47. (Lukas)

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Sabe quando você se sente um merda por ter feito algo que agora preferia não ter feito, mas quando estava fazendo se sentia forte, poderoso e homem o suficiente pra não sentir nenhum tipo de pena.

Se você já se sentiu assim, eu te entendo perfeitamente!

Tô com uma vontade de cavar uma cova bem funda e me enterrar, a vergonha que estou sentindo por ter que olhar pra ela e fingir que me sinto ótimo em relação ao que fiz é imensa.

Olhar pra ela desarcodada e toda machucada e saber que não é a primeira vez me faz sentir uma merda de um vazio por dentro que só ela, com seu jeito sempre tentando parecer forte e confiante, sempre escondendo seu sofrimento e escondendo suas lágrimas carregadas de dor, só ela me preenche de uma forma inexplicável, a forma como eu gosto dessa menina é inacreditável.

Eu poderia simplesmente dizer que a amo e quero ela pra mim pra sempre.

Mas não é bem assim, eu não consigo dizer que a amo, não posso nem mesmo deixar que essas simples palavras deixem minha mente em completo transe e que eu acabe me enrolando mais e me deixando levar por uma paixão que talvez acabe amanhã.

Descobrir que existe mais do que eu sou acostumado a sentir é diferente eu diria até estranho.

Aqui sentado numa pequena cadeira de madeira do lado de sua cama a olhando de olhos fechados e tão tranquila faz meu coração falar comigo de uma maneira que eu não entendo.

Eu queria poder acorda-la e dizer o quanto me sinto podre por tê-la deixado nessa posição, por quanto tê-la humilhado, por tê-la feito chorar e por ser um ogro sem coração.

Queria gritar tudo isso e me jogar ao seus pés e fazê-la me perdoar.

Mais é como uma força que me faz da dois passos pra trás e negar com a cabeça com o orgulho na mão.

-Se perdoar parece mais difícil do que querer o perdão ne! -sinto uma mão no meu ombro e vejo Vinícios parado olhando pra Amanda.

De algum jeito parecia que ele leu minha mente.

-Ou implora-lo! -dou um sorriso sem vontade, ele apenas suspira se sentando na beirada da cama.

-Eu não sei como te ajudar meu irmão, mas eu posso tentar! -o olho esperando por mais -Eu ainda não tive coragem de conversar com a Geovana!

Apenas abaixo a cabeça e ele continua.

-Quando a gente começou a ficar eu tava muito apaixonado e já imaginava a gente com filhos e tudo, mais ela foi embora e me deixou aqui, sem nem olhar na minha cara e dizer que voltaria pra mim! Eu me senti um merda, tentei superar  ela, me drogava, transava com varias, mais Geovana não saia da minha cabeça, quando eu descobri a tal doença dela, me senti mais bosta ainda, eu queria pegar ela e colocar num pote e guardar comigo sempre, foi quando eu descobri que ainda a amava tanto quanto antes, não sabia que era capaz de amar tanto uma pessoa como eu amava ela, eu só queria ela, eu só quero ela, quero ela comigo pra sempre dentro do meu pequeno pote!

Olho e vejo pequena lágrimas descerem por seu rosto.

-Eu posso ser todo maluco brincalhão, mas eu reparo na coisas mano, e sempre que você ta com ela, você tenta esconder mas é óbvio, seus olhos brilham, você sorrir mais e é legal!

Eu?

-Você machuca ela como um modo de defesa, sempre que começa a sentir alguma coisa, quer quebrar isso ao meio e machuca ela pra se sentir melhor!

Resumindo eu sou um idiota possessivo!

-Talvez eu não consiga admitir pra Geovana que eu a amo, mais pelo menos eu admiti pra mim!

Ele apenas dá uma piscada e saí.

Eu consigo admitir? Eu simplesmente consigo?

Consigo olhar meu reflexo no espelho e dizer que amo essa garota, amo mais que tudo?

Não!

Eu consigo  parecer forte e seguro por fora, mas por dentro eu sou fraco e vazio, admitir que amo ela é muito pra mim, e eu não posso, não posso dizer que  a amo e depois a magoar e machuca-la, fazê-la sofrer e de novo me sentir um merda.

Me levanto e saio do quarto quase  correndo, subo na minha moto e saio em direção ao lugar mais alto do morro.

Sem demorar muito chego, já estava anoitecendo e o por do sol estava lindo, me sento num tijolo olhando a paisagem. O morro visto assim é um lugar tão lindo e especial.

Venho aqui sempre que preciso pensar, e agora eu preciso decidir o que fazer com tudo o que esta acontecendo, e com tudo que ando sentindo.

Se eu ficar longe dela talvez eu descubra que o que eu sinto seja só uma ilusão. E eu preciso que seja apenas isso, preciso que Amanda Mendes saía da minha cabeça o mais rápido possível.














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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora