MARIA JULIA - MAJU
Termino de me arrumar, vestindo meu blusão e dando um jeito em meus cabelos e, logo colocando o capuz, o quanto mais invisível eu estiver, melhor é, e com menos facilidade perderei minha paciência.
- Mãe, to indo! - Digo dando um beijo a testa dela, soltando um suspiro vendo ela com os olhos inchados e levemente avermelhados, com certeza, ocasionados pelo plantão no postinho.
Saí de casa ajeitando minha mochila e vou em direção a escola. Reviro meus olhos discretamente, quando olho para os lados vendo aquele monte de vapores armados, cuidando da segurança do morro, várias meninas andando com aqueles shorts tamanho tampa nada, mas elas fazem o que bem entender e não serei eu pra ditar regras, e, claro, não podendo esquecer, com o uniforme da escola, feio para uma porra. Mas eu ainda me pergunto, como deixam elas entrar daquele jeito? Pois é, também não sei.
Sinto a dor reverberar por minha bunda quando, literalmente, caio de bunda no chão sendo arrancada dos meus pensamentos por uma voz meio grossa, meio não, bem grossa.
- Olha por onde anda desgraça! - Levanto meu olhar e me deparo com PH, ou o dono do morro para todos nesse morro. Com uma expressão de muita raiva, me levanto rápido, vendo ele ir até sua moto e sair dali cantando pneus, como se ele nem tivesse acabado de me derrubar.
Babaca.
- Me desculpa por ele, digamos que ele não é muito educado, as vezes acho que deixou a educação no saco do nosso pai! - Me assusto virando pra trás, e me deparando com uma morena muito linda. - Desculpa ter te assustado! - Ela ri. - Prazer, sou a Vitória, mas pode me chamar de Vivi.
- Ahn... tudo bem, sou a Maria Julia, mas pode me chamar de Maju. - Falei meio sem jeito, na verdade, eu nasci sem total jeito para falar com as pessoas desconhecidas, deve ser por isso que nunca fiz muitas amizades, bom, fiz algumas, mas nada muito emocionante. Infelizmente não é fácil ter amigos quando se cresce com pessoas que praticamente andam peladas e te zoam por você ser, digamos, extremamente insuportável nas questões do estudo, e ter uma expressão de ranço sempre.
- Bom... Você é nova aqui? - Perguntei um pouco envergonhada, até porque preciso ser muito parceira de alguém para não ficar corando e me envergonhando com tudo.
- Sou sim, não tão nova, porque já morei aqui, mas sou nova. Minha mãe morreu a algumas semanas... - Suspirou triste. - E então tive que voltar a morar com meu irmão aqui no morro. - Olho pra ela meio confusa, tentando associar ela e o PH, puta merda. - Sim, meu irmão é o PH, uma pessoa nada fácil de lidar, mas um amor de meigo comigo, apesar de não aparentar.
- Onde você morava, até voltar pra cá? - Pergunto.
- Eu estava morando em Los Angeles, depois que meu pai morreu e meu irmão assumiu o morro, minha mãe foi embora e me levou. - Encaro ela dando um sorriso fraco.
Ficamos conversando mais um pouco até o sinal bater, e por incrível que pareça, pela primeira vez na vida eu comecei a ter uma amiga. Acompanhei ela até a sala dela, que por ironia do destino, era a mesma que a minha.
{...}
- Tem certeza que não quer ir até minha casa? - Ela me olha dando uma risadinha.
- Você é bem insistente, né? Mas tenho que arrumar minha casa e ver se minha mãe descansou. Se sobrar tempo, eu te ligo e você me buscar pra ir até sua casa, porque eu não faço a mínima ideia onde é que você mora.
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De Love - A Nerd e o Dono Do Morro
ActionSe você nunca achou que dois clichês poderiam estar juntos em uma única história, você estava enganado. Eles ficaram separados por alguns anos, responsabilidades surgiram muito cedo, tragédias que abalaram sua vida, mas que agora faz parte do passad...