Capítulo 6 - Giovana

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Encontrei com Anabel no meio do caminho.

Ela estava nervosa, mas assim que me viu correndo para alcança-la, ela parou de andar e se virou para mim com um sorriso.

- Está tudo bem? – Perguntei.

- Tá. – Ela deu de ombros de leve. – E você? Tudo bem?

- Uhum.

Ela sabia que eu estava mentido. Mas como eu também sabia que ela estava mentindo, decidimos deixar por isso mesmo. Antes que pudéssemos começar outro assunto, porém, Perla e Aurora correram em nossa direção.

- Ótimo. Estão as duas aqui. – A filha de Hades sorriu, meio ofegante.

- Vamos falar com Quíron. – Perla disse, também tentando recuperar o fôlego. – Quanto mais cedo sairmos, mais cedo vamos voltar.

***

Quíron não gostou muito da ideia de nós três sairmos em outra missão. Da ultima vez que fizéssemos isso, demoramos bem mais do que o esperado, tínhamos uma profecia e deixamos Luke bem irritado com a gente. Quem sabe o que mais poderíamos fazer no Submundo?

Ele nos alertou que era perigoso sairmos sem uma profecia, mas o convencemos de que o sonho de Aurora era presságio o suficiente. A parte mais complicada foi explicar para o velho Centauro o por que de a filha de Hades não iria em uma missão com que sonhou.

- Ela não... Ela não se sente muito confortável na companhia de Pólux. – Anabel disse.

- E quem é esse Pólux? – Quíron perguntou, confuso. – Vocês nunca me disseram nada sobre um Pólux.

Nós três olhamos para Aurora e ela suspirou. Contou ao centauro a história de como ele a havia raptado ano passado e como ela sentia que, mesmo que ele tivesse feito o que fez com ela, elas não podiam deixar de ajudar um semideus em perigo.

- Tudo bem. – O diretor de atividades do Acampamento suspirou. – Mas por que Hades capturou Pólux?

Outra vez, nós três olhamos para Aurora.

- Eu não sei! – Ela gritou, irritada. – Só sei que ele está lá e a gente tem que ajudar.

Quíron observou enquanto eu me aproximei de Aurora e peguei a mão dela.

- Vamos fazer o possível. – Sussurrei.

Não tive certeza se Quíron havia me ouvido ou não, mas o estresse de Aurora pareceu tê-lo comovido. Ele concordou de leve com a cabeça.

- Vocês podem ir. – Ele decidiu. – Depois do almoço.

- Obrigada, Quíron. – Aurora sorriu para ele. O centauro sorriu.

- Sem problemas, criança. – Ele assegurou, antes de se virar para o restante de nós. – Mas vocês três, tenham cuidado. O Submundo é um local traiçoeiro.

***

Aurora e Felipe caminharam com a gente até a arvore de Thalia depois do almoço. Anabel, Perla e eu tínhamos, cada uma, uma mochila com curativos, ambrosia, néctar e algumas barrinhas. Minha adaga estava presa ao cinto de minha legging e a espada de Perla também estava guardada. Anabel girava o anel no dedo. Estávamos prontas.

- Sinto muito não estar indo com vocês. – Aurora se desculpou pela milésima vez naquele dia.

- Não tem problema. – Eu respondi, também pela milésima vez. – Nós entendemos.

Ela sorriu para mim.

- Tá legal. Tomem cuidado. E mais uma coisa. Tem outra parte do meu sonho que eu não contei para vocês.

- Ai, deuses... – Perla murmurou.

- Não, eu acho que é uma coisa... Boa. – Ela franziu as sobrancelhas, como se não tivesse certeza se "boa" era o adjetivo que estava buscando. – Pelo menos, eu acho que vai ajudar. Eu espero...

- O que é? – Anabel perguntou.

- Eu acho que sei como vocês conseguem entrar no Submundo. – Ela respondeu.

- Como? – Perla perguntou.

- No meu sonho, eu vi o metrô da meia-noite da Crosstown Line. – Ela disse. – Não tinha ninguém lá e meu eu do sonho entrou no ultimo vagão. Tinha uma portinhola no fundo, perto do chão. Eu acho que é uma passagem.

- Por que o Submundo teria uma entrada pelo metrô de Nova York? – Eu franzi as sobrancelhas.

- Bom, eu acho que faz sentido... – Anabel deu de ombros. – Quando eu morava no Queens, uma das lendas urbanas mais famosas era a do metrô da meia-noite. Diziam que era assombrado, ou sei lá.

- É verdade. – Perla concordou com a cabeça. – Diziam que quem entrava no ultimo vagão à meia-noite nunca mais voltava.

- Maravilha. – Eu sorri, sarcástica. – Não voltar era exatamente o meu plano.

Aurora riu.

- Vocês vão voltar. – Ela assegurou. – Sempre voltam.

Nós sorrimos para ela e nos despedimos. Felipe, que estava em silêncio até agora com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans, se virou para mim com um sorriso discreto.

- Boa sorte. – Ele disse. Eu lhe respondi com um aceno da cabeça.

- Bom, agora que já dissemos nossos "até logos", acho que podemos ir. – Perla disse.

Anabel olhou para o Acampamento e suspirou.

- É. – Ela decidiu. – Acho que podemos ir.

O metrô da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora