46. (Lukas)

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Segunda-feira

Dou outro soco forte na mesa, boto toda a minha raiva pra fora, descontando tudo na mesa que já parece rachando.

-Ah qual é mano! -PR toca meu ombro, o empurro devagar e caminho pela pequena sala.

Depois de ontem eu e PR tivemos que sair de madrugada por um chamado do Vitin, um vapor descobriu que a merda de um policial teve no morro ontem.

-Isso é sério porra! -bufo irritado passando a mão na testa.

-Eu sei, mas quebrando as coisas assim não vai te levar a lugar nenhum! -o olho e ergo uma sobrancelha.

-E se eu quebrar a sua cara, deve me levar a algum lugar! -dou um sorriso sem vontade que logo é desfeito com a entrada de VN.

-Era uma mulher, aparentemente uns 30 e poucos anos, ruiva, é uma agente, não sei o que fazia aqui, mas eu descobri que ela ficou no Morro por exatos 27 minutos, entrou num táxi que pegou na entrada do morro, e simplesmente evaporou! -diz se jogando no sofá.

-Eu quero saber pra onde ela foi, com quem falou e porque! -disse me virando pra PR.

-Desculpa aí grandão, mas eu tentei saber de tudo, só que ninguém viu nada nem escutou!
-VN diz se relaxando no sofá.

-Mas só pode ser uma brincadeira! -Bufo rodando os olhos.

-Tá bom então... vamos fazer assim, eu vou falar com uns policiais q eu conheço e vou ver se eles à conhecem!

Confirmo com a cabeça e ele apenas sai sem nenhuma cerimônia.

VN fica me olhando com uma cara de cu mal comido, rodo os olhos e me jogo na cadeira.

-Eu acho que o máximo que essa ruiva deve ter feito, é colhido informações! -VN diz tranquilamente abrindo uma embalagem de chocolate.

-Isso Vinícios é o que mais tememos! -digo tentando ficar o mais calmo possível.

-Tanto faz! -ele diz mastigando seu chocolate, novamente reviro meus olhos.

-Sabe o nome da ruiva? -pergunto olhando pra ele que agora está olhando seu pacotinho com uma cara nojenta.

-Não! Ela tava bem disfarçada e tava sozinha, talvez ela só tenha vindo visitar uma amiga ou parente sei la!

Uma amiga?

-Mas VN presta atenção, Ela nunca veio aqui, que amiga ela veio ver! -digo me sentando direito na cadeira.

-Uma moradora nova! -diz dando de ombros.

Moradora Nova?

-Não temos moradores novos! -respiro fundo, -Amanda!

-O que? Ela? Amanda? Cê tá louco, a mina não é nova aqui! E depois, ela não tinha nem um amigo ou parente né!

-Uma ligação fora do morro!

Sim é isso, só pode ser isso!

-O que?

- Nada!

Me levanto e corro pra porta sendo observado por VN, apenas saio e subo na minha moto em direção a minha casa.

Dei o celular pra ela esses dias, não acredito que vacilei desse jeito, ela só pode ter ligado pra Polícia.

Logo chego em casa, desço rápido da moto e entro em casa como um furacão, vejo Geeh sentada com Amanda no sofá, Geeh me olha confuso mas Amanda não, ela parece de algum jeito bem assustada.

-Você... -ando a passos largos até Amanda que tenta se levantar mais eu sou mais rápido.

Agarro o seu pescoço e o aperto com se tivesse espremendo um pano, sinto meu sangue ferver, a raiva que estou sentindo parece não diminuir em nenhum minuto.

-O que você tá fazendo Lukas? -Geeh pergunta parecendo bem preocupada.

-Chamou a polícia foi! -digo sorrindo jogando a maldita no chão.

Ela dá um grito não muito alto, geme de dor mas eu continuo na mesma adrenalina.

-Do que você tá falando! - Geeh diz correndo até Amanda que se contorce no chão.

-ME DIZ! -grito puxando o cabelo de Amanda, ela agarra minha mão na tentativa de diminuir a dor. -DIZ QUE NÃO É VERDADE!

Subo as escada puxando o cabelo dela; ouço seu corpo bater em cada degrau, mas não consigo sentir pena.

-Por favor... -ouço ela sussurrar.

Entro no quarto jogando ela na cama, subo em cima dela distribuindo vários tapas em seu rosto.

-CHAMOU A POLÍCIA? -pergunto novamente.

- não...

-CHAMOU?

-não...

-FALA A VERDADE! -puxo seu cabelo botando seu rosto bem perto do meu.

-eu não chamei... -ela sussurra fechando os olhos.

Largo ela na cama e me afasto olhando seu corpo jogado cheio de sangue.

O que eu fiz?

-AMANDA? -olho pra porta vendo Geeh com os olhos cheios de lágrimas- AMANDA -Ela corre até a menina jogada na cama e senta ao seu lado botando o ouvido perto de seu peito.

Por um momento tudo parecia tão bom, mas agora tudo parece tão assustador.

-SEU MONSTRO, OLHA O QUE VOCÊ FEZ! -sinto socos fracos no meu peito, olho para Geeh e várias lágrimas descem por seu rosto.

Monstro, é isso, é isso que eu sou, um Monstro!

Geeh para de me bater, ela pega o celular e treme muito, parece bem nervosa.

Corri até o corpo de Amanda jogado meio da cama e simplesmente a pego nos braços e corro, o mais rápido possível até meu carro, que está na garagem.

Não posso perde-la, não agora, não depois de tudo, depois dela simplesmente roubar os sentimentos que eu nem sabia que podia sentir, eu preciso dela, ela é minha Amanda e eu preciso dela.














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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora