Capítulo 1- Vida Nova

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     Após colocar a última mala dentro do carro entro em casa novamente e começo a arrumar as coisas essenciais da minha bolsa de mão. Mamãe dá lentos passos até entrar completamente em meu provavelmente antigo quarto. Com as mãos sobre seu peito, percebo seus olhos lacrimejarem e em um fração de segundos ela começa a chorar, reviro meus olhos e sorrio tentando consolá-la

- Mamãe é só um ano, você pode me visitar quando quiser. - Eu a abraço.

- Você não entende como é difícil para uma mãe ver uma filha ir embora.

- Mamãe entenda uma coisa. - Pego em suas mãos. - Tenho tenho que ir Para Las Vegas para pagar minha faculdade. Por mais que eu tenha ganhado metade da bolsa de estudos, ainda vou precisar pagar a outra metade. Irei juntar dinheiro o suficiente e depois eu volto para casa. Mas é óbvio que eu não vou mais morar com vocês depois disso, já está na hora de eu andar com minhas próprias pernas, mas pelo menos vamos estar mais perto uma da outra.

- Se for para ver você seguir seu sonho, eu aguento esse sofrimento. Mas daqui a pouco até o Thomas sai de casa.

- Mamãe o Thomas só tem sete anos. - Dou uma risada de leve.

Pego minha bolsa e vou em direção à porta. Meu pai está assistindo TV com seus pés sobre um banquinho fofo perto do sofá.

     Meu pai sempre foi muito carinhoso comigo, ele me ajudou a andar de bicicleta, fez meus curativos quando caia, me dava conselhos como "Se alguém te bater você deve bater duas vezes mais" (até que é um bom conselho). Eu o amo muito, assim como amo minha mãe, mas sempre fui bem mais ligada ao meu pai. Meus pais são fundamentais na minha vida.

     Ao perceber minha presença próxima à sala, papai se levanta e começa a mexer em seu bolso. Com muito esforço, ele tira várias notas de dinheiro de seu bolso apertado.

- Acabei de sacar no banco. - Diz ele. - Pegue.

- Papai eu não posso aceitar, é muito dinheiro pode fazer falta aqui. A mamãe perdeu o emprego e as contas vão apertar por aqui.

- Alexa, apenas aceite. Não irá nos fazer falta, eu prometo. Qualquer coisa eu faço um empréstimo.

- Papai...

- Aceite logo, Alexa. - Meu pai é uma das únicas pessoa que me chamam de Alexa, sinceramente, confesso que prefiro ser chamada só de Lexi. Minha mãe só me chama de Alexa quando está brava comigo.

- Tudo bem, mas eu só vou aceitar porque esse dinheiro será bem útil para mim. - Damos risada juntos.

- Lembro-me como se fosse ontem, eu ensinando minha menininha a andar de bicicleta. Você ralou o joelho e depois fomos tomar sorvete. - Vejo seus olhos lacrimejarem assim como os da minha mãe.

- Sim... falando desse jeito vai me fazer chorar e eu não quero sair daqui chorando. - Sorrio com os olhos cheios de lágrimas. - Bem, mas agora sua menininha precisa ganhar dinheiro para pagar a faculdade e ser uma grande estilista no futuro. - Damos risada até que nos abraçamos.

- Eu te amo. - Sinto suas lágrimas caírem sobre minha jaqueta.

- Também amo você papai.

      Após me certificar de que não me esqueci de absolutamente nada, dou uma ultima olhado no meu quarto rosa e então me despeço dele. Todos me esperam ao lado de fora bem no meio do jardim, minha mãe, meu pai e Thomas. Thomas está com seu velho dinossauro, mas assim que me vê muda sua expressão e começa a chorar (novamente mais uma pessoa para consolar).

- Thomas não chore. - Tiro o pequeno cacho encaracolado de seu rosto.

- Lexi posso ir junto?. - Ele me responde com seus pequeninos lábios rosados.

- Pensa bem... Se você vier comigo, quem é que irá salvar os gatos da vizinha ?. - Ele me olha e começa a rir.

- Tem razão, Lexi.

- Vamos sentir sua falta, querida. - Diz mamãe abraçando papai.

- Eu também irei sentir muita a falta de vocês. - Não me contenho e começo a chorar.

Ouço alguém gritando meu nome no meio da rua, olho de um lado para o outro e não vejo ninguém. Ao piscar os olhos, Karem aparece correndo pelo meio fio vindo em minha direção. Chorando como uma louca, ela me abraça e começa a chorar mais ainda.

- Fiquei sabendo que você vai embora hoje. Por que não me avisou?.

- Eu tentei te avisar há semanas. Eu te liguei mas você não atendia!.

- Eu quebrei meu celular, não pude responder.

- É, estou indo agora. Mas não precisa chorar eu não vou embora para sempre. Nós ainda nos veremos, você é minha melhor amiga.

    Conheci Karem na quinta série. Eu era nova na escola e ela foi a única pessoa que me estendeu a mão quando algumas garotas me empurraram com uma bandeija de comida. Desde então, nos tornamos melhores amigas.

- Quem vai me levar ao Shopping agora ?. - Ela sorri.

- Existe uma coisa chamada Táxi, ou auto escola, você pode começar a fazer uma. - Começamos quando termino de falar.

   Todos estão a minha frente. Jogo minha bolsa no banco e dou um abraço em cada um deles. Engato a chave no carro e vou em direção de uma nova vida. Sair de Phoenix o lugar onde eu sempre morei, não será uma tarefa fácil, mas eu não podia ficar sentada num sofá de braços cruzados sem tomar nenhuma iniciativa. Eu tenho um único plano para quando chegar em Las Vegas, alugar um quartinho e sair feito louca procurando um emprego, eu poderia fazer isso em Phoenix mas não é uma cidade tão grande, não há tantas oportunidades lá então decidi ir para Las Vegas, o lugar das oportunidades.

      É lógico que eu poderia ter arrumado um emprego relativamente bom e continuar morando com meus pais. Eu quero algo além disso, quero viver novas aventuras em lugares diferentes, conhecer pessoas novas e consequentemente ter uma vida diferente. Escolhi Las Vegas porque sempre tive vontade de visitar essa cidade e também porque acho que será um ótimo lugar para se começar uma vida nova.

   Disseram que em Las Vegas o que não falta é emprego.

                                   ♡

       Nunca havia feito uma viagem sozinha antes, ainda mais dirigindo. Gosto de desafios e ir para Las Vegas  já é um. Não conheço essas estradas até porque nunca havia ido para Vegas antes .

         Já é quase meio dia, depois de passar mais de uma hora dirigindo sem parar, finalmente sinto que preciso ir esvaziar a bexiga. Paro em um bar na rodovia para ir ao banheiro, ao sair logo em seguida peço um café.

         Há um estranho casal me olhando de cima a baixo e principalmente para minha bolsa. Meu pai sempre me disse para ser uma pessia desconfiada, como não sou boba, pago o café e vou em direção ao carro. Um casal estranho desses vendo uma mulher viajando sozinha por essas estradas totalmente desertas, certamente não estou interessados em saber qual é a marca da minha bolsa, eles querem o que há dentro delas.

          Saio às pressas do bar que fica literalmente no meio do nada e vou em direção ao meu carro. Fecho os olhos e dou um suspiro, um vento bate no meu rosto e quando abro os olhos vejo aquela longa e deserta estrada. De baixo do de um sol escaldante meus olhos ficam pequenos e percebo que essa mudança não será nada fácil e isso também significa que já sou uma adulta, e tenho que tomar atitudes sérias. Mas mesmo assim, estou muito feliz por estar começando uma vida nova, e prestes a alcançar meus objetivos.

          Entro no meu carro, ligo o som e coloco uma das mãos no volante. Giro a chave e dou um leve sorriso determinado.

- Las Vegas...Me aguarde. - Digo para eu mesma.

Era uma Vez em Las Vegas [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora