SARAH DAVIS não sabia como prosseguir nem ajudar os agentes do FBI a continuar monitorando os passos do assassino. Era sábado agora e ele vinha mandando mensagens, observando-os de longe, esperando o momento certo para atacar. Sarah sabia que podia ser questão de tempo até que algum de seus amigos morresse. Ela, Ashley e Robbie estavam sentados ao redor da mesa do apartamento dos outros amigos e comiam um belo café da manhã preparado por Natalie.
O pessoal do FBI tinha alugado um dos apartamentos um andar abaixo e tentavam não aparecer lá em cima por conta da condição delicada de Drew. Esperaram que o rapaz saísse para correr com Zoey e Sarah indicou Robbie com um aceno de cabeça.
— Vim fazendo algumas pesquisas sobre o passado de Zoey, Drew e o seu, Natalie — disse o rapaz, ajeitando os óculos sobre o nariz. Seus olhos estavam vermelhos pelas noites mal dormidas que vinha tendo desde a morte de Jill. O enterro dela tinha sido na sexta-feira e aquilo mexeu mais com ele que com o restante do grupo. Mas, eles não deixavam de lamentar sua morte. Jill era uma garota inteligente, bonita e astuta e mesmo procurando esconder esse lado, deixava transparecer um pouco de sua humanidade. — Além daquela história encoberta de assassinato do seus pais, encontrei algumas coisas... na conta bancária do Delegado Thomas Morgan.
Os olhos de Natalie se esbugalharam. — O quê? Que tipo de coisas?
Pelo jeito que Robbie mexia na torrada em seu prato dava para Sarah perceber o quanto estava incomodado por dizer aquelas coisas. Tirou alguns papéis dobrados dos bolsos das calças jeans e entregou-os a Natalie.
— Encontrei alguns desfalques na conta bancária do seu pai. Até um ano atrás ele vinha transferindo bastante dinheiro para uma conta privada em Montana.
Sarah observou os olhos da amiga já arregalados se arregalarem ainda mais. — 25 mil dólares?! — Natalie gritou, derrubando sua cadeira ao se levantar em um pulo.
— Além disso, Olívia e Laurel eram de Montana — disse Sarah, comendo um grande pedaço de sua panqueca. Sabia o quanto Natalie devia estar se sentindo uma idiota por nunca ter suspeitado do pai. — Não sei se ele vinha mandando dinheiro para ela para que mantivesse a boca fechada, mas a possibilidade de cumplicidade por chantagem não deve ser excluída.
— Também descobri alguns desfalques na conta bancária do pai de Drew. Ele vinha transferindo dinheiro para a conta de uma empresa fantasma sem nome e sem um dono que eu pudesse identificar — disse Ashley, depois de um momento. Até mesmo Sarah ficou surpresa com aquilo, não sabia que a outra amiga vinha pesquisando com Robbie. De qualquer modo, isso era bom. Duas cabeças pensavam melhor do que uma. — Pedi ao Max que tentasse descobrir o nome dessa pessoa. Mas, estava codificado e ele disse que demoraria algumas semanas para que encontrasse a resposta. Parece, afinal, que o FBI não é aquilo tudo que vemos nas séries de TV.
— Só pode ser brincadeira, não é? — Perguntou uma Natty apavorada. Os olhos azuis brilhando com lágrimas contidas. — Não — ela balançou a cabeça, jogando as folhas que Robbie lhe entregara em cima da mesa. — Não vou acreditar nisso enquanto não falar com ele.
— Natalie, pense — disse Sarah, segurando uma das mãos da amiga. Não era do tipo de pessoa que gostava muito de contato físico desnecessário. — Quem mais poderia ser? Laurel sabia o que tinham feito. Não é possível que seja outra coisa.
— Eu preciso falar com ele — disse Natty, tirando a mão da de Sarah e pegando o celular. Saiu para o quarto, com ele já grudado à orelha. Natalie era uma garota bastante sensata e era bem óbvio que não devia falar sobre aquilo por telefone. Minutos depois a amiga voltou, tremendo dos pés à cabeça. Pegou o papel que continha as transferências feitas por ele e guardou em um bolso. — Ele vem hoje à noite. Combinamos em jantar no Denny's. Algum de vocês...?
— Eu vou com você — disse Ashley, antes que Sarah pudesse dizer qualquer coisa a mais. Assentiu para a outra garota e terminou de comer sua panqueca.
— Não consigo acreditar que ele estava dando dinheiro para aquela mulher — disse Natty, sentando-se pesadamente bebendo um grande gole de café e pegando uma uva do prato à frente, lágrimas descendo livres pelos olhos.
— Ele pode ter se sentido culpado, sabe? — Disse Robbie. — Depois de pensar que tinha matado o homem que ela amava. Pelo que me lembro, eles nunca voltaram a se ver, não é? Como Olívia nasceu, então? Ela não era filha dele?
— Não. Laurel disse que ela tinha sido fruto de uma noite qualquer — respondeu Natalie.
— Que horror — disse Ashley. — Dizer isso deve ter sido um baque e tanto para a garota.
— Para todos nós, na verdade — respondeu Sarah. — Liv era uma garota doce e gentil. Não merecia passar por isso.
Fez-se silêncio. Ao qual foi preenchido pelo som de uma mensagem chegando ao celular de Sarah. Natalie ficou tensa ao seu lado, antigamente as mensagens que recebiam não tinham nada de ameaçadoras, eram apenas conversas que trocavam sempre conversando sobre coisas do dia a dia. Agora eram carregadas de hostilidade. Porém, a mensagem apenas dizia: Fox News.
Sarah se levantou e pegou o controle da TV jogado no sofá, ligou-a e mudou de canal. O que viu foi uma câmera em movimento, tentando captar duas pessoas em uma rodinha de repórteres. As duas pessoas estavam claramente tentando escapar daquela zona. Eram Drew e Zoey. Os policiais tinham dificuldade de afastar as câmeras e tudo o mais. Por fim, os dois conseguiram se desvencilhar e correr para um bosque, um pouco afastado do círculo que agora fazia perguntas à Esther e Henry. A placa do parque dizia: Woodward Park.
O assassino estava seguindo os dois.
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Escuridão - Livro 3 - Trilogia do Assassino
Детектив / ТриллерDrew Campbell tenta se situar depois de ter perdido a memória. Não lembra de nada e as memórias do assassinato de seus amigos foram completamente esquecidas e substituídas por boas lembranças. Depois que o corpo de um de seus amigos é jogado...