Capítulo 25 - Perla

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Estávamos sentados o mais perto possível da barreira do acampamento.

Contávamos piadas e ríamos, assim como fizemos no Mundo Inferior, mas aqui, o clima era mais leve, apesar de eu não estar exatamente relaxada, já que eu não devia baixar a guarda um minuto se quer, pois se um monstro aparecesse, eu era a única de nós dois que podia lutar. De repente, depois de uma piada boba que nos fez rir, ele se virou para mim e disse:

- Aqui tem água.

- O que? – Perguntei.

- Você me disse que me mostraria seus poderes se houvesse agua... E aqui tem água.

- Você não vai desistir não é? – Eu disse rindo.

- O que foi? – Ele disse. – Eu só quero ver do que você é capaz.

Revirei os olhos. Me concentrei e fiz com que um fiozinho de água saísse do lago e subisse em nossa direção. Ele olhou maravilhado o caminha certeiro que ela fazia. Encostei a mão no chão e fiz com que ela subisse nela. Formei uma pequena bolha de água na minha mão.

- Legal! – Ele disse entusiasmado. – Muito legal!

- E não é só isso.

Comecei a mover a mão e deixar a água no formato que eu queria. Ele admirava tudo, desde a posição de meus dedos, até o formato da água. De repente, um luz forte brilhou e eu senti um pequeno peso em minhas mãos. Estava dando isso à ele. Tinha certeza de que era isso que queria.

- O que é isso? – Ele perguntou.

- É pra você. – Eu disse, lhe entregando minha pulseira. – Quero que fique com ela, para... Se lembrar de mim.

- Para me lembrar de você? Então nem precisa me dar isso. Eu não vou te esquecer tão cedo... – Corei com o comentário. – Mas obrigada.

E foi então que ele parou para analisar o presente. Uma pulseira de pérolas que minha mãe havia me dado quando eu ainda era bem pequena. Agora era dele. Ele correu a pulseira por entre os dedos e abriu um sorriso.

- O que foi? – Perguntei.

- Pérolas... Seu nome é pérola em italiano, não é? Pérola... Perla... Perls... Ei, você é Perls.

- O que?

- Sim, vou te chamar de Perls.

- Harry...

- O que foi? Vamos continuar nos falando não é? Vamos ser amigos ainda, não é?

- Sim! É claro! – Respondi um pouco mais rápido do que gostaria. – É só que aqui... A comunicação é um pouco complicada.

- Por que? O sinal não é bom?

- Não... É que não podemos usar celular... Nem computador.

- Por que?

- Seria como avisar os monstros sobre onde estamos.

- Ah... – Foi tudo o que ele disse.

- Mas, Harry, se...

- Perla! Que bom que está bem.

- Quíron. – Disse meio aliviada, meio incomodada pela sua presença.

- Esse é nosso pequeno mortal?

- Ele tem pernas de cavalo? – Ele cochichou ao meu ouvido. Segurei o riso. – O que foi?

- Ele não pode ficar, querida...

- Mas Quíron... – Eu disse.

- Tudo bem. Tenho mesmo que voltar pra casa. Meus pais devem estar preocupados.

- Mas... – Ele me interrompeu, pegando minha mão.

- Ei, relaxe, Perls... Você não vai se livrar de mim tão cedo. – Ele se despediu com um abraço.

- Vamos assegurar que ele faça uma vagem tranquila, Perla. – Quíron disse, depois que o carro de Argos, que levava Harry para casa, partiu.

- Sei que sim... – Foi tudo o que pude responder. Me virei e entrei no acampamento.

- Você está bem, criança?

- Sim, Quíron. Só preciso dormir um pouco.

Ele concordou com a cabeça e saiu. Andei em direção ao meu chalé. Quando cheguei lá. Me joguei na cama e fechei os olhos. A primeira coisa que me veio à cabeça foi o rosto de Harry. Por quê? O que eu estava sentindo? Não sabia. Só sabia que era bom, ao mesmo tempo que era dilacerante. Sentia meu coração em pedaços quando lembrava que Harry não estava aqui. Suspirei e abri os olhos. Encarei a beliche de cima. "Não vai se livrar de mim tão cedo.", ele disse.

- Espero que não, Harry...Espero que não.    

O metrô da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora