- Ah, que ideia genial! – Gritei.
- Fale baixo, Aurora... – Felipe me repreendeu, em um sussurro. – E eu acho uma boa ideia!
- Vocês estão cegos de amor, isso sim!
- E você não? – Ele perguntou.
- Eu... Hã... Isso não vem ao caso. – Respondi, rezando para não estar corada.
- Ah, claro... Enfim... Vamos ou não? – Felipe revirou os olhos.
- Vamos! Eu já peguei tudo. – Percy comentou, se pondo de pé.
- Tudo o que? – Perguntei.
- Néctar, ambrósia... E Contra-Corrente.
- Como vamos fazer? As Harpias não vão nos comer?
- Não se fugirmos delas... – Percy abriu um sorriso nada inocente. Ele já deve ter feito isso. E está inteiro... Pelo menos, fisicamente.
Resolvi confiar nele. Contornaríamos os chalés e... Bem, tentaríamos não virar comida. É, sem Anabel nossos planos eram meio precários. Saímos e, muito silenciosamente, demos um passo após o outro. Percy ia à frente, Felipe atrás e eu no meio. De repente me lembrei:
- Estamos desarmados! – Sussurrei.
- Hum... Vamos passar pelo chalé de vocês... Nós entramos e vocês pegam o que precisam. – Percy respondeu.
- Tudo bem. – Concordei.
Andamos mais um pouco e paramos em frente à porta do chalé. Eu entrei e segurei a porta para que Percy e Felipe pudessem passar. Eles entraram e rapidamente, Felipe pegou sua espada. Eu peguei minhas bombinhas e corri para meu armário.
- O que está fazendo? – Sussurrou Felipe.
- Pegando uma camiseta, ora essa.
- Bem pensado. – Ele correu para seu armário e pegou uma camiseta.
- Vamos logo! – Percy sussurrou.
- Vamos. – Respondi.
Saímos do chalé e, na mesma formação que viemos, corremos colina acima por entre as arvores do bosque. De repente, senti uma presença próxima de mim. Senti um vento e uma pena vermelha caiu em minha cabeça.
- Acho que fomos descobertos. – Sussurrei.
- Corram! – Felipe gritou.
Não pensamos duas vezes. Uma das Harpias arranhou minhas costas. A dor foi tão intensa que não pude me manter de pé. Caí para frente, mas antes que atingisse o chão, Felipe me segurou.
- Você está bem? – Perguntou, preocupado.
- Sim. – Respondi, automaticamente.
Felipe me segurava com o braço esquerdo e segurava a espada com o direito, mas ele não tinha habilidade nenhuma desse lado. Sim, ele era canhoto. Uma das Harpias passou voando ao lado dele e ele quase caiu. Me senti uma inútil. De repente, tive uma ideia.
- Me dê a espada.
- O que? – Ele perguntou, surpreso.
- Me dê!
- Tudo bem. – Ele cedeu, me entregando a espada.
Enquanto ele corria, eu nos protegia, afastado as Harpias com a arma de meu irmão. Arranhei uma e ela caiu. Depois disso foi fácil. Era só aproximar a espada delas para que elas se afastassem. Felipe riu do medo que elas sentiam. Não pude deixar de rir também. Avistei a árvore de Thalia. Felipe já não me aguentava. Eu via o suor em seu rosto. Eu ouvia sua respiração pesada a meu lado.
- Pode deixar... Acho que posso caminhar sozinha.
- Não. É claro que você não pode.
- Mas, Felipe, você...
- Eu estou bem... O importante agora é você.
Sorri. Comecei a fazer mais força, para ao menos ajuda-lo, mas depois de alguns passos mais pesados, minha visão começou a embaçar pela dor e pelo esforço. Minha respiração ficou mais lenta e eu estava prestes a desmaiar. Mas eu não podia. Não até termos atravessado a barreira. Felipe deve ter percebido, pois me pegou no colo e começou a me carregar. Comecei a resistir balançando as pernas e os braços. Ele, ofegante disse:
- Se você parar de se debater fica mais fácil.
Obedeci. Fiz um ultimo esforço e dei um beijo na bochecha dele. Sussurrei um breve "obrigada" e depois, me permiti ceder à força da dor.
***
Abri os olhos. Olhei em volta. Felipe me encarava preocupado.
- Ah! Você acordou! Graças aos deuses! – Sorriu. Ele parecia mais pálido que o normal.
- Sim, sim, estou bem. – Balancei uma mão na frente do rosto, enquanto me sentava. - Onde estamos?
- No metrô.
- Você me carregou até aqui?
- Normalmente, as garotas adorariam serem carregadas por mim. – Ele brincou.
Ri. Me levantei com certa dificuldade. A dor em si havia passado, mas minhas costas continuavam a sangrar. Com menos intensidade, mas mesmo assim... Minha camisola estava ensopada de sangue. Graças aos deuses era a camisola. Procurei por Percy. Ele olhava ansiosamente o metrô que estava vindo.
- Acho melhor virem até aqui. – Ele se virou para nós e abriu um sorriso. - Esse é nosso trem.
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O metrô da meia noite
Fanfiction- O que é que está acontecendo? - O filho de Hades perguntou. Anabel deu de ombros e esticou uma das mãos para pegar uma maçã do cesto de frutas da minha mesa. Ela fez um sinal com a mão livre para Aurora e ela suspirou, antes de começar a se expli...