A Menina Do Morro

27. (Amanda)

Abro meus olhos devagar e sinto uma pontada muito forte na minha cabeça, minha intimidade ardia, de repente todas as lembranças de ontem invadem minha mente, me sento devagar na cama e olho ao redor, eu estava sozinha no quarto, abaixo minha cabeça e lagrimas grossas descem do meu rosto, escuto batidas na porta, passo a mão no meu rosto e Geeh entra no quarto sem muita cerimonia se senta ao meu lado e me abraça forte.

Me desespero e começo a chorar mais, ela me afasta e passa sua mão em meu rosto.

-Eu sei querida, calma! -diz e tenta tirar o lençol de cima de mim, mais hesito e ela pega em minha mão -Eu sou sua amiga aqui!

Fecho meus olhos e ela tira o lençol de mim e por um momento pensei que ela avia saído do quarto, mais não, abri meus olhos e ela estava em pé com as mão no rosto, olhei pro meu corpo, e vi varias marcas por todo o corpo, ela ficou calada, provavelmente não sabia o que falar.

A porta se abriu novamente e Amma entrou e me olhou, ela congelou no lugar e eu baixei minha cabeça, ela também ficou calada, fechou a porta e veio até mim, as duas me ajudaram a levantar, minha intimidade ardia muito, andei meio torta até o banheiro, Geeh ligou o chuveiro e Amma entrou comigo de roupa e tudo, fechei meus olhos sentindo aquela água gelada cair sobre meu corpo.

Amma me ajudou a tomar banho, não tive vergonha delas estarem me olhando, percebi naquele momento quem estava do meu lado, não eram meus pais, eram apenas duas garotas faveladas que conheci, e além disso eram minhas amigas, não importa o que elas são ou quanto elas tem, elas estavam cuidando de mim e eu agradecia por aquilo.

-Vem! -Geeh disse estendendo a toalha, saí do banheiro enrolada na toalha.

Me sentei na cama e logo Amma saí do banheiro, ela pega um vestidinho soltinho e Geeh me ajuda a vestir, Amma também troca de roupa, Geeh amarra meu cabelo em um rabo de cavalo.

-Não! -digo quando Amma tenta passar um pó no meu rosto, eu sei que estou acabada, meu rosto está péssimo, mas eu quero me sentir leve.

Amma entende e ela e Geeh me ajudam a sair do quarto, desço as escadas e elas me levam pra cozinha onde VN, PR e LK estavam tomando café, os dois me olham mais LK não chega a me olhar, me sento e as duas me servem café, logo elas sentam também, tomamos café calados, ninguém falou nada, todos pareciam muito pensativos, não olhei pro LK nenhum momento.

Dona Cecilia entra na cozinha com Sophia nos braços, ela me olha e baixa sua cabeça, vem até mim e eu pego Sophia que bate palmas, sento ela no meu colo e a mesma sorri.

LK se levanta e da um beijo na testa de dona Cecilia que sussurra alguma coisa em seu ouvido, ele caminha até Geeh e também deposita um beijo em sua testa -sinceramente vendo ele assim nem parece aquele monstro de ontem- pra minha total surpresa a peste vem em minha direção e se abaixa pra me da um beijo, mas eu viro meu rosto, e como ele é um bruto, ele me puxa e sua boca vem de encontro a minha, não foi como ontem, esse beijo não foi necessitado, foi apenas um beijo.

Ele saí e percebo que ninguém me olha, nem olha pra ele, PR se levanta deixando sua xícara na pia , ele faz o mesmo ritual que LK fez, e quando vem em minha direção com um olhar indecifrável, ele me abraça e beija minha testa, saí logo depois VN se levanta.

-Duas horas eu tô aqui! -diz e põe sua xícara na pia, logo saí sem nenhuma cerimonia.

-Hoje nós vamos fazer compras! -Amma diz se levantando.

-Vocês vão onde? -pergunto sem muito animo.

-Nós vamos no shopping!   -olho pra ela depois pra Geeh que sorrir -Poiser, o poderoso chefão deixou você ir com a gente! 

-Só que a praga do VN tem que ir com a gente!- Geeh diz revirando os olhos, sorriu e me levanto vendo dona Cecilia pegar Sophia.

-Não quero ir gente, meu rosto ta destruído! -digo e ajudo Geeh a arrumar a mesa

-Você vai sim, sabe lá quando o poderoso chefão vai deixar você sair de novo! -Amma diz lavando a louça.

-É verdade! -Geeh diz -Não vamos testar a paciência dele! 

-Tá bom eu vou! -digo meio animada.

Amma tem razão, ainda estranhei ele deixar, mas foda-se, eu não tô mas nem ai, não tô nem aí pra nada, se ele acha que pode fazer o que quiser comigo ele está muito enganado, ele não pode, eu vou lutar até o último minuto, não vou me entregar de mão beijada pra ele, ele nunca vai me tratar como eu mereço, ele não vai ser o homem certo, ao contrario, ele é um monstro, e eu não vou ficar parada vendo tudo cair, eu nunca fui fraca não vai ser agora que eu vou ser.

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continua...