Capítulo 3 - Giovana

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Depois que deixei Anabel, não soube mais o que fazer.

Já havia treinado com Aurora e, quando fui até a Arena mais uma vez, Perla havia tomado meu lugar. Ainda não era hora do almoço, então não podia ir ao refeitório. A única opção que me restava era voltar ao meu Chalé, então foi o que eu fiz.

Infelizmente, no meio do caminho, encontrei a pessoa que menos queria encontrar: Felipe.

- Oi. – Ele disse, me fazendo suspirar de leve. – Não te vi hoje de manhã.

- É. – Respondi. Era essa minha ideia, na verdade.

- O que você vai fazer agora? – Ele perguntou. – Podemos treinar um pouco antes do almoço, se você quiser.

- Eu tenho que falar com Jason, na verdade. – Eu menti.

Felipe franziu as sobrancelhas ao olhar para mim. Ele segurou meu braço de leve e me forçou a parar de andar. Eu revirei os olhos ao encará-lo.

- Você está me evitando. – Ele disse.

Não era uma pergunta, mas também não era uma acusação. Ele simplesmente queria que eu soubesse que ele sabia o que eu estava tentando fazer. Mas pelo modo como me encarava, eu sabia que ele não estava muito feliz comigo.

- Estou. – Respondi.

- E eu posso saber por que?

- Não.

Com isso, puxei o braço das mãos de Felipe e caminhei até meu Chalé. Ele não se moveu, mas pelo modo como seus olhos acompanhavam meus movimentos, eu sabia que ele não planejava em me deixar em paz tão cedo.

Suspirei quando entrei no meu Chalé. Jason estava lá, sentado em sua cama, brincando com algumas pequenas faíscas de eletricidade que saiam de seus dedos. Quando caminhei em direção a minha cama, meu meio-irmão levantou os olhos azuis para me encarar.

- Você está bem? – Ele perguntou.

Dei de ombros, mas ele não pareceu satisfeito com a resposta.

- Tem certeza? – Ele insistiu. – Por que o Felipe veio mais cedo falar comigo.

- Ah, ele veio? – Perguntei. Não sei nem por que estava surpresa.

- Veio. – Jason confirmou. – Ele me disse que achava que você está evitando ele.

- Eu estou.

- Por que? – Meu meio-irmão franziu as sobrancelhas, se virando na cama de modo a me encarar de frente.

- Não importa. – Eu respondi.

- Giovana...

- Eu estou bem, não se preocupe comigo.

Jason me encarou, mas quando eu sorri para ele, ele suspirou, sabendo que não conseguiria arrancar mais nada de mim.

- Mas o que é que você estava fazendo aqui sozinho? – Eu perguntei. – Percy acabou de chegar.

Ele me encarou quando citei seu melhor amigo. Sorriu, mas deu de ombros.

- Logo, logo é o almoço. Falo com ele lá. – Ele deu de ombros. – Percy é legal, mas pode ser um pouco irritante de vez em quando. Como eu vou ter que passar os próximos três meses com ele, é melhor eu aproveitar meus últimos minutos de paz.

Eu ri. Sabia que ele não pensava daquele jeito de verdade, mas Jason era um tanto preguiçoso. Provavelmente ele só não queria levantar da cama ainda e também não queria admitir isso para mim.

- Certo. – Respondi com um sorriso. – Vou fingir que eu acredito.

Jason riu e jogou um travesseiro em mim. Eu o joguei de volta e, de repente, nós estávamos no meio de uma guerra de travesseiros. O chalé de Zeus era enorme, principalmente considerando que só eu e Jason morávamos aqui. Thalia visitava de vez em quando, mas ela ficava com as caçadoras de Ártemis no Chalé 8, então só haviam duas beliches no quarto, além de uma enorme estatua de Zeus ao centro.

No momento, eu estava atrás dela, agarrada ao tornozelo da versão de gesso de pai enquanto Jason caminhava lentamente em minha direção com um sorriso e um travesseiro na mão. Eu ri alto quando ele pulou com um grito em minha frente, como se para me assustar. Jason me pegou pela cintura e me derrubou no chão. Eu caí em baixo dele e ele riu quando o estrondo familiar de um raio se fez ouvir pelo Chalé.

- Acho que você fez de novo. – Ele comentou.

Os semideuses que ficavam o ano todo no Acampamento já deviam estar acostumados. Toda vez que Jason e eu resolvíamos fazer brincadeirinhas infantis como essa, acabávamos ficando um pouco competitivos demais e, quem quer que fosse que perdesse, convocava um raio em cima do Chalé. Não tinha ideia de como o teto ainda não havia sido pulverizado, mas por ser o Chalé de Zeus, ele devia ser resistente a esse tipo de coisa.

- Não é exatamente minha culpa. – Eu respondi.

Jason riu, mas me ajudou a ficar de pé. Eu ajeitei meu cabelo antes de ouvir meu meio-irmão dizer que já estava na hora do almoço. Ele passou abriu a porta do Chalé e me esperou para sair. Eu suspirei quando vi Felipe sentado na porta do Chalé 13. Ele levantou o rosto para mim e eu desviei o olhar.

- Por que você...

- Não quero falar sobre isso. – Eu interrompi Jason, antes de pega-lo pela mão e puxa-lo em direção ao Refeitório. – Só vamos comer logo.


O metrô da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora