43. (Amanda)

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Me sento no sofá ao lado do PR que parece exausto, ele está todo relaxado com a cabeça deitada e de olhos fechados, Amma já tinha ido embora a alguns minutos e Geeh estava na cozinha junto de Dona Cecília, LK estava quase deitado na poltrona, e VN estava jogado no chão.

-Eu acho que comi pra uma família de dez pessoas! -VN diz botando a mão na barriga.

Realmente, ele avia comido tanto, não sei como não passou mal. Tínhamos comido pizza, pedimos três, o que não foi o suficiente, porque Amma pediu outra depois.

-Eu tenho que ir ao banheiro! -Geeh diz vindo da cozinha e correndo pras escadas.

Ela avia comido um pedaço de pizza, ela comeu bem devagar mas comeu.

Fiquei pensando no que havia feito, eu acho que fui muito precipitada, agi pela emoção de saber que minha menina poderia ter um futuro melhor, mas eu não posso voltar atrás agora, não depois de tudo que passei.

-Parece que carreguei o morro todo na Costa! -PR diz levantando a cabeça.

-Minha cabeça ta pra explodir. -LK diz fechando os olhos.

-Eu acho que vou ter um filho -VN diz ainda deitado.

-Vocês são muito exagerados! -digo revirando os olhos.

-Não foi você que teve que cobrar o aluguel do morro todo, porque o seu "chefe" -ele faz aspas com os dedos -não tem piedade da sua carne!

-Mas é um viado mesmo! -LK diz revirando os olhos.

-Acho que vai nascer! -VN diz se mechendo, olho pra ele sem acreditar.

-Não foi você que ficou o dia todo numa sala com quatro demônios falando merda -LK fala pro PR que revira os olhos.

-Você passou o dia sentado no ar condicionado! -PR diz e LK joga a cabeça pra trás.

-É, e olha o que resultou, minha cabeça tá pra sair do lugar! -LK diz se ajeitando no sofá.

-Vai nascer! -VN diz e LK olha pra ele seguido por PR que revira os olhos e eu que faço uma careta pro drama dele -Nasceu! -escuto um barulho não muito alto, e um cheiro horrível de ovo estragado sobe, olho pro VN sem acreditar no que ele fez.

-Porra, Vinicius -PR diz se levantando -Cê peidou mano!

-Caralho VN! -LK se levanta e se afasta.

-Qual é o seu problema? -digo me levantando e também me afastando.

-Melhor por baixo do que por cima! -ele diz e eu faço uma careta.

-É "melhor por cima do que por baixo" seu idiota! -digo irritada indo até as escadas.

-Tanto faz! -ele diz se levantando -Tô bem melhor agora!

-Também, se não tivesse! -PR diz e VN solta uma risada.

-Vou pro meu quarto antes que venham te prender por crime ambiental! -digo subindo as escadas.

Meu quarto era o mesmo que o do LK -infelizmente -ele fica depois do da Geeh, por isso sempre antes de dormir eu ia ver como ela tava.

Passo por sua porta parando na mesma, abro e não vejo ninguém, entro no quarto e caminho até o closet que também não tinha ninguém, ando até o banheiro e o abro vendo Geeh sentada do lado do vaso onde está provado que alguém vomitou ali.

Ela estava chorando silenciosamente, respiro fundo e me sento perto da pia encostada na parede, encosto minha cabeça e olho pro teto.

-Eu tinha quatorze anos quando minha mãe me inscreveu em um concurso de beleza -começo a falar- eu odiei aquele lugar, era pequeno e tinha um monte de gente, tinha uma menina que era mais nova que eu, eu acho que ela tinha treze anos, me lembro perfeitamente dela, tinha cabelos negros como carvão, sua pele era pálida como um vampiro dos filmes, seus olhos eram esverdeados como uma esmeralda, era tão magra quanto um graveto, todos à elogiaram por ser magra e tão linda, todos tinham a certeza que ela venceria, e eu também, porque era esse o estilo de beleza que as pessoas desejavam, o padrão era esse, linda e magra, mas eu olhava pra ela e não via essa beleza toda, sim pelo seu rosto que era lindo, diria quase perfeito, mas não seu corpo, ela era tão seca quanto um pão sem fermento, mas eu não podia dizer nada, ela era assim, mas um tempo depois, quando o concurso já estava acontecendo, eu a vi botando pra fora toda comida que ela avia comido, eu vi. E aquilo não me fez bem, ela só tinha treze anos e já estava se matando por beleza. Foi quando eu fui conversa com ela, de primeira ela dizia que eu tinha inveja e queria seu mal, mas com o tempo eu a ajudei, e ela consegui se segurar, posso dizer que agora ela pode ser uma nova mulher, linda e saudável, principalmente saudável. -termino e baixo meu olhar encontrando seus olhos castanhos me observando calada. -Já ouviu falar que a beleza machuca? Pois é, machuca e muito, mas a gente não precisa sofrer pra ser bonita, já nascemos com nossa própria beleza, única, porque se seguirmos um só padrão vai ser feio e chato, o bom mesmo é tudo diferente, porque a sua beleza é só sua, se você for querer entrar em um padrão, você irá perder o seu eu; e você pode não encontrar depois!

Ela permanece calada, me observa e baixa a cabeça, a olho por mais um tempo, e consigo ver o quanto ela está sofrendo, o quanto ela precisa de ajuda, me levanto e saio do banheiro, ando até a porta mas paro ao escutar uma voz baixa fraca.

-Eu quero achar o meu eu, mas eu acho que já o perdi! -ela diz parada na porta do banheiro com um olhar fundo.

-Você não o perdeu, ele ainda está aí, guardado, é só achar, e eu vou te ajudar! -digo indo até ela.

-Obrigado, Amanda! -diz me abraçando.

-Não me agradeça, não ainda! -digo e ela sorrir sobre o meu pescoço.

A solto e lhe dou um último sorriso, ando até a porta e saio a fechando. Me encosto na porta e respiro fundo, sorrio pra mim mesma e balanço a cabeça.

Caminho até o quarto de Sophia à encontrando dormindo, ela suspira em quando dorme e parece ter bons sonhos, beijo sua testa e saio do quarto.

Vou para o meu encontrando LK jogado na cama dormindo profundamente, tenho vontade de enforca-lo enquanto dorme, mas nego com a cabeça, me deito a seu lado mantendo uma distância e fecho meus olhos devagar deixando o sono me levar.














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Continua...

A Menina Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora