Capítulo 17 - Perla

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Eu o encarei.

Ele me olhava de maneira confusa. Fiz sinal para que ele permanecesse em silêncio. Avancei um pouco, agachada, e parei perto da parede. Escutei passos, sem barulho de garras, menos mal... Menos chance de ser um monstro. De repente, olhei por uma fresta na parede que estava a uns cinco centímetros do chão. Então, eu os encontrei. A minha salvação. O all-star preto de cano longo que eu conhecia tão bem.

Me levantei e corri até eles. Não pude parar a tempo, mas isso não importava. Corri até ela e a abracei. Nós duas caímos juntas no chão. Ela rapidamente saiu de meus braços e se colocou em posição de luta. Então me encarou.

- Perla? Graças aos deuses você está bem!

- Aurora! O que você está fazendo aqui? – Perguntei, antes de olhar a meu redor. – Vocês... Na verdade.

Percy e Felipe sorriam para mim, mas seus olhares ainda estavam cheios de preocupação. Meu meio-irmão veio até mim e me abraçou.

- Felipe teve um sonho. Ele viu que vocês corriam perigo, então viemos. – Ele respondeu.

- Quíron mandou reforços! Graças aos deuses! – Eu comemorei.

- Na verdade... Quíron não nos mandou. – Aurora comentou.

- Como assim? Vocês fugiram?

- Sim.

Eu ri. De repente, todos começaram a me encarar de modo estranho. Recuei um passo e então, esbarrei em Harry. Dei um salto com o susto. Só então me dei conta... Eles não se conheciam.

- Pessoal, esse é Harry. Harry, esses são, Percy, Aurora e Felipe.

Ele me olhou de modo sugestivo, como se perguntasse: "Eles também são semideuses?".

- Sim, são sim. – Respondi em voz alta.

Ele os encarou, maravilhado.

- Ele deve ser seu irmão, certo? – Perguntou, apontando para Percy. – As mesmas características.

Eles me olharam surpresos, mas ao mesmo tempo bravos. Dei uma risada forçada para disfarçar o nervosismo. Eu sabia o que eles queriam me dizer. Principalmente Percy. Antes de eu sair de férias com a minha mãe ele me disse que eu ser semideusa era um segredo. Ninguém podia saber.

Mas ele me forçou a contar! Harry me forçou! Na verdade... Não, mas... Só escapou.

- Então... – Começou Felipe. – Você...

- Conheço meu pai e minha mãe. Eu sou mortal e eu sei o que vocês todos são. – Harry completou a pergunta silenciosa do filho de Hades.

- Você é mortal? Mas o que você está fazendo aqui? – Aurora perguntou, indignada.

Ele me encarou. Balancei discretamente a cabeça. Não queria que eles soubessem que Harry estava aqui por que ele havia nos seguido. Ele entendeu, por isso disse:

- Eu... Hã, não sei... Eu meio que... Acordei aqui? – Ele deu de ombros se fingindo de bobo e me encarando querendo saber se havia sido convincente. Eu não sabia, mas Aurora me tirou a dúvida.

- Hades te raptou também? Um mortal? Ah, ele vai ver só...

- Enfim... – Eu disse tentando mudar de assunto o mais rápido possível. - Como nos acharam?

- Na verdade, você nos achou. – Felipe respondeu.

- Hum... E o sonho? Como foi? Você viu onde as meninas estavam?

- Não. Vi que elas estavam em uma gaiola. Elas estavam com medo de alguma coisa, mas eu não pude ver o que era.

- Eu sei o que era. – Eu suspirei.

- Então o que...

- Parecia um cachorro, mas era maior, mais magro e ele atrai as pessoas imitando a voz de alguém especial pra elas. – Harry respondeu por mim, empolgado, como sempre, apesar de isso poder ser a causa de sua morte.

Os outros me encararam. Eu ri e dei de ombros. Adorava o entusiasmo daquele menino. Os brilhantes olhos dele me encararam por um segundo. Queria saber se havia feito algo errado. Eu sorri para ele, despreocupadamente e ele retribuiu. Ele formava covinhas nas bochechas quando sorria. Olhei para meus amigos e perguntei:

- E agora? O que vamos fazer?

- Bem... Nós te encontramos andando sem rumo por aí, podíamos tentar simplesmente...

A fala de Felipe foi cortada por um grito estridente que veio à nossa direita, um pouco ao longe.

- Giovana! – Ele gritou, começando a correr em sua direção.

- Pare! – Gritei, segurando em seu braço. – Pode ser um dos monstros.

- Não. É ela. Eu sei! – Ele insistiu. - Ela só deu esse grito uma vez, e não foi nada legal o que veio depois disso.


O metrô da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora