Capítulo 22 - Louco Igual a Mãe

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DREW CAMPBELL estava confuso demais para pensar com calma. Nunca tinha visto aquela mulher na vida além, é claro, da foto que levava no bolso. Continuava paralisado na cadeira, os olhos arregalados para a mulher que o olhava com certa felicidade. Drew se esforçou para lembrar que ela tinha assassinado muitas pessoas.

— Conheci seu pai a muito tempo. Não se espante com meu excesso de carinho. Geralmente, quando encontro alguém que conhecia eu abraço. É uma mania estranha — disse Patrícia com um belo sorriso. Não parecia ter envelhecido nada.

— Sei que deve estar se perguntando por que a trouxemos para cá — disse Esther Trant, sentada ao lado de Drew. Amanda tinha pegado uma cadeira na sala ao lado e tomava notas do comportamento de Patrícia em uma caderneta sentada ao lado da porta.

— Na verdade, eu sei por que estou aqui. Acompanho os noticiários e sei que vocês tinham recursos para me encontrar. Era só questão de tempo até alguém perceber a minha ligação com seu pai — disse a mulher, os olhos ainda voltados para Drew.

— Devo dizer, detetive — disse o advogado de Patrícia —, que minha cliente ainda deve estar um tanto confusa graças ao modo perturbador com que foi tirada de sua casa em Atlanta...

— Pelo contrário, Charles — defendeu-se Patrícia. — Estou completamente sã e de acordo com tudo o que está sendo feito. Fiz muito mal no passado e estou pronta para pagar por ele.

— Entende que esta conversa está sendo gravada, Senhora Thompson? — Perguntou Amanda, inclinando-se para frente.

— Claro que sim.

— Ok — disse Esther, indicando Drew com um aceno de cabeça. — Pode começar, Drew.

— Como conheceu John Campbell? — Ele perguntou, teve de forçar um pouco a voz para que a pergunta fosse ouvida.

— Tínhamos sido vizinhos na infância. Brincávamos juntos com os outros garotos e garotas do bairro. Aos doze anos comecei a ter alguns problemas psiquiátricos e meus pais acabaram me mandando para o lugar onde conheci os outros cinco... Deve saber de quem estou falando, não é?

— Sei, sim — respondeu Drew.

— Eles eram bem mais velhos do que eu. Henry era o mais velho. Meredith era três anos mais velha que eu na época. Queria sair daquele lugar o quanto antes, entende? Lutava contra a minha condição com um fervor que ninguém naquele lugar parecia fazer. Entre todos eles, eu era a mais ingênua, e sempre tinha sido apaixonada por John. Isso é meio clichê, eu sei. Mas, ninguém pode mandar no coração. Seu pai era um bom amigo para mim, sempre que possível ia me visitar e sempre me levava uma flor. Eu dizia a ele que as camélias representavam o amor que eu sentia por ele... Acho que foi uma péssima ideia ter dito aquilo. Então, durante a adolescência ele parou de me visitar e começou a seguir os outros nas pegadinhas idiotas que pregavam no pessoal do lugar onde eu morava. Um deles era filho do xerife e sempre que eram pegos, o policial aliviava a situação... não lembro direito, mas era um Morgan.

Ao lado de Drew, o corpo de Natty se enrijeceu, tomada de surpresa pelas palavras da mulher. Drew apertou a mão dela em sinal de solidariedade.

— Me lembro que eles pulavam o muro dos fundos. Jogavam spray de pimenta em nossos rostos e pulavam de novo... Teve um dia que aqueles de nós que tinham bom comportamento puderam sair acompanhados por dois enfermeiros. Saíram seis no primeiro dia e seis no segundo. Aquele segundo dia foi o estopim para Henry. O pessoal do Broken Arrow High School encurralou um dos pacientes em um beco escuro e o espancaram. Nunca tive certeza de quem foram os responsáveis, mas sempre desconfiei dos Morgan, Griffin, Backer... nunca de John. O paciente foi levado para o hospital em estado grave e acabou não sobrevivendo.

Escuridão - Livro 3 - Trilogia do AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora