Epílogo

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Oito anos depois.

Mansão Harwelden – Tulsa, Oklahoma.

* * *

DREW CAMPBELL se encarou no espelho de corpo inteiro instalado no quarto do segundo andar destinado ao noivo e seus padrinhos. Estava com dificuldades para acertar o nó da gravata cinza clara que combinava perfeitamente com o colete, o paletó e a calça. Suas mãos não tinham parado de tremer desde que pusera os pés na mansão.

E só de pensar que Natalie estava do outro lado da grande mansão, tão perto, fazia seu coração saltar ainda mais no peito. Seus cabelos castanhos estavam penteados e arrumados. Lembrou-se da luta que tinha sido para deixá-los ajeitados e sorriu. Sempre tinha tido cabelos indomáveis.

Vendo que ele estava com dificuldades com a gravata Henry Fuzio se aproximou. Era um de seus quatro — apenas dois haviam chegado por enquanto — padrinhos e tinha sido um bom amigo e companheiro nos anos que se seguiram à prisão de Robert Cormack. Aceitara ser seu padrinho com um sorriso gigante no rosto rude.

Henry estava vestido um terno no mesmo modelo do de Drew, porém um pouco mais escuro e suas compleição física agigantada fazia parecer que o tecido se rasgaria a qualquer momento.

— Você parece prestes a ter um ataque cardíaco — disse Henry, fazendo o nó na gravata de Drew com maestria. — Respire, cara.

— Em questão de algumas horas vou estar casado — Drew disse aquelas palavras como se fosse uma oração. Olhou para o rosto de Henry, torcido em um sorriso de canto de boca.

— E qual é o problema? Nunca vi casal com mais sintonia que vocês. Além disso, ela te ama muito. E tenho que reconhecer que isso é um belo sacrifício da parte dela — Henry riu, arrastando o outro padrinho em uma sucessão de gargalhadas debochadas.

Drew fechou a mão em punho e deu um soco forte no ombro de Henry, que cambaleou para trás esfregando o ombro dolorido. Um sorriso se abriu no rosto de Drew.

— Idiota — disse Drew.

— Babaca — respondeu Henry, afastando-se de Drew com aquele sorriso debochado e indo até uma das mesas. Ali uma das mulheres que lideravam aquele lugar tinha deixado cerca de uma dúzia de pequenas garrafas de cerveja, mergulhadas em um grande balde de metal cheio de gelo. — Vocês querem?

Drew acenou com a cabeça sem realmente entender o que estava aceitando, ainda preocupado com a própria aparência no espelho.

— Cara, se afaste desse maldito espelho. Você está ótimo — disse seu outro padrinho Jonathan Warren, um rapaz que haviam conhecido durante seus oito longos anos de estudo em Medicina. Tinham se tornado grandes amigos depois de algumas poucas conversas durante os intervalos das aulas. Era um rapaz extrovertido e que trazia um pouco de graça a vida de Drew. Jonathan tinha cabelos pretos e olhos castanho-escuros. Vestia o mesmo estilo de terno de Henry, nas mesmas cores. Estava em uma das três poltronas ao lado de uma das grandes janelas do aposento, as pernas abertas e o corpo recostado em uma pose distraída. Drew prezava muito a amizade dele assim como Jon o fazia.

Por fim, Drew se afastou do espelho e foi se sentar bem longe dele para evitar que ficasse se olhando por mais algum tempo. Henry voltou de perto do balde de cerveja carregando três garrafas. Drew aceitou uma delas.

— Onde estão aqueles dois? — Drew perguntou para ninguém em especial. Pegou o celular e viu se tinha alguma nova mensagem. Zero. Suspirou.

— Relaxe. Eles já devem estar quase aí — disse Henry, olhando para o relógio no pulso e franzindo a testa de leve.

Escuridão - Livro 3 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora