Capítulo 7 - Lembrança Maldita

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DREW CAMPBELL talvez estivesse se precipitando. Isso era algo que devia fazer no tempo certo. Mas a morte de James tinha feito com que milhões de perguntas começassem a se amontoar em sua cabeça, não deixando espaço para nenhum pensamento. Precisava de uma distração, e estudar algo que não gostava só trazia mais perguntas ainda.

Entrou no local onde deveria ser seu trabalho, depois de mais um dia exaustivo de estudos — estava a ponto de desistir de psicologia clínica e mudar para medicina —, e encontrou a dona da livraria, Miranda Glisson repondo os livros de uma prateleira na frente da loja, um avental com o nome da loja amarrado à cintura. Ela ergueu os olhos ao vê-lo, um sorriso simpático e simples deixou seus lábios, porém, não foi um sorriso que lhe chegou aos olhos.

— O que está fazendo aqui, querido? — Ela perguntou, um olhar de preocupação no rosto bonito.

— Estou pronto. Quero voltar a trabalhar aqui, não posso continuar aceitando um salário se não faço por merecê-lo. E gosto de livros... a senhora mesma disse que nunca viu tantos jovens vindo para cá como quando eu trabalhava aqui. Me deixe ajudá-la a continuar lucrando bastante — disse Drew por fim, depois de um pequeno silêncio constrangedor.

A garota no balcão que atendia um senhor de idade, lançou um olhar por sobre o ombro do velho. Drew não sabia se seus olhos demonstravam mágoa ou alegria. Porém, o sorriso que dirigiu a ele foi o suficiente para fazê-lo aceitar a segunda opção como certa.

— Tem certeza de que está bem? — Perguntou Miranda.

— Preciso de algo para me distrair e me fazer esquecer de todas as malditas perguntas que surgem na minha cabeça todos os dias — respondeu Drew, com toda a sinceridade que possuía. Do lado de fora da livraria ele viu o Hummer de seus dois guarda-costas, Henry e Esther. Voltou a atenção para a mulher a sua frente, ainda indecisa. — Por favor.

— Mãe, deixe que ele volte — disse a garota atrás do balcão. — Precisamos de alguém forte para carregar as caixas para o estoque. Mike ficou de vir ajudar, mas está preso na universidade. Além disso, somos só nós duas para dar conta dessa loja inteira, sabe que já está ficando mais pesado que o normal — Rebekah passou mais um livro na compra do senhor e, enfim, recebeu o dinheiro, guardou-o no caixa e em seguida voltou a ele dois dólares de troco. — Obrigada, senhor. Volte sempre.

— Tudo bem, então — sorriu Miranda, seguindo até o balcão, inclinou-se sobre ele e pegou um avental. Virou para Drew e o vestiu com ele, como se fosse uma mãe vestindo um bebê. — Comece carregando as caixas nos fundos até o estoque, depois reponha as prateleiras dos livros usados — disse Miranda, com uma empolgação que Drew nunca tinha visto em seu rosto.

Ele retribuiu o sorriso, e em um impulso mais forte do que ele conseguiu controlar deu um beijo estalado no rosto da mulher, pegando-a desprevenida. Porém, assim que se afastou ela lhe deu um sorriso envergonhado, deu tapinhas leves no braço de Drew e em seguida se voltou para a prateleira que estava arrumando. Recebeu um polegar erguido de Rebekah, que parecia animada por tê-lo por perto. Drew não sabia de nada sobre a garota, e por isso não podia ser simpático demais. Apenas deu um sorriso a ela e foi fazer seu trabalho.

Carregar caixas tinha sido a parte mais exaustiva, porém, revigorante. Em momento algum pensou em seu amigo morto, ou em sua situação com Natalie. Não pensou nos motivos que levaram a maior parte dos seus amigos de não atender aos telefonemas, nem mesmo sua mãe o atendia. Tudo aquilo fugiu da sua mente enquanto carregava todas as vinte e três caixas para dentro do estoque. Em seguida pegou a caixa de livros usados doados e comprados por Miranda recentemente, arrumou-os nas prateleiras de forma alfabética, para facilitar as coisas.

Escuridão - Livro 3 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora