Capítulo 18

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Pov. Ryan

Fazia um mês desde que eu cometi aquele ato imperdoável. E durante esse tempo, eu fiz de tudo para ficar o mais longe possível da Valentina. Não consigo olhar para ela sem lembrar do seu olhar cheio de dor, por causa daquele maldito dia.

Estava saindo do escritório para ir até a cozinha, para pedir que me levasse algo para mim comer lá no meu escritório. Quando chego perto da escada, encontro Valentina carregando Sophia que estava dormindo em seu colo. Ela me olhou com raiva e disse que queria ter uma conversa séria comigo.

Fiquei curioso e intrigado com o que Valentina tinha que falar comigo. Nós nunca conversamos, fiz questão de me afastar ainda mais dela depois daquela noite, e agora ela quer falar comigo?

Volto para o meu escritório e fico esperando que ela venha. Depois de alguns minutos. ela entra no meu escritório e me olha séria.

- “Por que você faz isso?” - Valentina pergunta com raiva.

Do que essa louca está falando?

- “Do que você está falando?” - pergunto sem entender nada.

- “Da forma que você está tratando a Sophia, ela é só uma criança.”

- “Isso é algo que não te interessa.” - falo sendo rude.

- “Ah não? A partir do momento que sua filha vem chorando até mim, dizendo que você brigou com ela e falando que você não ama ela, passou a ser da minha conta. Por que você trata ela assim?”

Quem ela pensa que é pra se meter na minha vida desse jeito?

- "Essa menina matou a minha esposa quando nasceu!” - eu grito furioso.

Ela não é ninguém pra falar assim comigo.

- “Essa menina como você fala é sua filha! E você a culpa pelo o que ela não fez? Que tipo de monstro você é?” - ela grita comigo e isso está realmente me tirando do sério.

- “Se não fosse por ela, minha Eliza ainda estaria viva!” - eu disse gritando. - “Nós sempre quisemos ter filhos, era o sonho dela, quando ela engravidou ela ficou muito feliz, e quando Sophia nasceu minha Eliza morreu, e eu passei a odiá-la com todas as minhas forças.” - eu terminei de falar e vi que ela ficou chocada.

- “Agora eu vejo o que você realmente é!” - ela disse. - “Você não passa de um monstro! E você ainda é capaz de dizer que ama Eliza, uma mulher que sacrificou sua própria vida para realizar o sonho de ser mãe. E o que você faz para honrar esse sacrifício? Nada, apenas odeia e despreza o fruto do amor de vocês." - ela disse me olhando com fúria. - "De uma coisa eu tenho certeza, se ela tivesse que fazer tudo de novo, ela faria sem pensar duas vezes. Por que é isso que se faz por quem se ama. Você não sabe o que é o amor Ryan! Você acha que sabe, mas você é egoísta demais pra saber o que é amor. Você não merece ser chamado de pai. Não merece o amor que sua filha sente por você e com certeza você não merece o amor que Eliza sentia!" - ela fez uma pausa para respirar. - "Você parou alguma vez pra pensar como sua filha se sente por não ter a mãe por perto e consequentemente o pai também, por que ele está ocupado demais sendo egoísta pensando na própria dor, que não percebe que outra pessoa também está sofrendo? Você não merece ser chamado de pai. E eu tenho certeza se a Eliza pudesse te ver agora, ela estaria decepcionada ao ver o monstro que você se tornou!” - Valentina terminou de falar e saiu do escritório.

Minha respiração estava agitada em meu peito e eu soltei um suspiro trêmulo tentando me acalmar um pouco.

As palavras que Valentina disse, mexeu comigo e me deu muito o que pensar. Eu fiquei pensando em suas palavras durante um longo tempo.

Cada uma de suas palavras realmente tocou a minha alma e percebi que Valentina tem toda razão.

Eu passei esses últimos cinco anos odiando minha filha ao invés de ama-la, estava cego com a minha própria dor, que esqueci que não era o único que estava sofrendo. E como Valentina disse, Eliza estaria decepcionada comigo por tratar assim a filha que ela tanto amou até o último segundo e por quem se sacrificou.

Meu Deus, eu sou realmente um monstro!

Eu falhei com Eliza, falhei com minha filha, falhei com Valentina e falhei comigo mesmo.

Lágrimas começam a rolar pelo o meu rosto, e chorei, chorei como nunca.

Eu preciso reverter tudo o que eu fiz, eu sei que ainda tenho tempo para mudar e eu espero que um dia eu consiga o perdão de minha filha.

Saio do meu escritório e subo as escadas correndo para ir até o quarto da minha filha e vejo ela dormindo serenamente em sua cama.

Ela parecia um anjinho dormindo, e é tão parecida com a mãe. Acaricio suavemente o seu rostinho adormecido e vejo que ela abre lentamente os seus olhinhos.

- “Papai?” - minha filha pergunta com sua doce voz um pouco rouca por causa do sono.

- “Oi princesa...” - sussurro me sentando na beirada da sua cama.

- “O que você está fazendo aqui?”

- “Eu vim pedir desculpa por ter sido tão malvado com você. É que eu fiquei tão triste quando sua mamãe morreu, que eu não percebi que você também precisava de mim. Eu fui mal com você, quando você só queria o meu carinho." - eu acaricio o seu rostinho. - "Você desculpa esse pai bobo que só quer concertar as coisas e fazer tudo direito dessa vez?” - eu pergunto e ela olha para mim com os seus olhinhos cheios de lágrimas.

- “Sim papai.” - ela diz e me abraça.

Eu fiquei tão feliz por minha filha ter me desculpado, esse é o primeiro passo para recuperar todo o tempo que perdi.

- “Agora volte a dormir princesa, já está tarde.” - ela assente e se deita na cama. - “Boa noite.” - digo e dou um beijo na sua testa.

- “Boa noite papai.” - ela diz e fecha seus olhinhos.

Me viro para sair do quarto e dou de cara com Valentina na porta nos observando. Nós dois saímos do quarto de Sophia e caminhamos para o nosso quarto. Quando entramos no quarto, ela se vira para mim e diz.

- "Me desculpe pela forma que falei com você. Eu acabei sendo muito dura.” - ela diz olhando nos meus olhos.

- “Você estava certa e acabou abrindo os meus olhos. Sou eu que tenho que me desculpar pela forma que falei com você e te agradecer  por você ter aberto os meus olhos.” - digo e ela sorriu para mim.

Eu nunca tinha reparado como o sorriso dela é lindo e ela fica ainda mais bonita sorrindo. E eu sorrio para ela.

Valentina não disse nada e vai se deitar na cama, vou para o banheiro tomo meu banho, coloco a calça do meu pijama e uma camiseta e deito na cama, não demora muito eu acabo dormindo.

Esse foi o sono mais leve que eu tive em anos.

Casamento Forçado (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora