48. (Amanda)

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Eu resolvi me tratar como uma prisioneira, tipo como uma prisioneira age. Já que eu virei uma e eu não tô exagerando, minha comida vem numa marmita que um vapor vem entregar.

Eu não vejo alguém tem bem umas quatro semanas, não sei como Alice ficou, mas ela deve está bem, pelo menos não está trancada.

Não entendi exatamente o que ele ganha com isso, na verdade eu que saí ganhando entre aspas, fico longe dele, me sinto bem, bem disposta e nada quebrado olha que legal.

O ruim é ficar longe da minha pequena, eu sei que ela está bem e segura mas é tão ruim ficar longe dela, não poder sentir suas mãozinhas tocando meu rosto, seu cabelinho roçando na minha pele e ouvir seus resmungos reclamando de alguma coisa que só ela sabe.

Nessas quatro semanas que estive aqui, parei pra refletir bastante sobre os últimos acontecimentos, não lamentando sobre sofrimento, basicamente estou exausta de lamentar, eu tentei fazer alguma coisa, tentei ser forte e confiante, mas nada deu certo e eu só pensei que sendo corajosa iria á algum lugar.

Só que o que eu consegui foi mais dor e mais castigo!

O quarto que estou não é muito grande e na verdade é bem confortável, o único problema é que é muito abafado, mas dá pra viver.

-Saudades? -a porta se abre revelando Pedro com sua fuzil atravessada.

-Ah Meu Deus! -corro em sua direção e o abraço, ele passa seus braços em minha volta.

-Parece feliz! -diz me afastando, ele apenas tira sua fuzil jogando na cama.

-Bom, estou feliz por te ver, mas não aguento mais ficar aqui! -digo me sentando na cama.

-Que sensibilidade com o meu lar! -ele diz fingindo um susto.

-Onde estamos? -pergunto surpresa.

-Você esta em um dos quartos da minha agradável e bela casa, e quando eu disse um dos quartos não quer dizer que tem vários, na verdade só tem dois então acostume-se com esse! -ele diz dando um sorriso de lado.

-Estamos na sua casa? -pergunto sorrindo surpresa.

-Sim, e olha que não é qualquer um que vem na minha casa não! -ele diz e eu começo a rir.

-Amma disse que já veio aqui! -digo rindo.

-Amma é um exceção que não vem ao caso agora! -ele diz fechando a cara, -Essas últimas semanas foram tão corridas que eu quase não parei em casa, tô cansado pra caralho e preciso da minha cama, mas lembrei da sua existência e vim ver como você estava!

-Nossa obrigada pela parte que me toca! -ele apenas abre um sorriso- Eu estou bem, quer dizer não tão bem por estar presa, mas me sinto bem melhor aqui do que lá naquela mansão mal assombrada!

Ouço sua risada abafada, então derrepente não sinto mais a necessidade de falar, só parece que é o momento certo pra ouvir.

-Minha mãe foi embora com minha irmãzinha quando eu me tornei sub do morro! -vejo ele sentar e descasar a cabeça na parede -Acho que foi vergonha demais pra ela, e eu não sei porque tô falando isso pra você agora assim do nada, mas parecia que eu precisava desabafar com alguém que me entendesse!

Ele suspira e fecha os olhos como se fosse tirar um cochilo, mas apenas começa a falar novamente.

-Eu só sinto que deveria ver elas, mais eu só consigo ver a indiferença que elas tem por mim e por mais que eu tente permanecer firme, eu só desabo e parece que não existe fim!

Sinto mágoa e tristeza em sua voz, mas a necessidade dele de falar me faz ficar calada e escutar.

-A vontade que eu tô de simplesmente desistir e voltar pra minha família é grande, mas eu sinto que formei uma família aqui, uma família que não me julga e que tá comigo e parece que sempre vai estar! -ele diz e vejo seus lábios formarem um sorriso.

-Meus pais me expulsaram de casa quando descobriram que eu estava grávida, era uma vergonha pra eles ter uma filha sem futuro, e eles precisavam me apagar completamente de suas vidas, e eu penso pouco sobre isso, as vezes eu acho que penso pouco demais e deveria me importar mais, só que por que se importar com quem não se importa com você, então eu simplesmente esqueço! -desabafo me deitando na cama -Mas não tiro a sua razão de querer vê-las, só quero te dizer que por mais que queira você tem sempre pensar nos dois lados; o seu e o dela, pense no que poderia dar errado, mas não deixe de pensar no que daria certo, é a sua família e diferente do meu caso, da pra ver que você ainda as ama e se importa!

Ele abre os olhos e sorrir, mas logo volta a sua posição. E temos mais um longo tempo de silêncio até o ponto onde não sei se ele está acordado ou dormindo. Logo me encontro contando cada telha; e isso me faz variar meus pensamentos me fazendo pegar num sono profundo.











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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora