A Menina Do Morro

55. (Geeh)

Procuro o Vinicius em todos os lugares, caminho por um corredorzinho entre umas casas e chamo por seu nome, não ouço nada em resposta.

Quero conversar com ele, eu decidi que não me importo se ele está chateado comigo por eu ter ido embora, era meu sonho, e eu não ia abrir mão disso, eu voltei, e ele está aqui, eu amo esse menino, amo ele mais do que tudo, e eu vi isso durantes esses dias, eu amo muito ele e não vou deixar que seu orgulho bobo faça ele esquecer tudo o que tinhamos e atrapalhe tudo o que teremos.

Caminho mais rápido, eu perguntei de alguns vapores se o viram, e a maioria apontou para esse lugar, tento chegar mais rápido, hoje é o dia mais feliz da minha vida e eu quero ter ele do meu lado, como meu homem.

-vai devagar amor... -ouço uma voz baixa vindo de um beco, resolvo não entrar nesse beco para não atrapalhar a foda de sei la quem -VN vc está me machucando...

Meu coração bate mais forte assim que ouço essa frase, corro com todas
as minhas forças ao encontro da voz, assim que chego minha respiração falha ao ver a cena, ponho minha mão na parede e baixo minha cabeça prendendo as lágrimas que querem sair, eles não percebem minha presença, tento sair discretamente, mas acabo tropeçando em uma garrafa de vidro e caiu em uma poça de lama e digo adeus ao meu lindo vestido, nesse momento não aguento e choro, as lágrimas descem e eu bato no chão com força.

-Geovana! -olho para cima e Vinicius está parado na minha frente com sua mão estendida, não a seguro, levanto sozinha e tento sair o mais rápido possível dessa humilhação. -GEOVANA!

Corro com pressa, logo reconheço onde estou e saio dali, subo uma pequena ladeira e logo chego ao local da inauguração, olha para tudo e depois olho para mim, me sinto impotente, me sinto humilhada, eu sei que não estamos juntos, e que ele não é meu, mas dói tanto.

Avisto Pedro dançando uma mulher, corro até ele que se assusta ao me ver toda lambuzada.

-me tira daqui por favor -falo como uma suplíca, choro mais assim que ele me abraça, estou sujando toda sua camisa mas ele parece não ligar, ele me acolhe em seus braços enquanto me tira daquele lugar, algumas pessoas nos olham, mas a maioria respeita e só olha mas desvia o olhar.

A maioria dos convidados são amigos meus que não são do morro, como a minha vida toda estudei fora do morro, eu tenho mais amigos lá do que aqui, mas por conta do Vinicius e do Pedro eu conheço algumas pessoas da favela.

-Entra -Pedro abre a porta para mim, entro de cabeça baixa e me encolho no banco.

Lembro de toda a cena, Vinicius encostado na parede e Débora na sua frente, eles se beijavam, Vinicius apertava sua cintura, acho que por isso ela reclamava tanto, eu não consegui ver tanto, mas o que eu vi já foi o suficiente para entender que Vinicius não faz mas parte do meu mundo.

Chegamos na entrada da minha casa, olho para o portão e vejo o carro de Lukas parado na frente, não estou com cabeça para ele e suas paranóias.

-Aqui não Pedro! -ele me olha e sai com o carro, agradeço por ele não falar nada, ele só dirige e eu olho pela janela.

Vejo pela janela que chegamos na casa de Pedro, ele me olha e logo sai do carro, a porta é aberta e caminhamos até a entrada de sua casa, eu já vim aqui algumas vezes, lembro quando eu chegava bêbada e o Pedro me levava para sua casa, era nosso segredo, meus pais não podiam descobrir.

-Pode ficar o quanto quiser, é sua também! -ele diz sendo simpático, me sento em uma cadeira que está bem perto do sofá, não quero sujar nada então sento ali mesmo.

-Eu quero tomar um banho, posso usar alguma roupa sua? -ele rir e me estende a mão, eu a seguro e ele me puxa, caminhamos até seu quarto e ele pega uma blusa grande e me entrega. -Obrigado!