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Notas:

Olá amorzinhos ♡
Sorry por não postar ontem mas postei um epílogo de TWTG, então :')
Espero que gostem e boa leitura ☆
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Pov Lica.

Minha mãe vai empurrando a cadeira de rodas onde estou sentada, já que ficar de pé, é a última coisa que devo fazer agora, segundo o médico.

Entramos na UTI, onde o médico conseguiu que eu ficasse apenas por cinco minutos, como o prometido.

Conforme a distância diminuí, meu coração acelera.

- Tem certeza? - Minha mãe pergunta e para na porta da ala hospitalar.

- Absoluta. - Digo olhando pra frente.

Ela volta a me empurrar, entramos em um dos quartos.

Nos aproximamos da cama, onde ela está, toda entubada e ligada a fios, sua cabeça completamente enfaixada, seu rosto com alguns curativos, uma das pernas engessada, um dos braços também engessado.

Sabe quando você vê o amor da sua vida mas ele não está ali de verdade? É como se fosse ela mas não é ela, não a minha Samantha, a mulher cheia de vida; ela ainda tem toda uma vida pela frente mas não consigo ver vida nela sobre essa cama.

- Nos deixe sozinhas, por favor... - Peço para minha mãe, ela aperta meu ombro bom e nos deixa sozinhas.

Pego a mão de Samantha e a beijo, molho sua mão com minhas lágrimas.

- Eu gostaria de beijar sua testa mas não posso. - Dou uma risada triste. - Eu gostaria de estar no seu lugar, juro que gostaria. - Digo. - Você não teve culpa, amor. - Nego com a cabeça. - Um policial me disse que pode ter sido algo planejando, mas quem faria isso com você? Com a gente? - Faço as perguntas mesmo que ela não possa me responder.

Deito minha cabeça ao seu lado, em cima de minha mão e desabo, meu choro de soluçar; se eu pudesse me ver, aposto que sentiria pena de mim.

- Você vai acordar. - Digo entre meus soluços e sentindo dores na região onde fui operada. - Eu te amo, Samantha..eu te amo... - Digo.

Sinto alguém puxar minha cadeira para trás, eu iria protestar mas sei que isso só faria mal para nós duas, porque acredito que ela esteja ouvindo e não gostaria de me ver assim, da mesma forma que tenho vontade de morrer ao vê-lá em cima dessa maldita cama, respirando, se alimentando por esses tubos.

- Eu disse que não era uma boa idéia. - Escuto a voz do meu pai e só então percebo que ele empurra a cadeira.

- Cala a boca, Edgar. - Minha mãe ordena.

Eu apenas choro, agora de forma mais silenciosa.

Estamos de volta em meu quarto, os enfermeiros me colocam de volta na cama, me medicam, calmantes? Talvez, mas não me importo, só quero descansar, só quero dormir.

(...)

- Quer ver seus amigos? - Minha mãe pergunta.

- Pensei que meu pai tivesse proibido. - Digo de olhos fechados.

- Chega de fazer as coisas como ele quer. - Ela diz, abro os olhos surpresa.

- Não é mais submissa? - Pergunto rindo.

- Me respeite, Heloísa. - Pede e cruza os braços.

- Desculpa. - Peço arrependida. - E sim, quero vê-los. - Digo.

- Ok. - Ela diz e sai do quarto, talvez tenha ficado chateada.

Pego o controle da televisão e a ligo, desligo quando percebo que nada de bom passa nessa porcaria.

- Oi. - Olho para dona da voz e sorrio.

- Oi. - Digo, ela caminha até a cama e me dá um abraço desajeitado.

- Fiquei tão preocupada com você. - Ela diz, vejo que seus olhos estão inchados. - Com vocês. - Suspira pesado.

- Você a viu? - Pergunto.

- Sim, eu, minha mãe e meu pai... - Responde.

- Você já foi pra casa? - Pergunto preocupada com sua aparência cansada.

- Eu não vou sair daqui enquanto não estiverem totalmente bem. - Ela diz, de braços cruzados.

- Isso pode demorar, Clara. - Digo. - Por favor, vá pra casa e descanse. - Peço.

- Acredite, não é comigo que deve se preocupar. - Diz, a encaro confusa. - MB... Ele está muito mal. - Explica.

- Quero falar com ele. - Digo. - Sei o quão importante ele é pra ela. - Suspiro pesado.

- Tudo bem. - Beija minha testa. - Estarei lá fora. - Informa.

- Clara, não, por favor, descanse. - Peço, ela revira os olhos, então sei que consegui.

Minha melhor amiga sai do quarto; alguns minutos depois e vejo o loiro, ele está visivelmente acabado, seus olhos com terríveis olheiras, seu rosto completamente vermelho.

- Por quê? - Ele pergunta quando já está sentado na cadeira, que colocou próxima a minha cama. -  Eu não consigo entender. - Começa a chorar e faz a mesma coisa que fiz dias atrás na cama de Samantha. - Ela me disse pra pegar um Uber, eu a ouvi, eu fiz o certo, eu a ouvi. - Soluça, acaricio seu cabelo, sinto lágrimas por meu rosto e só então percebo estar chorando também. - Eu não escuto ninguém mas eu sempre a ouvi. - Ele continua. - Eu sinto tanto, eu sinto tanto. - A intensidade do seu choro só aumenta.

- Todos sentimos. - Digo tentando ser forte. - Você é um bom amigo, MB. - Ele levanta a cabeça e olha nos meus olhos. - Ela vai acordar? - Pergunta.

- Eu não sei. - Responder isso me destrói um pouco mais. - Agora você precisa descansar. - Digo. - Vem aqui. - Me afasto um pouco, deixando um bom espaço na cama, ele exita mas se deita ao meu lado, todo encolhido, o cubro.

MB chora baixinho, até que deixa de chorar, até adormecer, é, faço o mesmo.

(...)

Abro os olhos, me mexo e percebo que MB ainda está na cama, ainda dorme.

- Obrigado por isso. - A voz baixa de Guto escoa pelo quarto iluminado apenas pelo abajur; o vejo sentando em uma poltrona.

- Como está? - Pergunto.

- Meu mundo está desabando mas algum de nós precisa ser forte. - Responde, seu rosto banhado pelas lágrimas silenciosas.

- Você a viu, certo? - Questiono.

- Vi; fiz o possível e impossível mas consegui. - Responde. - Você sentiu como se não fosse mais ela? - Pergunta.

- Sim. - Respondo.

- Ela vai acordar! - Tudo sai como uma afirmação de sua boca. - Tudo vai ficar bem. - Continua.

- Você tem fé? - Pergunto.

- Você tem? - Devolve a pergunta.

- É a única coisa que me dá esperanças. - Respondo.

- É única coisa que me dá esperanças também. - Ele diz.

Ficamos em silêncio, não um silêncio ruim ou desconfortável, mas um silêncio necessário.

Eu e os dois melhores amigos de Samantha, talvez as três pessoas mais importantes da vida dela, já que ela é com certeza a pessoa mais importante das nossas vidas.
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Notas finais:

Gostaram do capítulo?
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17 não é 18.Onde histórias criam vida. Descubra agora