67. Amanda

24 1 0
                                    

-Patroa, tem certeza que o VN não vai ficar bolado, aquele bicho é pior que o LK. -Um menino não muito mais novo que eu, diz me rondando na sala de LK, que agora quem usa é VN, detesto estar aqui, mas como disse que iria ajudar, vou ajudar.

-Como é o seu nome? -Pergunto sem olhar para ele, já havia dez minutos que eu tinha chegado na boca, entrei sem dizer nada, estava procurando a papelada das mercadorias da última semana e nem sinal delas, aquele lugar estava uma zona, eu achava coisas de 2004, mas não achava os das últimas semanas. 

-ZW patroa. -Ele diz e pelo seu tom de voz, estava com medo.

-Seu nome de verdade. -Digo.

-José.

-E por que ZW? -Pergunto.

-Meu pai me chamava de Zeca, e meu outro nome é Willian, então quando LK perguntou como eu queria ser chamado, falei ZW. -Ele diz parecendo mais tranquilo, mas ainda nervoso.

-Então pronto, Zeca? -Olho para ele e ele confirma, parecendo confortável. -Sabe ler?

-Sei sim senhora. 

-Me ajude então, venha. -Ainda nervoso ele se aproxima. -Procure nessa caixa, tome. Datas, dos últimos dias, pelo menos de duas semanas até hoje, o que achar me entregue.

Ficamos ali pelo menos durante uns vinte minutos, em total silencio. Mas eu podia sentir que ele estava mais focado do que nervoso, era um bom garoto. 

Eu havia voltado a morar no morro, depois do acidente, eu queria estar aqui, ajudando como posso, principalmente por Geeh, ela finalmente estava bem, e então o acidente aconteceu, e ela só desmoronou, ela tinha parado de lutar, o único dia que esteve feliz, foi no dia que recebemos a notícia que LK estava vivo de novo. Depois daquele dia foi só ladeira abaixo, enquanto estávamos juntos, fingíamos que estava tudo bem, colocávamos uma máscara e tentávamos desesperadamente estar feliz de novo, mas a verdade estava bem distante.

Dona Cecilia estava com Sophia, era a única felicidade da casa, na maior parte do dia, até seu chora era motivo para sorrir, era isso ou viver como Geeh. E já bastava termos que cuidar dela todos os dias para que ela não desista como todos nós queríamos, não podíamos fazer o mesmo. Só tínhamos que estar ao seu lado. 

-Acho que encontrei algo. -Ouço a voz do menino, ele não estava tão longe de mim, me viro e pego o papel que estava em sua mão.

-Está certo. Onde encontrou esses? 

-Nessa caixa, acho que estão todos da última semana. -Ele diz que realmente estava certo, ali estavam papeladas de uma semana inteira.

-Você tá certo Zeca, procure da outra semana, preciso das duas. -Ele apenas confirma com a cabeça e eu me sento na cadeira de Lk, coloco toda a papelada em cima da mesa e começo a vasculhar, eram muitos números e a letra deles era péssima, mas aquilo mesmo parecia só uma confusão, como uma estratégia, eu deixaria passar aqueles papeis por apenas não entender o que estava escrito, o mesmo deve ter sido feito por algumas semanas, quem diria se LK não fez o mesmo. 

-Achei. 

-Me dê. -Novamente vejo todos os papeis, dessa vez estavam diferentes, a letra era outra, mas a assinatura era a mesma, a mesma pessoa assinou duas semanas seguidas, mas não foi a mesma pessoa que contabilizou as mercadorias e o armamento.

Ouvimos a porta abrir e VN entra por ela com sangue em sua roupa, levanto-me rapidamente da cadeira no susto, imagino que ele esteja ferido.

-Não é meu. -Ele disse se referindo ao sangue, tira sua blusa e se joga em um pequeno sofá. -O que achou?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Nov 25, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora