49. (Amanda)

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Maratona
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Pedro me deixou passear pela casa, que é bem simples porém bem limpa e organizada, nem parece que é dele. Ele disse que por enquanto é melhor ficar por aqui, não seria muito bom eu encontra LK, diz ele que esses últimos dias não foram os seus melhores.

Eu andei pensando em arrumar um trabalho pra ter minha própria renda e um tempo pra passar, se antes eu não aguentava viver trancada agora eu não aguento mais viver sem fazer absolutamente nada, eu acho que tenho que reformula minha forma de viver, não que eu esteja reclamando do meu grande momento "bem", é que tá ficando... como eu posso dizer, de um jeito que não pareça que esteja reclamando, eu acho que está ficando... chato!

Claro que eu odiava viver naquela casa com Lk, sofrendo todos os dias, e sem saber ao certo se vou está viva no outro dia, é porque lá naquela casa eu tinha a Geeh, tinha a Dona Cecília e a até mesmo o VN. Eu me odeio por sentir falta de viver lá, mas o que eu posso fazer se sinto essa necessidade.

Não estou dizendo que me acostumei a tudo aquilo, na verdade eu agradeço a cada dia por não passar por aquilo de novo, mas sinto saudade de receber carinho da Dona Cecília, de ouvir a Geeh tocar e sinto falta do humor inacreditável do VN.

Mas vida que segue, já que estou aqui sem fazer nada, podia simplesmente aproveitar, vai que amanhã volta tudo ao que era antes.

Eu estava pensando em sentar e respirar bem fundo, assistir alguma coisa chata o suficiente pra um sono de pedra.

Bom mas antes mesmo de eu sentar pra colocar minha ideia em prática, três seres vermelhos entram suados e gritando como gazelas.

-LADRÃO! -VN grita sendo puxado por LK e PR.

-PARA DE GRITAR IDIOTA! -LK grita puxando VN pra dentro.

-ESSE FILHO DA PUTA ROUBOU O JOGO TODO! EU VOU TE MATAR SEU LADRÃO! -VN grita apontando pra alguém que eu suponho estar do outro lado.

-FODA-SE, ENTRA! -PR puxa VN pelo braço.

Nego com a cabeça e respiro fundo me levanto e ando até a porta olhando pra  fora e vendo outro homem também sendo segurando por dois homens. Reviro os olhos e o homem que parece rosnar me olha com raiva.

-Que foi vadia, tá defendo esse idiota! -ergo uma sobrancelha e fecho a porta.

Olho pra trás e reviro os olhos vendo VN me olhar irritado.

-ABRE ESSA PORRA EU VOU QUEBRAR A CARA DELE! -VN grita.

-Primeiro baixa o tom que eu não sou tuas negas não, -cruzo os braços -segundo vai tomar um banho que você ta pior que gambá, aí quando estiver limpo a gente conversa!

Os três me olham surpresos e eu novamente reviro os olhos.

Ando até o sofá e me sento ligando a televisão, ponho em um canal até que interessante, sinto alguém sentar do meu lado e logo outra pessoa senta do outro.

Me levanto e me viro pra eles.

-Quando estiverem limpos, conversamos! -digo batendo os pé e olhando pros dois.

Eles apenas se olham entre si e se levantam. Respiro fundo e me sento novamente.

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Depois de um longo tempo, já me sentindo desconfortável com o local e as pessoas, tento parecer o mais normal possível. Eles estavam jogando baralho na mesa  da cozinha, já tinha ido lá duas vezes e PR sempre me olhava mas desviava e VN não ligava pra minha presença, só que o mais interessante era LK, que olhava através de mim, seu olhar nunca era exatamente pra mim, ele olhava como se eu não estivesse ali, era como se ele visse um pássaro na janela e olhasse pra ver o mesmo.

Era estranho seu modo de agir, não se referindo a mim nenhuma vez, não que eu quisesse falar com ele ou coisa parecida, mas depois de tudo, é incrível como ele pode me ignorar como se estivesse certo e eu a errada.

Eu ainda assistia o mesmo programa, me destrair assistindo, mas de vez em quando ouvia suas  risadas e seus gritos abafados. Sorria pra mim mesma, mas era totalmente constrangedor, não sabia o motivo daquele sorriso, só sabia o quanto significava pra mim.

Era inútil!

Eu me sentia bem por está ali com ele, eu me sentia em paz, de alguma forma estranha e nada saudável eu tinha gostado da presença dele ali, mas me odiava por dentro, odiava o fato de gostar dele naquele momento, por que? Não era certo!

O que mais me questionava era como aquilo tava mechendo comigo, eu me importava mesmo sabendo que não valia a pena.

Eu sabia que era errado, mas queria, por mais que seja clichê, o que mais passava pela minha cabeça era ouvir  Lukas dizer que gostava de mim e que se arrependia, e eu sabia que isso nunca aconteceria, mas se acontecesse, eu iria com ele.

Amor?

Não acho que posso ama-lo, isso seria tão idiota, como em todos os livros idiotas que contam a história de um traficante que se apaixona.

Ridículo!

Tinha que por um ponto final nisso, sabia que o que eu sentia não era amor, não era nada, não sabia nem como explicar. Aquilo era tão triste, tantos nãos, por que uma vez eu não podia dizer sim?

A pergunta que eu sabia a resposta, eu era fraca demais, o meu  orgulho tava sentado ao meu lado, e eu deixava, já havia tentado tanto que acabei descobrindo que tudo que fiz foi tanta perca de tempo.

Aiiiiii!

Deve ser a maior piada, por que estar se perguntando, eu podia só viver minha vidinha mais ou menos e me livrar de todos esses questionamentos inúteis.

É só mais perca de tempo!













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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora