Escuridão - Livro 3 - Trilogia do Assassino

Capítulo 23 - Medo de Ser a Próxima

AO MESMO tempo em que Drew e Natalie ouviam os discursos de Patrícia/Elizabeth outra pessoa morria. Chloe Sinclair estava no dormitório das garotas na Universidade de Tulsa. Sua colega de quarto não voltaria para o quarto aquela noite e por isso assim que passou pela porta as 03h30 da madrugada a garota a trancou, tanto por medo quanto por precaução. Rachel Morrison dormia no quarto do outro lado do corredor com uma outra garota que roncava horrores.

Estivera paranoica nos últimos dias desde que Marnie morrera. Chloe sabia que estavam ferradas. Uma delas tinha sido assassinada no estacionamento do hospital. Era impossível que o assassinato de Marnie não tenha sido parte das vidas perigosas que Zoey, Drew, Natalie e Sarah vinham levando. Chloe jogou a bolsa na cadeira da escrivaninha do seu lado do quarto e jogou os sapatos de salto para longe. Acabara de voltar de uma boate que fora com o cara com quem estava saindo nas últimas duas semanas. Ela gostava mesmo dele.

Chloe foi até o armário com porta dupla que dividia com Cynthia, pegou o pijama e voltou para o quarto, fechando as portas sem olhar para os lados, o que foi um grande erro que ela só perceberia um pouco mais tarde. A garota foi se deitar menos de dez minutos depois de ter passado pela recepção.

O assassino dentro do guarda-roupas esperou um pouco mais até que tivesse certeza de que Chloe Sinclair tivesse dormindo. Abriu a porta dupla devagar e saiu para o quarto escuro da garota que mataria em segundos, o facão de açougueiro já estava em mãos. A máscara de palhaço sorridente cobria seu rosto.

O Palhaço esticou a mão enluvada e tapou a boca dela, sem fazer muita força para que não acordasse, mas ao mesmo tempo querendo que ela o fizesse, para que visse o que estava para acontecer. A luz dos postes de iluminação na entrada do dormitório refletiu sobre o fio da lâmina quando a faca desceu pela primeira vez, perfurando o pulmão esquerdo de Chloe Sinclair. A dor a acordou, fazendo com que seus olhos se arregalassem de terror e dor. Lágrimas brotaram em seus olhos, caindo em seguida pela lateral da face. O Palhaço conseguia ouvi-la tentando puxão ar, mas sem conseguir. A segunda facada entrou na barriga de Chloe, perfurando o estômago. A terceira, quarta, quinta, sexta e sétima facadas foram no mesmo lugar. Até que a vida da garota fosse tomada de forma brusca e sem qualquer tipo de ressentimento. Chloe Sinclair e Marnie Dushanes conheciam Zoey Backer que por consequência conhecia Drew Campbell. As paredes do quarto de Chloe estavam manchadas com seu sangue. Mais do líquido vermelho encharcava o colchão e caia no chão, já começando a formar uma poça espessa. As tripas penduradas para fora da barriga. Os olhos dela ainda estavam encarando os de seu assassino, porém, sem vê-lo realmente. O Palhaço segurou o celular e gravou um pequeno vídeo de 10 segundos, mostrando o corpo mutilado e em seguida metade de seu rosto mascarado. Deixou tudo como estava e saiu pela janela, caindo uma altura de 2 metros até o chão. Por sorte estavam no primeiro andar do dormitório.

Se esgueirou para fora do campus sem ser visto tanto pelos seguranças quanto pelas câmeras de segurança. Quando já estava de volta ao seu carro mandou o vídeo para Zoey, Drew, Natalie, Sarah, Ashley, Robbie e até para Dylan. Sabia que mesmo com aqueles aparelhos de rastreamento no apartamento de Sarah não podiam invadir seu celular. O Palhaço era bem melhor nesse tipo de coisa do que ela. Isso ele tinha certeza. Tirou as roupas ensanguentadas e as guardou embaixo do banco, verificou a aparência no espelho retrovisor e deu partida, saindo de perto da universidade com cuidado para não ser parado pela polícia ou algo do tipo.

* * *

RACHEL MORRISON bateu na porta da melhor amiga no dia seguinte para a aula. Sabia que Chloe devia estar morta de cansaço já que voltara tarde na madrugada para o quarto. Ouvira quando a melhor amiga abriu a porta e entrou, trancando-a em seguida. Não estava conseguindo dormir já que Leslie não parava de roncar igual a um porco prestes a ser abatido. Ela mesma estava abatida e amedrontada. Com medo de que agora fosse morrer. Com medo de ser a próxima. Tentava parecer confiante e decidida, mas não era como Chloe ou Marnie. As duas eram seu porto seguro para uma vida normal. Agora que Marnie estava morta, tudo o que tinha para se manter sã era Chloe. Porém, depois da sétima batida na porta da amiga ela começou a ficar com medo. Tinha alguma coisa errada e ela sabia. Rachel não era o tipo de garota que se assustava com facilidade, mas naquele momento tudo o que queria era ver se Chloe estava bem.

Pegou o celular no bolso da calça jeans e ligou para o celular de Chloe torcendo para que ela atendesse e dissesse que não estava no quarto, que já tinha se levantado e que estava tomando café da manhã. Mas, não foi isso o que aconteceu. De dentro do quarto veio o som estridente do celular de Chloe. Algumas outras garotas já tinham percebido que algo estava errado e foram rápidas em perceber que deviam chamar a responsável pelo dormitório e rápido. Rachel não conseguia esperar e por isso tirou uma das presilhas de cabelo e alisou a ponta, formando um tipo de agulha. Não demorou muito até ouvir o clique da tranca. Tinha aprendido a fazer aquilo com o irmão mais velho.

Girou a maçaneta e abriu a porta.

Foi possível ouvir o grito de Rachel por todo o campus.

Drew Campbell e Natalie Morgan estremeceram ao chegar ao dormitório naquele exato momento com a polícia.

* * *

O MOMENTO em que receberam o vídeo foi estressante e já se passavam das 05h30 da manhã. Ainda estavam na delegacia, ouvindo sobre a vida de Patrícia Thompson quando os celulares dos dois tocaram ao mesmo tempo dentro dos bolsos. Imediatamente os olhos dos dois se encontraram e aquela maldita ruga de preocupação na testa de Drew apareceu. Natalie e ele tiraram os celulares dos bolsos e olharam para as telas. O vídeo curto que viram mostrava Chloe Sinclair deitada na cama do dormitório, morta, ensanguentada e sem vida. O rosto mascarado do assassino aparecia logo depois. As cadeiras onde estavam sentados foram arrastadas e caíram no chão, assustando Patrícia e aos demais. Drew foi o primeiro a se dirigir para onde Amanda estava sentada. Natalie foi mostrar o vídeo a Esther.

Esther e Amanda logo se colocaram de pé. Os quatro saíram, deixando ordens específicas para os outros policiais que não deixassem Patrícia sair da delegacia até que Esther estivesse de volta. O advogado de Patrícia tentou contestar, mas apenas um olhar de Esther o fez calar a boca e voltar para a cadeira onde estava. Patrícia olhou para o rosto de Drew antes do rapaz desaparecer pela porta da frente da delegacia. O rosto dela estava pensativo.

Drew e Natalie entraram no SUV dele enquanto um grupo de policiais se dirigiam a várias viaturas. Não demorou muito tempo até que estivessem estacionando no campus e correndo igual um bando de loucos pelo lugar, esbarrando em universitários e funcionários. Em um dado momento ouviram um grito estridente que percorreu todo o lugar a partir do dormitório feminino. O dormitório das garotas ficava em uma área arborizada em um campo aberto. Estava cheio de gente ali, olhando para o prédio enquanto vários grupos de garotas saiam lá de dentro praticamente aos tropeços, enxotadas de lá pela supervisora. Drew lembrava-se de isso ter acontecido quando o corpo de Jill foi encontrado. Ao mesmo tempo em que a polícia isolava a área para reconhecimento, Drew viu Rachel Morrison ser escoltada para fora dali por duas garotas.

Assim que os viu Rachel se encolheu um pouco, aceitando mais ainda o abraço das amigas. Drew sabia o que ela devia estar sentindo. Era o mesmo tipo de sentimento que Robbie as vezes parecia ter e deixava transparecer em momentos de discussão acalorada. Drew ainda não sabia o motivo, mas parecia similar. Alguns segundos se passaram em que Drew, Rachel e Natalie ficaram se encarando, até que Rachel se desprendeu dos braços das colegas de dormitório e foi até os dois. Ela abraçou primeiro a um e depois ao outro e depois puxou ambos para perto de si. Só nesse momento as lágrimas verteram dos olhos de Rachel e de Natty.

Drew deixou que chorassem.