe logo.

-Relacionamento aberto, eu já sei! -diz e eu revirei os olhos, pego meu vestido que está jogado no chão e começo a vestir minha lingerie que estava na cama.

-Me deixa naquela praça do açaí do doida por um copão! -digo tentando abotoar o vestido, vou até ele e me viro, ele parece entender e abotoa logo em seguida.

-Você tomou açaí ontem de noite sua draga! -diz e eu revirei os olhos.

-Idai, tomo no café, no almoço e no jantar se eu quiser! -digo calçando meus lindos saltos azuis.

-Grossa! -diz e eu lhe mostro o dedo do meio, arrumo meu cabelo e olho pra ele -Vem! -ele diz saindo do quarto.

Subo em sua moto e ele logo saí direto pra praça, chegamos rápido, ela não é longe mas eu odeio andar, principalmente quando tenho carona. Desço da moto olho pra ele, dou uma piscada e saio andando fingindo que nem conheço.

Compro meu copão de açaí e me sento em um dos bancos da praça, ainda era de manhã eu acho, só sei que ta claro, olho pros lado e vejo casais se beijando e crianças brincando, eu amo esses horários, o ar fresco, as pessoas curtindo suas vidas, é tão bom ver a felicidade alheia, você se sente até melhor.

Eu tinha um sonho de ser mais do que eu sempre fui, mas com o tempo eu percebi que se eu quisesse fazer isso eu tinha que apenas não ser o que as pessoas querem que a gente seja, ou pelo menos ser o que sou sem me preocupar com a opinião ou o que vão falar das minhas atitudes.

Então eu resolvi só ser eu, resolvi brincar com o tempo, não perde-lo, ser apenas o que sou, com ou sem julgamentos. Botei na minha cabeça que a vida é minha, minha. 

-Oi! -me assusto com um toque no meu ombro e olho pra trás vendo a irmã do poderoso chefão. -desculpa! -ela diz meio sem jeito.

-Tudo bem! -digo suspirando e botando uma colher na boca.

-Uma... -ela olha pro chão e pega uma moeda que estava jogada -moeda por seus pensamentos!

-O quanto é bom aqui! -ela olha pra mim e se senta ao meu lado olhando pra uma crianças que corriam.

-A praça? -pergunta e eu nego com a cabeça.

-O morro, a cidade, a vida sabe, é tão bom apreciar essas coisas! -digo e ela suspira e olha pra mim.

-Não foi atoa que eu voltei! -diz e eu olho pra ela.

Nossa que merda, como ela ta magra, ela saiu daqui não era assim não!

-O que houve, você tá muito magra menina? -pergunto e ela bufa, parece meio irritada.

-Pode ter certeza que não, -diz e eu faço uma cara de assustada -esquece! -diz e eu dou de ombros e me viro pra olhar a praça. 

-Você voltou né! -digo com uma voz esquisita e ela ri -O VN ta ai né! -digo e ela revira os olhos.

-Poise ,ele ta lá e eu aqui, o quanto mais longe melhor! -diz e eu prendo o riso. -Vocês são tão patéticos!

Olho pro meu copo, e eu nem tinha percebido que já tinha acabado, me levanto e jogo no lixo bem próximo do banco.

-Então eu já vou, minha mãe deve ta arrancando os últimos fios de cabelos por saber que eu não tô na escola! -digo e ela ri -até uma próxima!

-Até! -diz e eu saio.

Vou andando até chegar em casa, entro e dou graças a Deus por minha mãe já ter saído, me jogo no sofá e fico imaginando, como seria se eu fosse normal, sabe, uma garota normal, com objetivos, ter um ótimo emprego, um casamento, filhos. ECA. dessa droga eu ainda não uso! tô bem aqui, aliais tô ótima!

























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continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora