Escuridão - Livro 3 - Trilogia do Assassino

Capítulo 27 - Expresso

DREW CAMPBELL ajudou Miranda e Rebecca na limpeza do lugar. Queria ter saído mais cedo para se encontrar com os demais durante o jantar. Queria conversar com todos eles, saber como estavam... Ter um pouco de normalidade em sua vida. Mas o trabalho na livraria o deixara ocupado até perceber que já estava tarde demais. Aceitou o jantar que Michael tinha trazido para todos e se sentou junto a Miranda na parte de trás do estabelecimento para comer enquanto o casal de namorados ficava sentado atrás do balcão.

Sentia que mesmo ainda sendo o alvo de um assassino, que por acaso Drew agora tinha certeza que assassinara seus amigos mais próximos, sua vida havia adquirido um quê de normalidade. Seu relacionamento com Natalie vinha se estabilizando e ficando mais natural que forçado. Zoey e Sarah estavam melhores de seus acidentes, mas não totalmente curadas. Robbie e Ashley pareciam bem até certo ponto. Sempre que pensava que sua vida ao menos voltara um pouco ao normal pegava o celular pronto para ligar para a mãe... e por fim acabava se lembrando de que estava morta.

— Algo o está incomodando, não é? — Perguntou Miranda, os óculos que usava pendiam do pescoço por uma correntinha de prata.

Drew estava tão disperso em seus próprios pensamentos que nem ao menos havia tocado no jantar que Miranda comprara. Ela o olhava de forma triste. Drew abriu um sorriso para ela, tentando aparentar estar em perfeito estado. — Estava pensando nos meus amigos. No meu pai que ainda está desaparecido... em minha mãe. Em Clare. Estava pensando em tudo que pareço ter perdido depois que April foi assassinada — lembrar-se do momento em que assistira a morte dela por uma tela de celular e em seguida a encontrara caída em frente à casa dos Miller foi tão chocante que Drew quase teve uma recaída. Seu espírito já estava completamente estraçalhado por conta das coisas que vinha lembrando. Porém, aquilo que ele mais gostaria de se lembrar era do momento antes de desmaiar no hospital abandonado. Tinham dito a ele que o encontraram segurando uma máscara de palhaço. Então, quem sabe tivesse visto o rosto do desgraçado a tempo?

— Que tal você ir para casa? — Perguntou Miranda, atraindo novamente a atenção de Drew para a conversa. — Hoje o movimento na loja foi cansativo. E você deve ter coisas de jovem para fazer, não?

Drew se recostou na cadeira de madeira entalhada e olhou para o rosto da chefe. — A última vez que me lembro de ter feito algo desse tipo a mãe da minha ex-namorada sequestrou uma amiga e a própria filha apenas para me levar até onde queria. Não acho que seja uma boa ideia — ele tentou sorrir. — Mas, vou aceitar essa dispensa. Natalie está preparando o jantar e espero estar lá ao menos para fazer companhia aos meus amigos. Obrigado, Miranda.

— Natalie, hein? — Miranda sorriu. — Como ela está?

— Ela está tentando lidar com as coisas. Tem sido difícil para ela — respondeu Drew, levantando-se da cadeira. Tirou o avental que vestia e pegou a mochila, caída ao lado da cadeira.

— Tem sido difícil para todos, querido — respondeu Miranda, levantando-se para dar um abraço em Drew. — Vá para casa e descanse um pouco.

— Obrigado de novo, Miranda.

— Não tem de que, querido.

Drew sorriu para ela e seguiu para a frente da loja. Despediu-se de Rebecca e Mike e saiu para o estacionamento da livraria. O seu carro estava parado ali, com Esther no banco do motorista, esperando por ele para leva-lo para casa. Não viu Henry e seu Hummer em lugar nenhum. De uns dias para cá Esther tem sido uma boa companhia. Alguém com quem Drew sabia que podia contar, e ela demonstrava certo grau de empatia com ele. Esther Trant era uma mulher solitária e tentava encontrar conforto e companhia em um cara que a qualquer momento poderia estar morto. Drew não se lembrava de tê-la conhecido, mas sabia que isso tinha acontecido no começo do ano passado. Não sabia em quais circunstâncias, e isso não fazia a menor diferença. Gostava da companhia dela.