58. (Amma)

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Termino de fritar todos os pedaços de frangos que estão temperados, coloco todos em uma pequena forma de alumínio e ponho na mesa, eu e minha mãe iríamos almoçar agora, já era 12:37, mamãe tinha acabado de sair para comprar um refrigerante, sentei na cadeira e pego meu celular para esperar ela voltar. Logo ela entra na cozinha e põe o refrigerante na mesa se sentando logo em seguida, ela sorrir ao ver que tudo já estava pronto e começa a se servir, me junto a ela e logo começamos a comer.

-Vou levar os documentos hoje mesmo! -digo olhando para o arroz.

-Tem certeza que quer fazer isso Amma? -mamãe fala com um tom de tristeza em sua voz -Nunca foi seu sonho querida!

Sempre planejei viver no morro e deixar que minha vida tomasse seu rumo do jeito que ela quisesse, mas hoje eu entendo que preciso de um futuro, vou me formar dentro de alguns dias, e a alguns meses atrás não tinha nenhuma idéia do que iria fazer depois da escola, mas sinceramente eu preciso ter algo para fazer, e eu meio que me decidi, não tenho mais nada melhor em mente, então eu resolvi ir logo atrás de uma universidade, e um de meus professores me indicou para uma universidade em Toronto, eu sei que vou ter que modificar tudo se der certo.

-Vai ser bom para mim mãe, não se preocupa ok! -digo segurando sua mão, ela me olha com os olhos apertados.

-São 4 anos Amma, o que vai ser de mim durante quatro anos sem você? -ela diz já com lágrimas nos olhos.

-Não se preocupa minha velha, eu vou voltar -digo me levantando e abraçando ela pelo pescoço enquanto ela está sentada -Olha mãe, além de eu estudar em uma ótima universidade, ainda vou ter o dobro das oportunidades que eu teria se ficasse aqui, nunca pensou em sair desse morro e morar naqueles apartamentos chiques e cheios de quartos? poxa a gente vai ser feliz mãe!

-A gente já é feliz Amma! -ela se levanta com raiva e pega seu prato levando para pia. -Eu dei minha vida para dar tudo para você, e você resolve agora me deixar por 4 anos!

-Eu não estou deixando você mamãe, eu vou estudar e vou voltar com muita mais oportunidades pra nós duas mãe, não é só pra mim, estou pensando em nós duas poxa! -digo caminhando atrás dela.

-Eu podia proibir você, você não tem dezoito anos...

-Não mãe, minha vida toda você me deu liberdade para tudo, agora você quer me obrigar a desistir de uma coisa boa que não é só para mim?! -digo com raiva e ela me olha ainda derramando algumas lágrimas, entendo que ela deve estar muito triste, mas ela como minha mãe tem que me apoiar.

-Tudo bem Amma, faça o que achar melhor, mas não conte comigo!

Ela saí da cozinha com raiva, me sinto mal sabendo que estou deixando ela triste, mas poxa, é uma coisa que eu decidi para o meu futuro, eu quero dar partida nisso, eu sei que são quatro anos, mas é o que tenho, eu não irei desistir disso, vou finalmente lutar por alguma coisa na minha vida.

Sento na mesa e derramo algumas lágrimas, sinto uma pequena dor no meu peito, uma angústia que me leva a derramar mais lágrimas, me levanto e arrumo a mesa, logo termino e caminho para meu quarto, vou terminar logo isso por hoje, quero obter esses resultados em breve.

Entro no meu quarto e faço uma careta para toda a bagunça que estava sobre minha cama, tiro minha roupa e entro no banheiro, tomo um banho rápido e logo me seco, saio do banheiro e procuro uma roupa que não seja tão social, quero estar eu mesma, mas bem arrumada.

Logo termino de me arrumar, e saio pegando todos os documentos e minha bolsa. Assim que saio de casa vejo PR do outro lado da rua, ele me vê e em um pulo ele está na minha frente.

-Ei, quero bater um papo contigo! -ele diz coçando a cabeça meio agitado.

-Eu estou um pouco atrasada, será que eu posso passar na sua casa depois? -digo tentando sair da frente dele.

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora