Escuridão - Livro 3 - Trilogia do Assassino

Capítulo 9 - Corte Profundo

DREW TINHA conseguido esconder seus verdadeiros sentimentos muito bem. Porém, ainda conservava uma tristeza legitima ao ter lembrado que April estava morta e de vez em quando apertava a pedra azul em formato de gota no colar que carregava no pescoço.

Os quatro, junto com Ashley, Robbie e Jill, jantaram em um restaurante ali perto do prédio, nenhum deles parecia muito disposto a enfrentar a distância para ir ao Denny's e Drew não insistiu. Seus amigos não disseram nada, talvez por perceberem o clima tenso em que as outras três garotas estavam, porém, ao receber um olhar questionador de Robbie, Drew apenas deu de ombros e voltou a comer seu bife mau passado. Suas amigas estavam preocupadas, e isso estava na cara. Sempre que Drew olhava para o prato ou para outro lugar, pensativo, sentia os olhos delas cravados em seu rosto.

Não queria ser falso com elas. Não queria mentir ou omitir qualquer coisa que viesse à tona, mas sentia que era preciso. Drew confiava nelas com todas as forças... porém, não sabia se podia confiar as últimas lembranças que com certeza voltariam a ele a qualquer momento. Disseram que tinha sido encontrado desacordado, com uma máscara de palhaço sorridente nos dedos. Teria visto o rosto daquele que matara April e sequestrara Natalie e ele? Tudo o que poderia fazer era esperar para ter certeza.

Pagaram as contas e cada um voltou para seu próprio apartamento. Robbie e Jill se despediram deles sem dizer quase nada. As conversas que tinham tido à mesa não eram muito exploradas por ninguém. Todos ainda estavam meio enlutados pela perda de James Parker.

Ao se deitar na cama aquela noite, não conseguia deixar de pensar em April Miller. Apertou a pedra azul em seu pescoço até conseguir adormecer.

Naquela noite, teve pesadelos horríveis.

* * *

ZOEY BACKER acordou na manhã seguinte com o apitar frenético de seu despertador. Jogou as pernas para fora da cama, e se preparou para mais um dia de tensão entre os amigos. Foi a primeira a entrar no banheiro e tomar o banho. Saiu, uma toalha enrolada em seus cabelos, já vestida para o dia cansativo em sala de aula, tendo que aguentar os comentários idiotas de Brenda. Ao menos tinha feito amizades naquele lugar. Amizades que não tinham medo algum do que podiam acontecer com elas se ficassem perto demais de qualquer um deles. Zoey não podia criar laços com aquelas garotas.

Drew deu um sorriso para ela assim que saiu de seu quarto e ela já entrava no seu. Retribuiu o sorriso, meio sem jeito ainda. Sabia que ele estava com raiva delas, mesmo com todos aqueles sorrisos Zoey era capaz de lê-lo como se fosse um livro aberto bem na frente de seus olhos. Não podia culpa-lo. Era normal que se sentisse assim depois de se lembrar que April tinha sido assassinada. Ela também tivera suas perdas, entendia muito bem aquilo que Drew devia estar sentindo.

Colocou suas botas, secou os cabelos com o secador e deixou que escorresse por seus ombros. Passou uma maquiagem leve e pegou sua bolsa. Saiu do quarto e foi preparar um café, já que Natalie não estava acordada naquele momento. Passou um café e picou morangos, bananas e pedaços de manga, pôs tudo em uma tigela grande e colocou em cima da mesa. Ao ver Drew entrar na sala com os cabelos molhados do banho, abriu um sorriso e indicou as frutas.

— Nada melhor do que uma salada de frutas no café da manhã — disse ela, colocando uma pequena tigela de cereal na frente na cadeira onde Drew gostava de se sentar e uma outra a sua frente. Sentou-se e começou a se servir.

— Eu tenho escolha? — Perguntou Drew, servindo-se de uma xícara de café e olhando de um jeito esquisito para o amontoado de frutas a sua frente. — Qual é a das garotas com salada de frutas?

— Qual é o preconceito com as pobres frutas? — Zoey riu, empurrando a tigela para mais perto de Drew. — Você e Mason têm o mesmo problema com elas! Acham que não são másculas o suficiente para o gosto de vocês! — Ela tomou bastante cuidado ao mencionar Mason. Falar nele no passado podia ser uma dor de cabeça naquele momento. Literalmente.