61. (Amanda)

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Meu primeiro emprego. Ponto importante, serviços gerais, profissão honesta e que carrega grandes responsabilidades, quer dizer, eu serei responsável por muitas coisas, principalmente o rosto limpo e organizado da empresa, se não for por mim, todos pensarão que a empresa é suja e mal organizada. Né! Ai, minha primeira oportunidade de trabalho.

Corro depressa para um lado e para o outro atrás da farda, uma que ne deram assim que saí da empresa, me pediram apenas que lavasse, pois como fica guardada poderia dar alguma reação alérgica. O problema é que não faço idéia de obde deixei, me lembro de ter lavado e botado pra secar e depois... não teve depois, eu não tirei do varal, estou super atrasada, como todo o nervosismo de primeiro emprego, acabei esquecendo.

Bom, mesmo com a correria, logo fico pronta, e pego Sophia no colo, pego minha bolsa e a dela,e saio do meu quarto o trancando. Sophia não gosta da creche, odeia me ver indo embora, mas o engraçado é que quando chego para buscá-la, ela simplesmente não quer vir comigo, ama brincar com seus amiguinhos novos. Desço as escadas devagar, dou bom dia para quem vou encontrando e logo saiu de casa.

-Oi!

Meu coração dispara, minha visão fica embaçada, e torço para não cair ali mesmo, vê-lo ali na minha frente me trás vagas lembranças nas quais eu odeio relembrar, medo passa sobre mim e evito ao máximo demonstra-ló, caminho até ele que está parado no pequeno portão de ferro, paro em sua frente e ele me olha de baixo para cima.

-Lukas!

Minha voz sai mais como um sussuro e tenho certeza que ele deve estar rindo de mim, ele sorrir sem mostrar os dentes.

-Vim ver como está! -diz calmamente me analisando. -Está indo a algum lugar?

-Você não pode fazer isso!

-Como assim? -sua feição muda, de calmo ele vai para surpreso.

-Você não é nada para mim, você não pode vir aqui e achar que eu vou te receber de braços abertos e nós iremos sair de mãos dadas e falar as novidades! -digo rapidamente saindo pelo portão, ele baixa a cabeça e se afasta -Não conheço você, não sei quem é você de verdade, o pouco que te conheci, me fez querer ter distância de você, não somos nada!

-Eu só... -não espero ele terminar e saiu andando para o ponto do ônibus.

Assim que consigo pegar o ônibus, me sento e respiro fundo, baixo minha cabeça e sinto uma lágrima solitária caindo devagar pelo meu rosto, não me apaixonei por ele, na verdade eu não consigo nem gostar dele, por tudo que ele fez comigo, eu só consigo odia-lo a cada dia.

Assim que chego, dou um beijo na testa de Sophia e à entrego para a moça, caminho devagar para a empresa que fica apenas duas ruas depois da creche, passo o caminho todo pensando nas probabilidades desse encontro do Lukas me desestabilizar no meu primeiro dia de trabalho.

-Bom dia! -digo assim que chego na recepção, a mulher me olha de cima a baixon

-Bom dia querida, você é a nova faxineira certo!? -confirmo com a cabeça -Só um minuto! -vejo ela pegar um telefone e discar alguns números- Dona Amélia, ela chegou... tudo bem, vou mandar ela descer! -Querida, você pode entrar no elevador e apertar no último botão, q vai abrir a porta para a área dos serviços gerais, lá você procura por Amélia!

-Ok, obrigado!

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-Bom menina, você foi muito boa hoje, parabéns! -Dona Amélia fala enquanto pego minha bolsa para ir embora, já ia dá seis da tarde, e meu horário ja tinha acabado, estava ansiosa para ligar para Amma e contar todas as novidades.

-Muito obrigado! -digo sorrindo para ela q retribui.

-Nos vemos amanhã, tchau criança! -lhe dou um aceno de cabeça e saiu andando.

-Tchau Dona Amélia!

Assim que chego na creche vejo Sophia e mais duas bebês brincando no chão da sala, a moça assim que me vê trás a bolsa dela para mim.

-Obrigado! -digo antes de sair com Sophia.

Chego em casa, muito cansada, a última vez que me senti tão cansada foi quando LK me mandou limpar toda a casa como um castigo doentio dele. Sugo devagar as escadas e entro no meu quarto, ponho Sophia no chão e me jogo na cama, dou sorrisos comigo mesma, meu primeiro dia foi incrível, minha vida parece estar voltando ao normal,  e eu estou muito feliz com isso, eu sei o quanto me machuca pensar em tudo que passei, então evito ao máximo pensar em todas as coisas que insistem em navegar pela minha cabeça, por isso tento focar mais no meu presente e no meu futuro que tenho certeza que vai ser brilhante.

Ouço batidas leves na porta, suspiro tirando a parte de cima da minha farda que parece mais uma jaqueta, fico apenas com uma camiseta e caminho até a porta.

-Oi Amanda! -abro um sorriso ao ver Pedro parado na porta, ele me olha e meu sorriso fica meio sem graça quando percebo que estou toda suja e desajeitada. -Você está trabalhando! -sua voz de surpreso é evidente, faço sinal para ele entrar, assim que entra, fecho a porta.

-Estou, numa empresa aqui na região! -digo me sentando em um lado da cama, ele se senta ao meu lado e sorrir.

-Fico feliz! -ele diz me olhando. -E oque você faz lá?

-Sou faxineira! -digo sorrindo, não tenho motivo nenhum para me envergonhar disso.

-Amanda... eu posso trazer dinheiro pra você, você não precisa passar por isso!

-Pedro! -o repreendo -Estou exercendo uma profissão honesta, meu salário não vem de roubos  nem drogas, vem do esforço honesto e ético! -digo tudo rápido e sem pensar, vejo sua feição mudar rápido, ele baixa a cabeça e percebo a tristeza por todo seu rosto. -Desculpa...

-Não, você tem razão, eu entendo você, de verdade, minha família se afastou de mim por essas mesmas razões e você será a próxima! -ele diz se levantando e caminhando até a porta -Você nunca me viu além de um traficante bandido, você tem nojo de gente como eu por tudo que passou com um homem diferente de mim...

-Não é verdade, não te julgo pelo LK -o interrompo -Eu sei quem você é de verdade, conheço você, mas não posso criar minha família com dinheiro sujo!

-Você irar cria-lá tendo que deixar ela nas mãos de outras pessoas pra poder passar o dia ralando só pra uma vez no mês receber menos de mil reais, onde não poderá comprar nada, além de só pagar contas e mais contas, nunca sairá daqui, porque seu dinheiro só vai dar pra pagar uma espelunca como essa, isso só porque você é orgulhosa de mais pra receber o dinheiro de um amigo!

-Eu não preciso do dinheiro de amigo, eu preciso do apoio e do amor dele, preciso da ajuda de outra forma, como cuidar da Sophia! Eu quero poder olhar pra ela um dia e dizer que dei tudo para ela com o meu suor, não com o dinheiro de um bandido.

Nesse momento entendo que minhas palavras são  duras demais, tendo chegar perto dele, mas o mesmo se afasta, ele caminha para a porta sem olhar pra mim, quando chega nela, ele abre e fica parado olhando pro chão.

-Acaba de perder um amigo, ou melhor, um bandido.























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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora