Escuridão - Livro 3 - Trilogia do Assassino

Capítulo 10 - Flashs de Memória

DREW CAMPBELL se lembrou da morte de Danielle Fields naquela noite. Estava deitado em sua cama quando as lembranças vieram. Ficara cansado pelos afazeres do dia e pior... por ter visto uma de suas amigas morta na sua frente. Não conhecia Jillian Grey muito bem, mas todos tinham dito que fazia parte do Clube de Pintura dela. Não se lembrava disso, obviamente. Os policiais fizeram as mesmas perguntas que fizeram quando viu James cair do prédio em direção ao chão. Eram perguntas idiotas, do tipo: a quanto tempo conhecia a vítima? Conhecia alguém que podia querer o mal para essa pessoa? Onde estava naquela manhã... coisas desse tipo.

Depois disso e de as aulas terem sido canceladas, Drew pediu que Zoey ajudasse Robbie a pegar suas coisas. Ele tinha concordado em se mudar para o apartamento de Sarah e Ashley por um tempo. Drew foi para seu trabalho depois do almoço, fez uma pausa para almoçar com Rebekah e Miranda e depois ajudou-as a limpar as estantes empoeiradas. Depois de algumas horas o namorado de Rebekah apareceu, cumprimentou Drew de um modo rígido, porém, educado e em seguida começou a ajuda-los a arrumar as coisas. Dava para ver que ele não ia muito com a cara de Drew, e o rapaz procurou não se importar com aquilo. Michael Montgomery não o conhecia.

Voltou para casa quase nove horas da noite, e tudo o que fez foi tomar um banho, comer algo que Natalie fizera para o jantar e seguir para a cama. Acordou de madrugada, vendo aqueles malditos flashs de imagens passar por sua visão: tinha conhecido Olívia McKenzie no consultório da Dra. Sue, ele mostraria a escola para ela no dia seguinte; viu ambos no carro seguindo para a escola; parando no estacionamento; mostrou tudo a ela e a última parte era o ginásio; lá encontraram o corpo ensanguentado e aberto de Danielle Fields, ela estava morta.

Voltou a si no quarto escuro, suando frio e tremendo um pouco. Saiu do quarto aos tropeços e correu para banheiro. Vomitou tudo o que tinha comido no dia. Aquilo era uma grande merda! Seria sempre assim quando se lembrasse de algo feio e doloroso e nojento? Danielle Fields nunca tinha sido uma de suas pessoas favoritas no mundo, mas nunca desejaria sua morte. Nunca desejara. Era uma pessoa repulsiva e já tentara arrastá-lo para a cama depois da morte de April, com certeza para gravar uma daqueles seus vídeos que usava para chantagear os outros. Estava mal pela morte dela, mas não achava que o mundo sentiria falta dela.

Lavou a boca e escovou os dentes, tirando o gosto ruim de sua boca. Não conseguiria dormir, pensando em tudo que tinha acontecido depois da morte de April. Apertou o pingente em forma de gota preso ao cordão em seu pescoço. Pegou algumas frutas e picou-as em cubos, pôs dentro de uma tigela grande e depois colocou sorvete de chocolate, com calda de caramelo por cima.

* * *

NATALIE MORGAN acordou ouvindo o som da faca batendo na tábua de cortar carne. Sabia que ele devia estar tendo dificuldade para dormir, afinal, tinha visto o corpo de Jillian estirado no chão, aberto como se fosse um animal em um abatedouro. Não tinha certeza se Drew iria querer conversar, principalmente com ela. Na manhã anterior tinha ouvido os sons das risadas de Zoey e dele, ecoando da cozinha para o quarto. Fazia tempos que Natty não ouvia sua risada.

Jogou as pernas para fora da cama e se levantou. Saiu descalça do quarto, fazendo o mínimo de barulho possível. Seus cabelos estavam soltos e amaçados, e precisou prendê-los em um rabo-de-cavalo para que não parecesse uma mulher das cavernas. Seu pijama era apenas um short de tecido fino cinza-claro com estampas de ursinhos e a camiseta era do mesmo tecido e fazia conjunto com aquele shortinho. Zoey tinha ajudado a escolhê-lo depois que se mudaram para Tulsa, Oklahoma.

Ele estava sentado na mesa de jantar da cozinha, com uma tigela enorme de sorvete de chocolate, frutas e caramelo na sua frente, comendo aquilo sem se importar com nada. Olhando para o nada, vestido com nada mais do que uma calça de moletom preta. Merda, pensou Natalie para si mesma, amaldiçoando o rapaz a sua frente, por que ele insiste em ficar sem a maldita camiseta? Era difícil para ela não olhar para os músculos e pior... para as muitas cicatrizes que se espalhava por seu tronco.